Quando o assunto é a experiência dos consumidores, os marketplaces e varejistas nacionais não medem esforços para melhorar o processo de compra e de recebimento das encomendas, ainda mais agora que o brasileiro adotou um novo perfil de compra no país e se tornou mais exigente com relação a prazos de entregas, opções de devoluções e mais uma infinidade de sub-serviços criados a partir das possibilidades viabilizadas pelo e-commerce.

Com o objetivo de entender como a logística pode atender a este novo perfil de compra do consumidor digital e contribuir para uma melhor experiência do mesmo no mercado de comércio eletrônico, a Intermodal (plataforma de negócios dos setores logístico, intralogístico, de transporte de cargas e comércio exterior), promoveu, nesta terça-feira (19/10), o Intermodal Digital Series – Tech, Varejo e E-commerce, um debate 100% virtual a respeito desta questão. 

Para o CEO da Cotabest, plataforma de compras para estabelecimentos comerciais, Vanderlei Júnior, debates sobre este tema são fundamentais. “Hoje, vemos vários artigos que dizem que a logística – feita com eficiência, rapidez e custo baixo – será o ‘próximo petróleo’, e eu não tenho dúvidas disso. Isso porque é um serviço prestado e mensurado pela qualidade da experiência proporcionada, que é o mais importante para fidelizar um cliente: se a empresa consegue propiciar uma primeira experiência agradável, provavelmente o conquistará; caso contrário, pode perdê-lo para sempre”, disse.

O diretor de logística do iFood, aplicativo de entrega de alimentos, Marcel Alonso, concordou e acrescentou que o tempo de entrega dos produtos é fator determinante para contribuir para uma experiência de compra satisfatória ao cliente. “Realizar entregas rápidas, dentro do prazo prometido, muda o comportamento do consumidor. O tempo de entrega médio do iFood, por exemplo, é de 30 minutos. Mas, quando olhamos para as novas categorias de mercado que estão surgindo, que prometem entregas abaixo de 15 minutos, como algumas redes de fast food, vemos o quanto estamos evoluindo neste aspecto. Claro que isso vai muito de acordo com cada nicho. No varejo em geral, também já é possível pedir um produto e recebê-lo no mesmo dia ou até em questão de horas. E isso é incrível”.

Para o CEO da Cargo BR, plataforma de cotação e contratação de fretes online, Alexandre Félix, o que acontece é que a logística, enfim, passou a ser vista da maneira que deveria. “A pandemia ‘tirou da gaveta’ uma série de projetos que estavam estacionados, esperando a melhor oportunidade para serem lançados. Foi o que aconteceu com a questão de entregas em um dia ou até em horas: isso era um desejo antigo do setor, mas o que faltava era uma demanda concentrada que viabilizasse um preço justo. A partir do momento que se atinge uma alta demanda, o mercado consegue colocar em prática uma série de opções de transporte e soluções para o consumidor que antes eram inviáveis, mas não por déficits operacionais: por questões de custos para viabilizá-lo.”

Por fim, o gerente de produtos da Simpress, líder em outsourcing de impressão e gestão de documentos, Franco Lavatelli, ressaltou que o setor, agora, parte rumo a uma maior integração de dados e do mercado em si. “Nunca se falou tanto em tecnologia e em big data no país como agora. No passado, apenas acumulávamos dados, agora passamos a utilizá-los. Acredito que, no futuro, iremos integrá-los ainda mais e otimizaremos processos e operações. Em breve, a integração de dados será tão corriqueira quanto esperar por uma entrega em menos de 24 horas”, concluiu.

Integração da Cadeia Logística com o Last Mile

Ainda no tema integração, outro painel de destaque do evento digital foi o que abordou a “Integração da Cadeia Logística com o Last Mile”, com o gerente regional de operações de last mile da Loggi, startup focada no desenvolvimento de tecnologias para entregas rápidas via motoboys, Rafael Miranda; e a diretora de transportes da Infracommerce, empresa de soluções digitais para o comércio eletrônico, Glória Porteiro.

