Ambientes esterilizados e cuidadosamente preparados para evitar possíveis infecções e outras situações semelhantes, os hospitais têm sua própria logística, também chamada de logística hospitalar.

O correto transporte e manuseio dos materiais e insumos utilizados em unidades de saúde são de extrema importância, já que um possível erro poderia colocar em risco a integridade de muitos pacientes.

Para entender melhor sobre como funciona a logística em hospitais, conversamos com José Marcuci, Gerente de Aplicações e Vendas da SINTECO Healthcare, multinacional italiana especialista em soluções automatizadas para o setor de saúde.

Vamos saber mais? Confira, abaixo, informações importantes sobre a logística em hospitais!

O que é e como funciona a logística hospitalar?

José Marcuci: A logística hospitalar é o processo de gestão estratégica e racional de aquisição, movimentação e armazenagem de materiais técnicos hospitalares, medicamentos e outros recursos necessários para o perfeito funcionamento da unidade hospitalar – incluindo seus fluxos de informações. 

Trata-se de uma operação integrada, que cuida de suprimentos e distribuição em tempo hábil de materiais, equipamentos e medicamentos requeridos ao atendimento de pacientes nos hospitais. É necessário planejar, coordenar e executar todo o processo, que tem foco na preservação de vidas ou na restauração da saúde dos pacientes, considerando a alta qualidade, custo baixo e o retorno devido à instituição para elevar sua competitividade.

Especificamente sobre a logística de medicamentos nos hospitais, é o tipo de logística que está entre as mais complexas dentro do ambiente hospitalar. Isto porque os medicamentos devem ser tratados como doses unitárias e a forma mais segura e eficiente de criar uma gestão logística é através de uma rastreabilidade total dessas doses. 

Aliás, a rastreabilidade é um dos pilares que permite que a administração de medicamentos nas instituições hospitalares, sigam os cinco passos para promover mais segurança ao paciente. São eles: 

1. Medicamento certo; 

2. Dose certa; 

3. Via certa; 

4. Horário certo; e 

5. Paciente certo.

Quais os principais desafios da logística hospitalar?

José Marcuci: Há vários conceitos para se criar uma logística de medicamentos dentro das instituições hospitalares. E, neste contexto, o maior desafio de todos é entender como essas etapas da cadeia logística de medicamentos podem ser configuradas em um conceito, que esteja o mais alinhado possível com a estrutura do hospital – o que abrange número de leitos, como eles estão dispostos e distribuídos, além é claro de considerar o escopo de atendimento em termos emergenciais. 

É isso é o que vai realmente permitir uma redução de custos, minimização de desperdícios e eficiência logística. A relevância aqui é olhar a cadeia como um todo e não apenas parte dela.

Outros desafios na logística de medicamentos dentro dos hospitais incluem:

  • Demanda no consumo de medicamentos que é uma demanda variável. A pandemia é um exemplo. A Covid-19 fez com que os hospitais revissem os seus estoques para atender a uma demanda emergente de medicamentos necessários para suprir novas necessidades de um novo perfil de pacientes, neste caso, para combater o coronavírus.
  • Há também uma diversidade de fabricantes de medicamentos, que requerem dos hospitais maior interação e conhecimento de seus produtos, para ter um melhor custo benefício – o que pode impactar as receitas da instituição.
  • Medicamentos devem ser unitarizados e isso é um desafio, porque é preciso garantir que o processo de unitarização seja um processo livre de erros, mantendo a máxima integridade das doses. Por exemplo, há processos de unitarização em que o medicamento é retirado da embalagem primária, ocasionando uma redução da sua validade.
  • O controle e a gestão da armazenagem, e da dispensação das doses unitárias na Farmácia Hospitalar é um outro desafio. As boas práticas de gestão de logística prezam pela dispensação FEFO (First Expired First Out). Garantir a dispensação sempre desta maneira é um processo oneroso às equipes, principalmente se for manual. 

Ainda neste contexto, a separação correta das doses unitárias na farmácia hospital é primordial para a segurança dos pacientes. O transporte das doses unitárias da Farmácia Hospitalar até as enfermarias deve ser um processo seguro e controlado em termos de tempo, pois as demandas por medicamentos estão acontecendo o tempo todo dentro do ambiente hospitalar devido às necessidade de atender os pacientes, que requerem o medicamento na hora certa – conforme prescrição médica.

Como otimizar a logística em hospitais? 

José Marcuci: A melhor maneira de otimizar a logística nos hospitais é a partir da integração de todas as etapas do processo dentro de um conceito que seja coerente com a estrutura hospitalar, controlando a movimentação dos medicamentos em todas as suas etapas. E, isso só é viável através da tecnologia e da automação.

Hoje, existem no mercado sistemas de automação capazes de gerenciar todas as etapas de doses unitárias com robotização na unitarização, na armazenagem e na dispensação personalizada dessas doses aos pacientes. Além disso, estão integradas com sistemas de transporte e controle a beira leito, para criar um ciclo fechado e seguro de gestão de doses unitárias.

O CHdN (Centre Hospitalier du Nord), localizado na cidade de Ettelbruck em Luxemburgo, implantou a solução de automação da SINTECO Healthcare para a dispensação de doses unitárias de medicamentos. Com pouco mais de 350 leitos, a tecnologia trouxe segurança e agilidade aos processos, além de tornar a cadeia logística de medicamentos mais flexível para atender necessidades específicas de cada área hospitalar. Os resultados logo apareceram com a redução de 15% na aquisição global de remédios e a otimização de 60% dos recursos humanos da farmácia ao automatizar e desburocratizar processos internos. 

Por fim, o uso da robotização na farmácia hospitalar, traz mais segurança ao agilizar o tempo de separação dos medicamentos, otimizando-o em até 50% quando comparado com um processo totalmente manual. Esse ganho de produtividade colabora para um fluxo logístico mais contínuo e permite reduzir operações de retrabalho. Um exemplo é a gestão das devoluções de medicamentos: em processos manuais a taxa de retorno – que chega a ser de 10% a 15% sobre o volume dispensado -, pode ficar abaixo de 5% com a automação.

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