A 27ª edição da Intermodal South America contou com a presença de autoridades e representantes de entidades do setor, que se colocaram à disposição para debater os desafios e avanços dos modais brasileiros. O COO da Informa Markets, Nicholas Owen, destacou o importante momento de retomada econômica que o país vive e a importância da discussão acerca do custo Brasil. “No ano passado, o custo Brasil consumiu 3% do PIB. O investimento em infraestrutura é a única condição para melhorar isso e posicionar o país como um dos grandes players internacionais. A Intermodal é o principal encontro do setor para esse debate”.

O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, ressaltou a importância humanitária que a aviação e os portos nacionais exercem no Brasil. “Estamos levando 16 dias para entregar alimentos aos ianomâmis, quando isso poderia ser feito em poucas horas, caso houvesse mais infraestrutura na região. A ajuda que chegou ao litoral norte de São Paulo após as fortes chuvas foi enviada por meio do Porto de Santos, o que reforça a importância de termos portos públicos”. 

França reafirmou também a necessidade de investimentos em portos offshore, inclusive para atender às embarcações de grande porte sem a necessidade de altos investimentos em dragagem, além da ampliação da malha hidroviária e a antecipação de estudos sobre condições e mudanças climáticas que possam interferir no setor. 

De acordo com o ministro dos Transportes, Renan Filho, investimento em tecnologia e qualidade para obras estratégicas deve ser prioridade da pasta, bem como a discussão da reforma tributária que afeta o setor. “É preciso restabelecer alguns parâmetros econômicos, pois, hoje, investimos menos de 2% do PIB em infraestrutura, o que é muito pouco dado o tamanho do Brasil. A reforma tributária também deve sair do papel com ajustes que favorecem o desenvolvimento do setor. Teremos em 2023 o investimento de recursos proporcionais a quatro anos para os transportes, o que representa um avanço para a população e para as empresas da cadeia logística”, destacou o ministro.

O diretor geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Eduardo Nery, afirmou que a prioridade inicial da pasta é o desenvolvimento das hidrovias brasileiras. De acordo com o diretor, já está em curso um estudo para a primeira concessão do tipo no país. “Estamos realizando estudos para avaliação da concessão da hidrovia Brasil – Paraguai, que deve favorecer o escoamento da safra e as relações bilaterais entre os dois países. Essa é uma iniciativa precursora na área”. 

Para o diretor geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Rafael Vitale, o evento reforça a importância das discussões sobre a intermodalidade. “Nosso objetivo hoje é de revisitar as concessões que tenham dificuldade de avançar e, também, buscar apoios privados para melhorar o processo de modernização do modal rodoviário, com o compromisso de contribuir para o desenvolvimento do país”. 

Vander Costa, presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), afirmou que a modernização dos modais de transporte, por meio da tecnologia, preservando o meio ambiente é o objetivo desta gestão. “A necessidade de investimentos nos diversos modais de transporte é urgente na diminuição da desigualdade social do país”, afirmou. 

O presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Pedro Moreira, destacou a importância de unir a tradicional conferência logística da entidade à Intermodal. Neste ano, as palestras da conferência integram a grade de apresentações do evento. Moreira também reforçou a necessidade de um manifesto conjunto do setor a respeito das pautas prioritárias para o desenvolvimento logístico do país. “Acredito que podemos aproveitar a presença dos representantes de todos os modais para criarmos, ao final do evento, um manifesto conjunto sobre os pontos estratégicos do setor para ser entregue aos nossos governantes. O Brasil precisa ser multimodal”.  

Também estiveram presentes no evento de abertura Claude Samson, presidente da entidade francesa AFILOG, Mariana Pescatori, diretora presidente da Infra S.A., Josualdo Conceição, diretor presidente da ABTP e Elber Justo, presidente da MSC.

Interlog Summit

O Interlog Summit, novidade desta edição da Intermodal, conectou os temas mais atuais e os desafios do setor através da junção de dois congressos completos: a XXVI Conferência Nacional de Logística, com curadoria da Abralog, e o 1º Congresso Intermodal South America. O objetivo da organização do evento é interligar os debates de toda a cadeia logística. 

