Realizada no ano passado, no Egito, a COP-27 reuniu representantes de diversos países para discutirem ações de melhoria ambiental, entre elas a descarbonização. Conforme debatido no evento, todas as nações representadas se comprometeram em realizar ações para diminuir a dependência de combustíveis fósseis.

Nesta toada, a NT Expo 2023, realizada recentemente na capital paulista, teve como um de suas apresentações a palestra com tema “Descarbonização do setor ferroviário: Bio CNG & LNG e hidrogênio”, ministrada por Valdis Splaks, gerente de Desenvolvimento de Negócios do Digas Group.

Veja abaixo o que ele comentou sobre as iniciativas que a companhia que representa tem aplicado para auxiliar o setor ferroviário neste aspecto!

Retrofit como solução na adaptação de trens movidos a diesel

Splaks abriu sua fala comentando que 70% das locomotivas atuais na Europa ainda são movidas por diesel, com tempo de vida útil de 30 anos, podendo chegar a até 50. Segundo ele, isso pode ser um empecilho para a redução da emissão de gás carbônico (CO2) por trem, já que as operadoras podem ser resistentes em substituir as locomotivas movidas à diesel em uso antes do fim de suas vidas úteis.

“Os operadores não estão muito motivados em realizar grandes investimentos se suas frotas ainda estão em utilização. Nossos clientes são principalmente operadoras de trens que atuam nas linhas, e geralmente ouvimos algumas reclamações deles”, refletiu o palestrante. 

Ele prosseguiu: “O primeiro é de que os custos com combustível são muito altos, representando de 60 a 80% de todos os gastos. E nos últimos anos tem havido uma grande pressão dos governantes para realizar essa descarbonização, então as grandes companhias estão criando planos para isso, com as empresas que têm ações na bolsa tendo isso como uma obrigação.”

O representante do Digas Group relembrou que na Europa os governos estão oferecendo subsídios para incentivar essa mudança para o hidrogênio e outros combustíveis mais sustentáveis para trens rumo à descarbonização. Ele explicou:

“Do nosso ponto de vista, nós acreditamos que o retrofit é a melhor opção, porque permitimos que você adapte a locomotiva já existente movida à diesel. Você não precisa investir em uma nova frota ou mudar suas operações, com a diferença de que você pode conseguir um outro tipo de combustível de modo acessível.”

Cases de sucesso da descarbonização de locomotivas na Europa

Continuando, Splaks comentou que a União Europeia realizou um cálculo que mostrou que a transição de combustíveis fósseis para descarbonizados pode ajudar a reduzir as emissões em 40% por locomotiva. Ele apresentou alguns projetos realizados pelo Digas Group em diversos países da Europa, como a Estônia, onde foi realizado um projeto que permite o uso de dois combustíveis para a transição.

“Neste caso, com quatro tanques de LNG, os trens puderam realizar suas atividades tanto com diesel quanto com gás”, informou ele.

Splaks também falou sobre ações realizadas em países como Polônia e Espanha, reiterando que testes e análises são feitas previamente para garantir que os projetos sejam feitos com sucesso na transição energética dos trens. Ele detalhou:

“Nesse caso particular da Estônia, eles tiveram uma economia de diesel em 50%, mas claro que isso foi antes da guerra na Ucrânia começar, e desde então houveram mudanças, mas esse foi o momento em que realizamos o projeto.”

O palestrante ainda apresentou um gráfico que demonstra que as locomotivas estão conseguindo também transportar mais cargas com base no uso de combustíveis descarbonizador, o que impacta também em seus ganhos, além dos benefícios ambientais tão evidentes hoje.

Transição para combustíveis sustentáveis e particularidades de cada país

Abordando mais detalhadamente as soluções da empresa, o palestrante observou que o Digas Group atua da concepção e entrega dos projetos de adaptação dos trens até o acompanhamento da solução em uso.

“A Digas manufatura, cria o design e implementa seus sistemas. Claro que também utilizamos sensores e dispositivos de outras companhias, mas mesmo os tanques de combustíveis e canos são desenvolvidos por nós”, relatou.

Ele acrescentou: “Em um dos casos nós atuamos com uma empresa de aço da Áustria que criou partes da estrutura, realizando todos os testes de segurança que mostraram sua confiabilidade. E em cada país nós realizamos os projetos de acordo com a legislação e normas de cada nação. Cada componente é analisado de acordo com isso, garantindo assim que no fim do dia conseguimos ter a certificação para essas locomotivas.”

Splaks ainda destacou que as locomotivas adaptadas são equipadas com sistema de telemetria que captam e transmitem os dados imediatamente, o que permite verificar o consumo e eficácia dos combustíveis, assim como a operação dos motores, entre outras informações.

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Parcerias com empresas de gás e hidrogênio para o avanço da transformação

Por fim, o especialista também explicou que o Digas Group atua em conjunto com as empresas do setor ferroviário de cada nação, o que pode auxiliar em aspectos como manutenção. Ele afirmou ainda que a companhia tem estreitas relações com as empresas de gás e hidrogênio, o que é um diferencial para essa transformação.

“Os projetos são customizados para cada cliente, então antes de começar nós coletamos informações sobre a frota e como ela opera, o tempo e energia gasto em cada linha, assim como a localização geográfica, dias de operação e valor dos combustíveis, entre outros”, ressaltou.

Ele concluiu: “Depois disso, completamos a análise e oferecemos uma solução completa de acordo com as necessidades deste cliente.”

Para saber mais sobre os cases analisados pela especialista no uso de Bio CNG & LNG e hidrogênio no setor ferroviário, confira a palestra na íntegra pela plataforma exclusiva da NT Expo!