No mercado da logística, o cross docking é uma estratégia que vem sendo cada vez mais utilizada. Essa metodologia de trabalho está se tornando popular, inclusive, para quem trabalha com comércio exterior.

Para entender mais sobre a prática, conversamos com a economista Talita Brito, que é presidente da Câmara de Comércio Europeia no Brasil e embaixadora na Europa das Zonas de Processamento de Exportações (ZPE), do Estado de São Paulo.

Veja, a seguir, as informações que a especialista nos trouxe sobre o cross docking no comércio exterior.

Cross docking: entenda esse conceito

Ao explicar o conceito de cross docking, Brito diz que: “Trata-se de um sistema para a distribuição de mercadorias, de maneira que, ao chegarem aos centros de distribuição, já exista toda uma infraestrutura para que as cargas sejam separadas e enviadas a seus destinatários imediatamente, ou, no máximo, em 24 horas”

A economista também conta que existem três tipos comuns de cross docking. Saiba quais são eles, na sequência!

Movimentação contínua

Brito define esse tipo de cross docking como o mais tradicional, onde o fornecedor, a transportadora ou o operador logístico recebe os produtos e os envia aos destinatários o mais rápido possível.

O objetivo dessa prática, de acordo com a especialista, é evitar qualquer acúmulo em estoque.

Movimentação consolidada ou híbrida 

Essa modalidade de cross docking intercala a distribuição e o envio imediato de parte da carga com o direcionamento de alguns itens ao estoque. O objetivo é que sejam combinados a outros produtos que completam o pedido do cliente.

“Enfim, trata-se de quando nem todas as mercadorias chegam ao mesmo tempo e se espera para fazer uma única remessa”, explica Brito.

Movimentação de distribuição

Esse tipo de cross docking normalmente é utilizado no modelo, ou seja, entre empresas.

“A ideia é separar os pedidos de um único cliente, que tenham volume suficiente para preencher a capacidade do veículo — as chamadas cargas FTL (Full Truck Load)”, comenta a presidente da Câmara de Comércio Europeia.

No que se refere aos setores que mais usam o cross docking, Brito acredita que as empresas do ramo farmacêutico, alimentício e de varejo lideram os rankings.

Benefícios do cross docking para o comércio exterior

O principal benefício do cross docking para o comércio exterior é a redução de custos com estrutura local robusta de armazenagem, separação e distribuição.

Sobre esse assunto, Brito disserta: “Em uma operação logística na modalidade cross docking, os fornecedores entregam as mercadorias em um conjunto de docas, enquanto a equipe do armazém do operador logístico ou transportadora local, separa e organiza as cargas de acordo com os pedidos. Em seguida acomoda os lotes nos veículos de entrega para seguirem viagem para entrega nos destinos finais”.

E completa: “Nesse tipo de operação as mercadorias geralmente saem para entrega no mesmo dia, não permanecendo mais do que 24 horas no armazém, que serve apenas como área transitória para separação e manipulação das cargas”. 

O Brasil e o comércio exterior

Na visão de Brito, para o Brasil, as exportações proporcionam diversas vantagens, desde a incrementação do faturamento dos fabricantes e produtores, melhora na rentabilidade e na produtividade e, como resultado, a elevação da qualidade dos produtos. 

A economista conta que, em 2019, nossas exportações geraram divisas (dólares e outras moedas conversíveis usadas em transações internacionais) de US$ 224,018 bilhões, de acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

As técnicas de cross docking podem ser usadas nesse sentido, para melhorar ainda mais as operações brasileiras no comércio exterior.

Conhecer novos termos na logística é sempre muito interessante para quem aprecia essa área. Você já ouviu falar em last mile? Temos um artigo que conta tudo sobre essa etapa dos serviços logísticos. Confira!