O avanço da tecnologia e o enorme número de informações que ela traz está causando um grande impacto na logística, fazendo com que os agentes da área busquem se atualizar para otimizar cada vez mais suas operações.

O peso dessas mudanças na tomada de decisões do setor foi o tema de uma palestra especial ministrada por Bart De Muynck, Chief Industry Officer (CIO) da project44, que falou na abertura do terceiro e último dia da Intermodal 2023, realizado nesta quinta-feira, dia 2 de março.

Siga conosco para conferir os principais pontos abordados na apresentação!

Desafios e benefícios da globalização na cadeia de suprimentos

“Quando comecei a Europa era muito diferente em comparação com as Américas do Norte e do Sul. Hoje as economias são muito mais globais, e os desafios são iguais. É algo que nunca vimos, ao menos não na escala que vemos hoje”, refletiu.

O especialista destacou as áreas mais importantes da cadeia de suprimentos rumo à essa atualização, como estoque, custos de transporte, atendimento ao cliente, sustentabilidade, colaboração e automação do fluxo de trabalho.

“Estamos vendo muito mais desafios. E as perguntas se perguntam se as coisas vão voltar ao normal, mas a resposta é que nunca teremos o normal, pois continuamente temos visto mais desafios e disrupções chegando. Então é possível que uma questão se resolva, e outra nova surja”, disse ele.

Para Muynck, fatores como a guerra da Ucrânia mostram que, hoje, uma situação ocorrida em qualquer parte do mundo afeta diretamente toda a cadeia de suprimentos, que precisa ter uma rápida reação diante de adversidades.

Segundo ele, “isso impacta as pessoas que estão importando matérias-primas, então todos estão sofrendo com isso. Se olharmos para os próximos dois ou três anos veremos mais e mais desafios sócio-econômicos e políticos”

Sustentabilidade e mão de obra como chaves para o futuro logístico

“Vemos regulação nova em questões de sustentabilidade, também novos desafios para talento e mercado de trabalho, com muitas empresas buscando os melhores profissionais e não tanto talento novo surgindo”, ponderou o especialista.

Muynck também explicou que há questões tradicionais que preocupam as empresas logísticas hoje, como fluxo de caixa, e que é necessário ter resiliência e novas ideias para manter as companhias em crescimento de forma saudável. Ele detalha:

“Como resolver esses desafios? Começa com pensar de maneira diferente, já que você não poderá mudar as coisas sem pensar de outra forma. A resposta número um não é tecnologia, mas sim ajudar as pessoas a pensarem de outra forma, fazendo mudanças.”

Ainda analisando a questão da mão de obra, o palestrante observou que a nova geração trará mudanças ao setor de supply chain, o que se refletirá em novas culturas empresariais que poderão ajudar a otimizar as operações do setor.

“Outra parte importante é o talento digital, que pode habilitar a mudança e a tecnologia. Quando alguém entra, como um universitário, eles perguntam por que não estamos utilizando determinada tecnologia ou forma de fazer. Claro que a tecnologia tem um papel grande, mas você não faz tecnologia apenas por si só, mas sim como algo para te ajudar nessas questões”, comentou.

Visibilidade e dados para a tomada de decisões na cadeia de suprimentos

Falando sobre a questão da visibilidade, Muynck explica que aspectos como automação auxiliarão nas atividades cotidianas e na coleta de dados, que, segundo ele, podem ser a chave das mudanças que veremos no futuro próximo. Ele afirma:

“Quando comecei na área de logística nós não tínhamos dado nenhum. Tínhamos os caminhões, ligávamos para os motoristas, e multiplicamos a quantidade de dados que temos em 120% com sensores, dispositivos IoT, então é uma grande mudança, e isso só vai aumentar.”

Ainda segundo o convidado, inovações como “machine learning e IA são formas de lidar com esses dados e que não devem apenas dar insights, mas sim ajudar na tomada de ações e gerar impacto nas perdas e ganhos e custos de operação.”

