Desde março deste ano, quando de fato as nações procederam com o fechamento de suas fronteiras e anunciaram outras medidas de contenção por conta da pandemia, o transporte de cargas aéreo se viu em um cenário jamais vivenciado em sua história.  

Para se ter uma ideia, um levantamento de abril apontava uma redução de 70% de todos os voos no mundo. No Brasil, esse número chegava a 90%, situação essa que obrigou as empresas de transporte de cargas aéreas a se reinventarem da noite para o dia.  

Apesar da normalização gradativa, o setor ainda sente um pouco os impactos dessa turbulência. Mas as expectativas são promissoras para um futuro próximo. Nesse sentido, Izabel Reis, diretora da Azul Cargo Express, nos conta um pouco sobre a sua visão nesse cenário. Vamos conferir?  

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Como o transporte de cargas aéreo enxerga o presente e futuro próximo? 

De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), o mês de setembro já deve representar um ponto importante para a retomada do transporte de cargas aéreo, tendo em vista que a previsão para esse período é de quase mil voos comerciais diários no país, o que deve criar opções para a logística nesse modal.  

Apesar da notícia, indiscutivelmente, a pandemia trouxe adaptações e lições, que até em então pareciam impensadas no setor de transporte de cargas aéreo e que, até o momento, são levadas em consideração nas operações.  

Como bem destaca Reis: “Em uma crise, temos também oportunidades. Com a pandemia, aprendemos que sempre podemos fazer diferente e coisas nunca autorizadas ou ainda discutidas em épocas de transporte normal foram levantadas e são trabalhadas. Exemplos disso são os voos efetuados para a China, em que transportamos insumos nos bancos de passageiros das aeronaves”. 

Em relação a um futuro próximo, a diretora da Azul Cargo acredita em um horizonte próspero para o setor. Boa parte disso se deve a novas tendências e mudanças no perfil de consumo das pessoas.   

“Vejo o transporte de cargas aéreo bastante promissor, já que o mundo não será o mesmo no pós-pandemia e a logística de produtos não tem como parar. As pessoas usam ainda mais o e-commerce e querem prazos de entrega cada vez menores, o que só é possível pelo modal aéreo”, observa. 

“Além disso, temos toda a cadeia de abastecimento, que volta aos poucos, conforme as cidades se reorganizam no retorno às atividades. O transporte aéreo é mais rápido e seguro, então os fabricantes de produtos de maior valor agregado também demandam muito mais essa opção”, analisa a especialista.  

Como o setor pode seguir contribuindo com a economia nacional e global?  

Para Reis, os impactos da pandemia no transporte de cargas aéreo foram intensos no início das ações globais de contenção da doença. 

“O serviço aéreo foi um dos mais afetados na pandemia. Nossa carga é transportada parte nas aeronaves mistas de clientes e cargas e parte nos cargueiros dedicados. Com a pandemia, operamos em abril menos de 10% de voos de clientes, sendo necessário nos adaptarmos rapidamente à situação e criarmos outras formas de trabalho”, relembra ela. 

No entanto, tendo em vista a impossibilidade de paralisação completa e a responsabilidade intransferível da logística aérea, as empresas de transporte tiveram que se adaptar a esse novo cenário.  

De acordo com o que nos conta Reis, as ações e decisões tomadas pelas empresas do setor são decisivas para dar continuidade às operações e, consequentemente, contribuir para as economias dos países.   

Ela ressalta: “Intensificamos nossa malha rodoaérea para não desatender nossos municípios, começamos a transportar cargas nos bancos, bins [compartimentos superiores] e assoalhos de nossas aeronaves e passamos a utilizar nossos aviões quick-change ATR 100% na malha cargueira”.  

E complementa: “Colocamos nossos A330 em rotas domésticas em função da demanda de cargas e, por último, adaptamos uma aeronave Embraer 100% para cargas. No mês de abril, tivemos uma queda de faturamento, mas nos meses seguintes recuperamos o nosso crescimento”.  

Tendências para o setor aéreo e medidas de segurança nos voos

Como bem já havia destacado, nossa convidada arrisca prever um futuro promissor iminente para o transporte de cargas aéreo, que deve se aproveitar das novas oportunidades e de novos hábitos de consumo.  

Porém, ela destaca também algumas tendências atuais e já em uso no setor, especialmente no que se refere aos cuidados e às medidas de segurança nos voos.  

Além disso, em sua fala, a profissional reforça o papel imprescindível da aviação na linha de frente no combate à pandemia e reforça que o transporte de cargas aéreo será essencial na distribuição das vacinas, quando autorizadas pelos órgãos de saúde.

“A logística aérea se adapta para a retomada com todas as normas de segurança para clientes, com máscaras, equipamentos de higienização ultravioletas e álcool gel 70% em todas as aeronaves, entre outras medidas”, explica ela.  

“E, no transporte de cargas, estamos prontos para atender às necessidades para o combate à pandemia, como o transporte de vacinas, quando forem aprovadas. Também estamos nos preparando para a alta demanda do segundo semestre e adaptando mais aeronaves para o transporte somente de cargas”, conclui Reis. 

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