1º Congresso Intermodal South America

Agronegócio – O agronegócio foi o tema escolhido para a abertura do 1º Congresso Intermodal South America. Os desafios e as novas fronteiras para o escoamento de granéis agrícolas foram os pontos centrais do debate. O painel foi mediado por Adalberto Tokarski, ex-diretor geral da Antaq, e contou com a participação de Edeon Vaz Ferreira, diretor-executivo do Movimento Pró Logística de Mato Grosso; Flávio T. Acatauassú Nunes, presidente da  Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo  de Cargas da Bacia Amazônica (AMPORT); Gustavo Spadotti Amaral Castro, chefe-geral da Embrapa Territorial e Luís Fernando Resano, diretor executivo da Associação Brasileira de Cabotagem (ABAC). 

Durante a conversa, o chefe geral da Embrapa Territorial apresentou a ferramenta de inteligência territorial do órgão, que permite a tomada de decisões inteligentes por meio de dados de macrologística, especialmente para o Arco Norte, região de alta importância para o escoamento de grãos. O sistema mostra a variação da produção, projeta cenários, analisa as regiões com maior concentração de produções, avalia o escoamento, entre outros. De acordo com Spadotti, a ferramenta é essencial para a priorização de obras e investimentos. 

Os gargalos encontrados para o escoamento também foram amplamente debatidos pelos painelistas, que citam a necessidade de construção e revitalização de rodovias, bem como a implantação da ferrovia Grão-Pará para oxigenar as rotas. Edeon Vaz Ferreira listou a dragagem em rios, o orçamento para investimentos e a capacidade de armazenagem como os principais gargalos a serem trabalhados. O amplo potencial das hidrovias brasileiras e da cabotagem para o transporte de grãos também marcaram o painel. 

Portos – A infraestrutura portuária também foi um dos temas debatidos nesse primeiro dia de evento. Participaram do painel: Cleantho de Paiva Leite Filho, CEO de Terminal Química Puerto México – Grupo Braskem; Ilson Hulle, presidente – Porto de Vitória; Jesualdo Conceição da Silva, diretor-presidente – ABTP – Associação Brasileira dos Terminais Portuários e Angelino Caputo, diretor executivo – ABTRA. A mediação ficou por conta de José Vitor Mamede, diretor executivo – JVM Consultoria Empresarial. 

Um dos destaques do painel foi a nova gestão do Porto de Vitória, Espírito Santo, assumida pela iniciativa privada em setembro de 2022. Ilson Hulle, presidente do porto, explicou que o novo modelo de administração favoreceu novos contratos e atendeu a uma demanda represada de investidores com interesse na região. “Percebemos muitos investidores com intenção de atuar no Porto de Vitória, porém, a burocratização pública impedia os avanços. Agora estamos atendendo esse público”, explica. O porto realizou também uma parceria com a VLI para investimento em malha ferroviária, com o objetivo de aprimorar o escoamento. Esse novo momento do Porto de Vitória, administrado pela Vports, será celebrado com uma nova identidade visual da marca, que será lançada nesta quarta-feira no estande da empresa na Intermodal South America.

O painel debateu também os desafios e os avanços dos portos públicos, a implantação e interligação da malha ferroviária aos outros modais, tecnologias para aumento de capacidade e projetos sustentáveis que considerem as eventuais alterações causadas por mudanças climáticas.

XXVI Conferência Nacional de Logística

A Conferência Nacional de Logística, promovida pela Abralog, com apoio da Intermodal, chega a sua XXVI edição, em 2023. O evento é referência para as necessidades e tendências logísticas das empresas e também em relação às soluções que o segmento demanda em seu  dia a dia, afinal, a logística tem forte protagonismo no desenvolvimento econômico brasileiro. 

Logo na abertura da XXVI Conferência Nacional de Logística, foi lançado o Selo de Mobilidade Segura, um programa de certificação desenvolvido pelo Observatório Nacional de Segurança Viária, com o apoio da CNT e SEST SENAT. Voltado a fortalecer os processos de segurança viária a fim de reduzir a mortalidade no trânsito, o Selo promove o comprometimento com a qualidade dos serviços oferecidos e a gestão do transporte. Participaram do lançamento a diretora-executiva nacional SEST SENAT, Nicole Goulart e o CEO do Observatório, Paulo Guimarães.

Na sequência, foram debatidas as perspectivas e tendências na infraestrutura e logística do transporte nacional, em uma mesa mediada por Pedro Moreira, presidente da ABRALOG. Vander Francisco Costa, presidente da CNT – Confederação Nacional do Transporte, abriu os trabalhos falando sobre a verba destinada à infraestrutura do país para este ano e a necessidade de se construir uma base modal equilibrada, inclusive com o olhar para as novas demandas mundiais, como a da sustentabilidade. 