Muynck traçou um paralelo com a Fórmula 1, que antes dependia do carro e do piloto, mas hoje tem condições mais igualitárias e dependem dos dados e estratégia para que uma equipe vença a corrida.

“É importante utilizar esses dados para criar fluxos de trabalho e fazer um melhor planejamento do transporte. Você precisa olhar em qualquer ponto onde você vá e que tenha informações distribuídas para criar valor. Isso pode envolver reduzir os produtos, criar fusões, ter velocidade, etc”, detalhou.

Transformação digital e automação como propulsores do setor

“A visibilidade é uma jornada, não algo que ocorre de um dia para o outro. Quando utiliza-se essas informações você pode tornar suas operações mais eficientes e reduzir os problemas”, salientou Muynck.

Para ele, empresas não devem apenas focar na transformação digital, mas em modelos de negócios diferentes. Muynck aponta ainda que os dados de visibilidade oferecem informações de tempo real que ajudam em soluções diversas no setor.

“Nós temos tantos dados agora que grande parte deles não são úteis. Precisamos limpá-los e usar as ferramentas como IA para melhor utilizá-los”, diz.

Muynck prossegue: “Temos o exemplo dos armazéns onde temos falta de mão de obra, e podemos utilizar tecnologias para sermos mais eficientes. A tecnologia não irá substituir as pessoas, mas nos tornar mais eficientes, além de fazer com que as pessoas gostem mais de seus trabalhos, o que auxilia na retenção.”

Inteligência Artificial (IA) e machine learning na cadeia de suprimentos

Outro ponto abordado por Muynck foi o uso de caminhões autônomos no transporte logístico, que, para ele, poderão auxiliar os motoristas ao invés de substituí-los.

“Se você puder atravessar o país de seis dias para dois dias, isso impacta a localização e quantidade de inventário, o que gera um grande impacto monetário para os transportadores”, destacou.

O palestrante falou ainda sobre a automação de porta das docas, o que permite com que as empresas monitorem o que está entrando e saindo do caminhão, com quantidades e eventuais danos. Tudo filmado e registrado para saber o que ocorreu.

Segundo ele, “a IA tem um grande impacto, e terá um ainda maior no futuro em relação ao talento, porque queremos nos posicionar de acordo com o que está surgindo, e o mesmo com o talento que já temos nas empresas.”

Uso de dados na sustentabilidade das operações logísticas

Comentando sobre a sustentabilidade e programas de ESG na logística, Muynck observou que já há países que têm tomado ações que estão estimulando as empresas a pensarem fora da caixa neste aspecto.

“O que vemos em países como Finlândia, Noruega e Dinamarca são mais ações de sustentabilidade por causa do imposto sobre carbono emitido, e mais incentivos para as empresas investirem em novos meios de transporte.”

Para Muynck, os dados auxiliam também na sustentabilidade, e fator hoje ajuda embarcadores e clientes a escolherem a transportadora a ser utilizada como critério de seleção, o que gera um impacto imediato nas emissões de carbono.

Ele explica ainda que gêmeos digitais também podem ser úteis neste sentido, já que com elas é possível verificar como um determinado veículo está se comportando em termos de emissão. 

O palestrante deu o exemplo dos veículos da Uber, que são roteados a cada corrida sem precisar voltar para um ponto, e que o mesmo poderá ocorrer com entregas logísticas, tornando o processo mais eficiente.

“Na minha opinião, para transportes nós nunca vamos automatizar de fim a fim, mas temos uma grande oportunidade de automatizar parte dos processos”, analisa ele, destacando soluções diversas oferecidas pelo project44 neste sentido hoje.

“Nós temos dados em tempo real, e o que as empresas precisam é tomar decisões em tempo real para ter vantagens competitivas. É nisso que estamos trabalhando com parceiros, aplicativos, planejamentos e controle para fornecer esses dados em tempo real”, concluiu.

Quer saber mais? Fique ligado nas nossas redes sociais e aqui no canal de conteúdo para conferir as próximas novidades da Intermodal!