Segundo a pesquisa ILOS 2022, 76% das empresas logísticas consultadas já utilizam um TMS (Transportation Management System, ou Sistema de Gestão de Transporte), com 87% se valendo também dos benefícios de um WMS (Warehouse Management System, ou Sistema de Gerenciamento de Armazém).

Para compreendermos como essa mudança de paradigma está funcionando na prática e otimizando o chamado “Armazém 4.0”, conversamos com dois especialistas da área:

Gabriel Cazzoto, coordenador da graduação de Tecnologia em Logística do Senac EAD; e Daniel Rocha, Gerente de Logísticas e Mercadorias Perigosas da Henkel na América Latina.

Veja mais do que eles comentaram sobre o tema a seguir!

O que é o Armazém 4.0 e como ele difere dos sistemas de gerenciamento de armazéns tradicionais?

Segundo explica Cazzoto, “o Armazém 4.0 se configura “pelo uso cada vez mais tecnológico das ferramentas de logística para otimizar a manutenção de estoque e distribuição de supply chain, de maneira que a Inteligência Artificial (IA) exerça essa contribuição.”

Falando sobre a experiência na empresa onde atua, Rocha destaca que a Henkel “conta com um processo de digitalização nos processos que, combinado com o TMS, faz a IA da roteirização e nos ajuda a mitigar tais problemas.”

Como a automação, a robótica e a IA estão transformando a gestão de armazéns na era 4.0?

Na opinião do professor do Senac EAD, as ferramentas proporcionadas pelas inovações estão permitindo que a gestão dos armazéns inteligentes seja feita “com cada vez com mais qualidade, trazendo velocidade e produtividade para todo o negócio de gestão logística.”

De maneira semelhante, Roche observa que “os processos estão sendo aprimorados com a inteligência dos robôs, e isso está possibilitando uma maior produtividade e foco nas atividades que agregam valor.” 

Segundo o executivo, isso permite “uma interação mais eficiente com humanos e uma execução mais sofisticada dos processos de armazenagem.”

Como a coleta de dados e a análise preditiva atuam na otimização dos armazéns inteligentes?

Abordando o Big Data, que coleta e disponibiliza uma enorme quantidade de dados em tempo real para tornar as operações do Armazém 4.0 ainda mais eficazes, Cazzoto diz crer que essa já é uma realidade no segmento.

Ele explica que esse movimento “é algo inerente atualmente, com cada vez mais apoios tecnológicos na gestão de logística tanto interna e principalmente externa.”

Rocha, por sua vez, ressalta que “a análise preditiva utiliza técnicas estatísticas de modelização e tem capacidade para gerenciar grandes volumes de informações e machine learning para extrair dados históricos e fazer previsões.”

Ainda segundo o executivo da Henkel, no armazém, essa ação “melhora a gestão de estoque, produtividade e a previsão de alocação de recursos; a análise preditiva pode, por exemplo sugerir quando, onde e quanto atuar, minimizando o risco de excesso ou escassez de recursos.”

Indicadores-chave de desempenho (KPIs) que as empresas devem acompanhar ao adotar uma abordagem de Armazém 4.0

Além de se valer das novas tecnologias disponíveis, é preciso mensurar e atestar se as funções estão alcançando os resultados previstos pela empresa. Neste aspecto, os chamados KPIs e outros indicadores de desempenho são fundamentais.

Conforme Cazzoto afirma, “um KPI de acompanhamento de dados é fundamental, assim como do funcionamento da inteligência artificial no uso da abordagem do armazém 4.0.”

Ainda nas palavras do docente do Senac EAD, “esses KPIs talvez sejam os mais fundamentais, pois qualquer erro pode causar algum mal funcionamento nos métodos automáticos.”

Citando os indicadores utilizando em suas operações cotidianas na Henkel, Rocha comenta que “os principais indicadores que fazem parte da nossa estratégia do armazém são: Incidentes e Acidentes; Acuracidade de inventário; Cumprimento de Lead Time dos processos; Avarias; Custos e Produtividade.”

Como as pequenas e médias empresas podem aproveitar o Armazém 4.0 mesmo com eventuais restrições orçamentárias?

Por fim, pedimos aos entrevistados que oferecessem dicas que podem ser úteis para empresas de menor porte que não tem os mesmos recursos que grandes companhias mas que também querem entrar neste universo do Armazém 4.0.

Para Cazzoto, isso se resume à vontade de aprender mais sobre o tema, buscando estar sempre em dia com as novidades do segmento que podem ser aplicadas de forma menos custosa em diversas áreas de atuação logística.

“O aprendizado das grandes empresas sobre o armazém 4.0 pode trazer para as PMEs uma indicação de como coletar dados e de como utilizá-los de forma manual ao estabelecer o seu estoque”, explica o professor.

Por sua vez, Rocha orienta que “a otimização de custos e maior produtividade são vitais para as companhias, mas em especial nas empresas menores e médias, podem significar a sobrevivência, aumento de competitividade e redução da pegada ambiental.”

“Armazéns inteligentes ‘conversam’ com humanos, que passam a desempenhar atividades mais estratégicas dentro de uma operação. Assim, realiza a distribuição das tarefas de uma forma sequencial, inteligente, sem desperdício e com o menor custo possível”, finaliza o especialista da Henkel.

Se você quer continuar aprendendo sobre o tema, confira agora nosso conteúdo que fala da Inteligência Artificial na logística: sistemas de WMS e TMS!