Um dos primeiros paineis da Intermodal 2024 abordou um assunto inevitável e que tem o potencial de transformar esses setores. É claro que estamos falando da Inteligência Artificial, tecnologia que já está sendo usada, por exemplo, para otimização de rotas de entrega, análise de estoque, previsão de demanda e redução de custos com combustível.
Quem apresentou esse panorama para o público do TI Innovations, espaço de palestras abertas da Intermodal, foi o fundador da RoutEasy e representante da plataforma de open-logistic Nstech, Caio Reina, durante a palestra “Inteligência Artificial na Logística”.
Mestre em Engenharia de Transportes pela USP, o especialista mergulhou nos primeiros estudos usando IA, que remontam à época da Conferência de Dartmouth, projeto que reuniu dezenas de estudiosos como John McCarthy e Marvin Minsky nos Estados Unidos, ao longo de oito semanas em 1956, e é considerado o evento que criou a área de pesquisa sobre Inteligência Artificial.
O histórico da Inteligência Artificial
Caio Reina fez um paralelo entre a Terceira Revolução Industrial – também conhecida como Revolução Informacional que aconteceu no início do século 20 – com o início das aplicações da IA na indústria a partir de 2010, o que segundo ele seria a “Quarta Revolução Industrial”:
“Na logística, todos os problemas são de otimização, buscando reduzir o custo ou melhorar o serviço. Para que um modelo de otimização seja aderente à prática, ele precisa ter objetivo, regras e soluções, que pode ser uma solução global ou várias soluções factíveis. Acontece que esses problemas são de natureza exponencial, por exemplo: uma rota para dois veículos com quatro pontos de entrega resulta em 288 possibilidades, e levaria semanas para que um humano calculasse a melhor. Por isso se usa a Inteligência Artificial”, explicou o especialista.
Os experimentos de Alan Turing e Nathaniel Rochester
O representante da Nstech, Caio Reina, ainda relembrou dois experimentos realizados nos anos 1950 que deram as bases para o desenvolvimento da Inteligência Artificial.
Um deles tem a ver com um esporte: o xadrez. Foi quando o matemático Alan Turing desenvolveu um algoritmo capaz de movimentar as peças, e realizou um experimento em que um humano deveria ser capaz de distinguir se estava jogando contra outro humano ou contra uma máquina. Outro exemplo foi o de Nathaniel Rochester, cientista da computação que liderou a equipe da gigante IBM no desenvolvimento do Logic Theorist, um dos primeiros programas a demonstrar capacidade de raciocínio.
Inteligência Artificial na logística
Segundo Caio Reina, experimentos como esses criaram um modelo para que qualquer projeto de IA fosse aderente à prática, tendo um objetivo final, regras claras para serem seguidas pela máquina, e soluções factíveis ao final. Ele explicou como esse formato já está sendo usado em grandes empresas de logística e transporte no Brasil atualmente:
“Para o gerenciamento de estoque, a IA pode prever a demanda de produtos em diferentes locais, reduzindo o risco de ruptura ou excesso de estoque, especialmente para grandes varejistas. Ela irá analisar fatores como o histórico de vendas, a sazonalidade, a concorrência e eventuais promoções. Outra aplicação possível é para criar uma tabela de frete dinâmica, que ajuste os preços de acordo com o histórico de entregas. Operadores logísticos e transportadores poderão comparar o prazo estimado com o real, e otimizar as rotas de origem e destino”, afirmou o representante da nstech.
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