No painel “Trilhando o Futuro: Inovações e Tecnologias na Operação Ferroviária de Carga e Passageiros”, o Presidente da Abifer – Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, Vicente Abate, destacou que o setor ferroviário brasileiro, na ociosidade por décadas, está se preparando para a retomada. O mediador listou pontos enviados pelo Presidente da CAF, Renato Meirelles, como a necessidade de um plano de estado, não só para passageiros, como de carga, e a importância da atuação de uma autoridade metropolitana de trilhos, como existe em outros países.

Transporte de cargas por trilhos

“Não tem ferrovia no Brasil para mercado interno – é disruptivo a formação do Double Stak”, analisa o Presidente da Brado Logística, Marcelo Saraiva.

Nesse projeto desenvolvido pela empresa é possível transportar dois contêineres de 40 pés ou até dois contêineres de 20 pés e um de 40 pés no mesmo vagão, o que otimiza em 40% a eficiência da operação logística multimodal. O empresário falou sobre a nova rota comercial que conecta Anápolis (GO) ao porto de Santos através da ferrovia Norte-Sul e da malha paulista.

Essa nova operação inaugurada no final de 2023 contempla exportação e importação destinadas ao estado de Goiás, Sul do Tocantins e sul da Bahia. O transporte por contêineres permite diversos tipos de carga, desde agronegócios até industrializados, como por exemplo, eletrodomésticos de linha branca destinados para as populações locais. “O plano da Brado é consolidar a interligação dos modais e a ferrovia alcançar Tocantis – Anápolis – Campinas, somando 2.700km. Queremos fazer o máximo possível no mercado interno e os contêineres nas ferrovias já é uma realidade”, diz.

Trilhos para todos

Já no setor de passageiros, o Consultor de Operações Comerciais da Marcopolo Rail, Daniel Rodrigues Souza, destaca o sistema Aeromóvel produzido pela companhia que deverá começar a operar no Aeroporto de Guarulhos nos próximos meses.

A Marcopolo Rail produziu os três veículos, compostos por dois carros cada. A fabricante assinou o contrato com o Consórcio AeroGru, formado pelas empresas Aerom, HTB, FBS e TSEA, para fornecimento dos veículos.

Os veículos são do modelo Auster A-200, com capacidade de 200 passageiros e funcionamento autônomo (driveless), transportando dois mil usuários por hora com tempo de viagem e espera de 6 minutos.

“Esse sistema com 2,7km de via elevada tem baixíssima interferência no aeroporto e é totalmente zero carbono”, diz o consultor. Sobre os planos da empresa, ele comenta que o Brasil soma cinco mil km de ferrovias sem utilização, ou pouco utilizadas. Uma característica positiva para implantar rotas com condições favoráveis, já que 80% do custo é da ferrovia e somente 20% do trem.

Sustentabilidade nos trilhos

Buscar alternativas para o meio ambiente é também um dos propósitos do setor. “O futuro é o trem a hidrogênio. Estamos desenvolvendo essa linha para substituir os trens a diesel, é uma alternativa. O ideal é o hidrogênio verde, de fonte limpa”, diz o Diretor Comercial da Alstom, Alexandre Massaki.

Sediada na França e presente em 70 países – há 66 anos no Brasil, a companhia desenvolve e comercializa soluções de mobilidade, de trens de alta velocidade, metrôs, monotrilhos e VLTs (Veículo Leve sobre Trilhos).

No país, a Alstom participou de projetos como os metrôs de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Fortaleza, Recife e Brasília e do VLT do Rio.

No Rio de Janeiro, a implantação do VLT Carioca fez parte da modernização da região do Porto Maravilha, entrando em operação para os Jogos Olímpicos de 2016. Contempla 28km em três linhas e 31 estações.

É um sistema integrado de VLTs fornecido pela companhia, incluindo material rodante, fornecimento de energia, sinalização e sistema de telecomunicações. “Apoiamos projetos que tragam benefícios para a população. O VLT do Centro de São Paulo está em estudo pela Prefeitura. Queremos trazer o sucesso do VLT carioca para requalificar o Centro de São Paulo, para a região voltar aos tempos áureos”, diz o executivo.

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