Já o senador Wellington Fagundes, presidente da Frenlogi, falou sobre os desafios da modernização da malha, além da necessidade de revisão e renovação dos contratos de concessão para garantir a segurança e continuidade do processo.  

Roberto Oliva, do Conselho Deliberativo da ABTP – Associação Brasileira dos Terminais Portuários, ressaltou a importância de se olhar para a manutenção da infraestrutura no país como política de Estado, independente do candidato que vença uma eleição para haver a segurança jurídica necessária para os investimentos e, ao mesmo tempo, a independência das agências reguladoras. 

O deputado Edinho Bez, diretor de Relações Institucionais da Frenlogi, afirmou que o Brasil ainda é o melhor país para se investir, mas que esse investimento realmente depende de segurança jurídica. “Os investimentos são de longo prazo, assim como as regras precisam ser”, comentou. No que Fernando Simões Paes, diretor executivo da ANTF – Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários concordou e completou: “o Estado precisa ser, às vezes, o indutor desse processo de renovação”.

Cases de sucesso

A G2L, empresa fundada em 2018, por um processo de empreendedorismo da Gerdau, nasceu com a proposta de se tornar o melhor operador logístico digital do país, oferecendo serviços sustentáveis, soluções seguras e com foco no cliente. Os executivos da empresa, Marcelo Tavares e Ricardo Daizortto, participaram do evento para contar este case de colaboração na integração de fluxos logísticos.

Outro case de sucesso apresentado no Interlog Summit foi o da A.P. Moller Maersk, que falou sobre o primeiro terminal de contêineres dentro da cidade de São Paulo. Inaugurado em março de 2022, o terminal se encontra em uma área central da cidade, no bairro da Água Branca, de onde opera uma linha ferroviária de cargas integrado ao modal rodoviário, e ainda realiza a movimentação de contêineres, armazenagem, serviços depot e cross docking. 

Segundo os palestrantes, a tendência do mercado em migrar o transporte para modais mais sustentáveis em termos de emissões, já apresentou resultados em apenas um ano de operações do terminal. O resultado: 3 mil contêineres movimentados em um ano, redução de 150 toneladas de emissões de CO2, nenhuma avaria ou sinistro, nível de entrega (OTD) de 95% e, ainda, redução de custos.  Participaram dessa apresentação Fernando Camargo, Head of Landside Transportation – A.P. Moller Maersk e Igor Sotcker, Logistics Solution Manager – A.P. Moller Maersk.

Encerrando o primeiro dia do evento foram abordadas as tecnologias e fontes alternativas de energia para o transporte, painel em que os convidados falaram sobre o estágio atual e onde se pode chegar. 

Bruno Batista, diretor-executivo da CNT – Confederação Nacional do Transporte, traçou uma linha histórica, desde que os cavalos eram o principal modal de transporte, mostrando o momento de alteração para os veículos. “Tecnologia, eficiência e até mesmo sustentabilidade foram os agentes da mudança e voltam a ser nos dias de hoje em que não se fala mais em melhoria em motores de arranque ou carburação, e sim em biocombustíveis e eletrificação dos veículos”, afirmou. Ramon Alcaraz, CEO da JSL S.A. falou sobre os gargalos para uma mudança definitiva nos dias de hoje, como a falta de subsídio para as novas tecnologias, a durabilidade de baterias, entre outros. 

Bernardo Adão, diretor de Suprimentos e Sustentabilidade – Logística da AMBEV comentou que, quanto mais se caminha rumo a essa mudança, mais o ambiente se contamina e vão se criando soluções de apoio. “Ou seja, a mudança, mesmo que gradual, é inevitável”, completou. Anaia Bandeira, Diretora de Logística da Riachuelo, concordou com Bernardo e contou o case da empresa que atua com base na chamada Sobriedade de Transporte, que mescla as soluções rumo ao sustentável gradualmente. “Precisamos dar o primeiro passo, pois somos referências no mercado”, afirmou. Luiz Vergueiro, Diretor Sr. de Operações Logísticas do Mercado Livre disse que a empresa tem olhar na compensação da pegada de Carbono, o que faz com que a busca de soluções para o transporte seja constante. “A tecnologia e o olhar para o sustentável serão os motores dessa mudança”, concluiu.

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