Tornar o transporte sobre trilhos cada vez mais eficiente e inclusivo é uma das principais metas das grandes cidades do mundo. Pensando nisso, a NT Expo 2023 realizou o debate “Desafios na revitalização e expansão de trens de passageiros e metrô em regiões metropolitanas”.

Mediado por Luis Kolle, diretor-presidente da AEAMESP – Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô, o painel teve a participação dos convidados:

  • Carlos Aprile, representante do Projeto de Modernização do Transporte Ferroviário de Passageiro em Buenos Aires;
  • André Costa, CEO do CCR Metrô Bahia e VLT Carioca;
  • Jaime Juraszek, CEO da Concessionária Linha Universidade S.A. – Linha 6 Laranja do Metrô de SP.

Continue acompanhando este artigo e confira as opiniões dos especialistas!

O case da nova linha Mitre, em Buenos Aires

Carlos abriu o painel com uma apresentação sobre a modernização da linha Mitre, uma das mais importantes do Metrô de Buenos Aires, que envolve melhorias no sistema elétrico e nos entornos das estações, entre outros aspectos.

“Esse projeto é multidisciplinar, com financiamento do Banco Mundial e do Tesouro Nacional, com investimentos de aproximadamente 380 milhões de dólares. Há uma equipe grande de profissionais trabalhando na linha, e eu atuo como um comunicador de toda essa equipe”, relatou.

Ele prosseguiu oferecendo mais detalhes: “O projeto tem sete pontos: os dois primeiros são a modernização da infraestrutura em Tigre, a melhoria do sistema elétrico nessa área, que fica mais ao Norte.”

Aprile revelou ainda que a obra também contará com duas novas estações, envolvendo também a construção de plataformas elevadas, escadas rolantes e obras civis que vão ajudar a melhorar a integração e a intermodalidade da linha.

“Essa parte conta com a construção e melhora das zonas próximas das estações, que foram renovadas recentemente, mas os acessos ainda não estão 100%, e por isso foram incluídas no projeto, que leva em conta também a lei para inclusão de pessoas com mobilidade reduzida”, comentou ele.

Expansões e integração multimodal em Salvador e no Rio de Janeiro

Falando na sequência, André Costa abordou as ampliações que a CCR tem feito no Metrô de Salvador e no VLT do Rio de Janeiro.

“No Metrô da Bahia nós estamos recebendo do governo do Estado uma ampliação de cinco quilômetros, hoje ela tem 33 quilômetros com 20 estações, e agora será expandido com mais duas estações em um aumento de quase 20% da malha total em uma região que tem um adensamento de cerca de 140 mil pessoas que passarão a ser atendidas com o metrô”, destacou ele.

Costa falou de um estudo feito pela CCR na Bahia que mostrou que o Metrô ajudou a reduzir o tempo de viagem das pessoas em 18 dias úteis por ano, um grande avanço para auxiliar no deslocamento urbano da metrópole nordestina.

“Quando falamos da expansão de um sistema de transporte sobre trilhos como é o metrô, nós estamos falando do desenvolvimento da região, do impacto gerado, pois isso gera empregos e impulsiona o PIB, então uma expansão tem um impacto enorme”, ressaltou.

O especialista também falou sobre as novas obras em curso no Rio de Janeiro, que devem trazer melhorias para o transporte naquela que é a segunda principal metrópole e centro financeiro do Brasil.

“No Rio de Janeiro com o VLT na região central transportamos cerca de 80 mil passageiros, ele está integrado com as barcas, com a rodoviária, com a Central do Brasil, passa em duas estações do Metrô, então ele é um sistema que alimenta outros sistemas modais”, observou.

Costa continuou: “Estamos agora com uma expansão junto com a prefeitura para o terminal de integração Gentileza, que é uma obra nossa e que vai conectar o BRT Transbrasil até a região central, trazendo esse público para o VLT no centro.”

Segundo ele, “esse é outro projeto que mostra como a intermodalidade e o transporte público sobre trilhos podem e devem contribuir para a mudança na vida das pessoas e a economia da região.”

Os destaques da nova linha 6 Laranja em São Paulo

Também participando do evento, Jaime Juraszek falou sobre a nova linha da cidade de São Paulo, a Linha 6 Laranja, que representará em expansão cerca de 15% da malha atual do Metrô da capital paulista.

“É uma linha que vai ter 15,3 km, com 15 estações, unindo a Zona Norte desde a estação Brasilândia até o centro na estação São Joaquim. Então ela tem três conexões, uma com a linha 7 da CPTM na estação Água Branca, depois em Higienópolis com a linha 4 do Metrô, e em São Joaquim com a linha 1 Azul do Metrô”, relatou.

Ele destacou que a nova linha tem previsão de transportar 633 mil passageiros diariamente, representando uma importante alternativa de transporte para várias regiões da maior cidade do país.

“Para se ter uma ideia, se você sair hoje de ônibus da estação da Brasilândia até a estação São Joaquim você vai levar uma hora e meia, e quando a linha estiver operando esse tempo será de 23 minutos. Então você pode contabilizar que, para quem faz o trajeto de ida e volta todos os dias, será uma economia de 2 horas e 40 minutos que, multiplicados pelos dias dos meses, é muito tempo poupado.”

Falando sobre os desafios, Juraszek apontou aspectos como os investimentos financeiros, que nessa nova linha em específico chegará a aproximadamente 15 bilhões de reais. As questões burocráticas também foram lembradas por ele.

Ele comentou que a parceria público-privada foi a maneira encontrada para viabilizar isso, colocando o concessionário responsável pela construção e operação do ativo, o que traz vantagens, pois a empresa torna-se responsável em fazer a obra da melhor maneira para que a própria a administre.

Ao longo do painel, os participantes também trocaram experiências e opiniões sobre como podemos seguir avançando na qualidade e expansão dos trens e metrôs em regiões metropolitanas. Acesse a plataforma da NT Expo e confira na íntegra!