Mudanças climáticas, transição energética, inclusão social, diversidade e prestação de contas: todos esses fatores estão incluídos em uma simples sigla: ESG. Um dos aspectos mais importantes em qualquer empresa atualmente, esse foi o tema do painel de encerramento do segundo dia da 28ª edição da Intermodal South America, em São Paulo.
Quem explicou as regras ambientais, sociais e de governança que norteiam esse setor – Environment, Social e Governance, na sigla em inglês – foi o CEO da G2L Logística, Marlos Tavares. “Melhorar a relação com as comunidades em que estamos inseridos, e certamente afetamos, não é romantismo, e sim uma prioridade. A abordagem pode ser simples, mas o desafio é complexo. Trata-se da discussão de como a sociedade civil pode firmar uma relação mais igualitária entre classes sociais e em interações mais diversas e solidárias com o outro”, explicou o executivo.
Maior organizadora de feiras corporativas do mundo e responsável pela Intermodal, a Informa Markets esteve representada pela vice-presidente de Audience Xperience and Sustainability, Araceli Silveira, que exaltou a sucursal brasileira da empresa, destaque mundial em atingimento de metas ESG. “Para mim, governança é não apenas ter iniciativas, mas o direcionamento para o cumprimento das mesmas. Somos bem-sucedidos porque o engajamento dos funcionários é impressionante, eles entendem as metas como sendo deles, objetivos pessoais como cidadãos. Não se atingem melhorias sociais e ambientais sem pessoas querendo fazer a diferença”, afirmou Araceli.
Relatório da ONU deu origem ao termo ESG
O painel “ESG na Logística: Estágio Atual, Desafios e Oportunidades” foi realizado durante o 2º Interlog Summit e discutiu o estágio das jornadas e roadmap de desenvolvimento de ESG das empresas brasileiras. Com mediação do presidente da Abralog, Pedro Moreira, a discussão ainda abordou outros temas relevantes para o setor da logística, que é responsável por 13% no PIB do nosso país e passa por uma forte onda de investimentos do setor privado – segundo a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABdIB), o ciclo de investimentos de 2022 a 2026 em transporte e logística pode passar dos R$ 124,3 bilhões.
O diretor-executivo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Bruno Batista, lembrou que as preocupações com sustentabilidade e governança nas empresas datam de apenas 20 anos atrás, quando a Organização das Nações Unidas definiu os parâmetros que conhecemos hoje. “Acho importante lembrar da origem, que foi relatório da ONU sobre investimento sustentável chamado Who Cares Wins, de 2004. E as empresas não se mobilizaram imediatamente, passaram-se 13 anos até que tivesse um impulso e uma aceleração, isso porque a questão ambiental se tornou perceptível. Em 2018, grandes fundos de investimento alertaram para o risco de não adotar o ESG, e empresas de consultoria e desempenho como a Ernst & Young se uniram para definir parâmetros de mensuração de cumprimento da meta. Foi só a partir daí que começamos a ter um jogo concreto, com um modelo amplo de atuação”, lembrou o executivo da CNT.
Enquanto nas companhias de capital aberto “as regras de governança não são muito claras”, como disse durante o debate Marcelo Lopes, diretor-executivo de Supply Chain do Carrefour, segmentos mais fechados como o mercado imobiliário ainda carecem de padrões de ESG bem estabelecidos, e segundo o diretor de Investimentos e Infraestrutura da GLP Capital Partners, Danillo Matos, o caminho é “incentivar através de acordos de acionistas e de compliance, incluindo treinamento de fornecedores e a criação de canais de denúncia”.
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