Miranda enfatizou os desafios em  atender a altos picos de demanda no last mile, como a Black Friday, uma das principais datas para o varejo no segundo semestre do ano. “Um desafio que todos os players deste mercado terão será equilibrar a geração de capacidade para um momento de pico, de forma que se mantenham eficientes e operando a custos razoáveis, tomando o cuidado de dimensionar essa demanda com precisão”.

Para viabilizar este trabalho e facilitar este equilíbrio, a diretora da Infracommerce, Glória Porteiro, disse que o auxílio da tecnologia, como os sistemas de roteirização, é essencial. “Por meio desta ferramenta, conseguimos saber o que devemos priorizar, como custo, prazo, performance da transportadora, entre outros. Esses itens são variáveis que têm que estar perfeitamente equilibrados. Além disso, usamos a roteirização dentro dos nossos centros de distribuição, mesmo quando atuamos com terceirizados, para um melhor controle e otimização de todo processo, em tempo real”, disse.

“Investimos muito em tecnologias com o intuito de viabilizar operações com custos mais acessíveis. Isso porque sabemos que uma das expectativas do consumidor, além da entrega rápida, é o frete grátis. Sendo assim, precisamos fazer nossas rotas de forma muito otimizada para entregar esses dois pilares primordiais na experiência do consumidor: preço e prazo”, acrescentou a executiva.

Hubs nas comunidades

Quando o assunto é o futuro próximo do last mile no Brasil, o gerente da Loggi diz acreditar que, já em 2022, o aumento da profissionalização deste mercado no país será mais evidente. “Estamos nos acostumando a receber produtos em casa e a tendência é que, daqui em diante, tenhamos experiências cada vez melhores, com mais comunicação com as empresas, de forma mais agradável”, pontuou.

Já Porteiro ressaltou que, por mais que o futuro gere expectativas no mercado, ainda é necessário se preocupar com o básico: os locais que possuem dificuldades para receber produtos adquiridos via e-commerce. “Pensamos muito no futuro, mas acreditamos que ainda falta o básico: há muitas áreas no Brasil sem CEPs ou nas quais as transportadoras não entregam. Queremos criar hubs de entregas dentro dessas comunidades e adotar estratégias que viabilizem o acesso das mesmas ao mercado de comércio eletrônico”.

Para isso, segundo Glória, uma das opções é utilizar pessoas das próprias comunidades para realizar as entregas. “Ou então, podemos criar ferramentas que não necessitem mais de CEP para fazer uma entrega/compra, de maneira que utilizem o GPS do celular ou a geolocalização dos clientes, por exemplo, para realizar uma entrega. Enfim, há uma grande gama de pessoas que ainda não são atendidas hoje pelo e-commerce. Para se ter uma ideia, hoje, a inserção do e-commerce no Brasil é de apenas 9%, ou seja, ainda temos muito a crescer neste segmento por aqui”, completou.

A mediação do debate foi realizada pelo CEO e cofundador da Mandaê, startup especializada em soluções logísticas para pequenos e médios negócios, Marcelo Fujimoto.

A tecnologia como aliada na logística de medicamentos e na segurança do setor

Para finalizar o dia, a programação da Intermodal Digital Series – Tech, Varejo e E-commerce abriu espaço também para debates sobre a importância da tecnologia na logística de medicamentos e vacinas e na segurança do setor de transportes como um todo. Quem falou mais sobre a “A Tecnologia dentro das Operações Logísticas de Medicamentos”, por exemplo, foi o Project Management Officer (PMO) da RV Ímola, uma das principais operadoras logísticas do país especializadas no setor farmacêutico, Guilherme Cunha.

Já na pauta “Tecnologia, Gestão e Pessoas: Gerando Cultura de Segurança no Transporte”, a conversa foi com o diretor de road safety downstream da Raízen – empresa integrada de energia que atua nos setores de produção de açúcar e etanol, na distribuição de combustíveis e na geração de energia – Tibério Pereira.

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