Em 1858, nas ruas de Paris, França, Gaspard-Félix Tournachon, um balonista audacioso e fotógrafo visionário, elevou a arte da captura visual a novos patamares.
Afixando uma câmera a um balão, ele registrou o mundo de cima para baixo, dando os primeiros passos na história da aerofotogrametria.
Entretanto, foi em Boston, dois anos depois, que James Wallace Black e Samuel Archer King alçaram voo, capturando a cidade a partir de 630 metros de altitude.
Batizada de “Boston, as the eagle and the wild goose see It“, essa imagem não apenas redefiniu a perspectiva urbana. Ela lançou as bases para o uso extensivo da aerofotogrametria, inclusive para o trabalho de inspeção de linhas férreas.
Em busca de uma compreensão mais profunda sobre o tema, conversamos com o professor Fabio Caetano de Souza, especialista em logística do Senac EAD.
Veja a seguir as explicações que ele nos trouxe!
Aerofotogrametria: saiba mais sobre a metodologia e seu uso em inspeções de linha férrea
“Aerofotogrametria é um levantamento topográfico que une imagens aéreas e matemática precisa”, explica Souza.
Com câmeras aéreas ou drones, a técnica cria mapas 3D detalhados, revelando a estrutura das linhas férreas e permitindo medições precisas.
“A análise ferroviária se beneficia amplamente”, afirma o professor. Danos, desgaste, obstruções e riscos são identificados eficientemente.
Além disso, “a manutenção é otimizada, economizando tempo e dinheiro”, destaca ele.
A segurança também é prioridade. Souza explica que “a aerofotogrametria detecta ameaças como instabilidades no terreno”, e, para planejar expansões, a técnica oferece visões do terreno circundante, informando decisões estratégicas.
Essa técnica não apenas documenta o presente, mas também registra “mudanças históricas na infraestrutura ferroviária”, observa Souza.
Principais vantagens da aerofotogrametria para o modal ferroviário
De acordo com Souza, a aerofotogrametria na inspeção de linhas férreas traz inúmeras vantagens. Ele destaca que essa técnica oferece ampla abrangência, rapidez e acesso a áreas de difícil alcance.
“Com precisão geométrica, ela detecta danos abrangentes, obstruções e riscos”, diz o especialista. Além disso, a aerofotogrametria permite “monitoramento contínuo, economia de recursos e planejamento eficiente”, ressalta o especialista.
Comparada a métodos terrestres, ela se diferencia em termos de eficiência e precisão. A técnica é essencial para manutenção preditiva, identificando problemas antes que ocorram.
“Monitoramento constante e análise temporal detectam desgastes, trincas e variações na geometria dos trilhos”, explica Souza.
Pontes e túneis também estão sob seu escrutínio. Souza comenta que “nesse sentido, a aerofotogrametria revela problemas estruturais e avalia a integridade da sinalização.”
Equipamentos e tecnologias necessário para realizar aerofotogrametria em linhas férreas
De acordo com Souza, “realizar aerofotogrametria em linhas férreas requer um conjunto específico de equipamentos e tecnologias.”
Ele diz que aeronaves ou drones, câmeras de alta resolução, GPS e softwares de processamento de imagem são essenciais para esta tarefa.
“A coleta de dados envolve imagens aéreas, informações de posicionamento, altitude e orientação”, diz o professor.
Ele também conta que o processo inclui pré-processamento das imagens, georreferenciamento, extração de informações para criar modelos 3D e nuvens de pontos.
Esses dados são então analisados por especialistas e utilizados para gerar relatórios orientando decisões de manutenção e aprimoramentos na infraestrutura ferroviária.
Além da inspeção: outras aplicações da aerofotogrametria no setor ferroviário
Souza acredita que a aerofotogrametria transcende a inspeção de linha férrea, encontrando diversas aplicações no setor ferroviário e suas esferas correlatas.
Ele destaca como a técnica contribui para o planejamento de expansões, gerenciamento de ativos, inspeção de pontes, monitoramento ambiental e muito mais.
“A tecnologia amplia segurança, eficiência e qualidade nas operações ferroviárias”, enfatiza Souza.
Informações precisas embasam decisões em situações variadas, desde avaliações de desastres até o controle de erosão em terrenos íngremes.
Ou seja, a aerofotogrametria não apenas revela a estrutura ferroviária. Ela também abre um vasto campo de possibilidades para moldar um futuro ferroviário mais seguro, sustentável e eficaz.
Impulsionada pela indústria 4.0, a ferrovia também está se reinventando com base em novas tecnologias, como a aerofotogrametria.
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