A sustentabilidade no setor de transporte de cargas intermodal e a apresentação de novos cases de sucesso de grandes empresas do mercado completaram a programação da manhã do último dia da Intermodal Xperience 2021.

Depois dos portos, os aeroportos públicos nacionais foram os destaques do maior evento digital da América Latina para os setores logístico, intralogístico, de transporte de cargas e comércio exterior, a Intermodal Xperience 2021 – que chegou ao último dia nesta sexta-feira (3), tendo como protagonista, no primeiro bloco de debates, o painel sobre a desestatização dos terminais aeroportuários do país.

Tema que vem a calhar, já que o Governo Federal prepara a sétima e última rodada de concessões dos aeroportos brasileiros, de acordo com o coordenador geral de acompanhamento de mercado do departamento de políticas regulatórias, da Secretaria Nacional de Aviação Civil, Daniel Ramos Lago. “Atualmente, este é o principal projeto para o setor aeroportuário nacional, em que leiloaremos 16 aeroportos de uma única vez, retirando da Infraero a responsabilidade deste último bloco de terminais, que ainda está sob sua gestão, e finalizando a privatização de todos os aeroportos do país”, disse, durante suas considerações sobre o assunto no evento virtual – promovido pela Intermodal (a maior plataforma de negócios para o setor) e pela Associação Brasileira de Logística (ABRALOG).

Destes 16 aeroportos, cinco são do Pará (das cidades de Altamira, Belém, Marabá, Parauapebas e Santarém), três são de Minas Gerais (Montes Claros, Uberaba e Uberlândia), outros três do Mato Grosso do Sul (Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã), dois de São Paulo (Campo de Marte e Congonhas), dois do Rio de Janeiro (Jacarepaguá e Santos Dumont) e um do Amapá (Macapá). “Esta última fase de concessões já está em andamento, abriremos a etapa de consulta pública sobre isso, que considero uma das mais importantes do processo, muito em breve – o que deve ocorrer até o final deste mês, provavelmente”, afirmou a gerente de outorgas aeroportuárias da Superintendência de Regulação Econômica de Aeroportos, da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Jacqueline Azevedo.

Isso acontece em meio ao processo de finalização da sexta rodada de desestatização dos aeroportos brasileiros, lembrou Jacqueline. “A sexta rodada está na reta final e leiloará 22 aeroportos. Esperamos que, no máximo, até outubro deste ano, esses novos contratos já tenham sido assinados, o que proporcionará uma arrecadação de mais de R$ 3 bilhões aos cofres públicos”.

O Governo Federal argumenta que a privatização dos aeroportos brasileiros faz sentido pela saturação do sistema aeroportuário brasileiro. “O transporte aéreo cresceu muito no país: de 2002 até 2019, o setor tornou-se muito mais produtivo, eficiente e acessível (a tarifa média de passagens caiu 45% neste período). A consequência imediata é um aumento significativo no volume de passageiros transportados pelo modal. Outro indicativo de evolução é o load-factor (taxa de ocupação das aeronaves: em 2002, era de 57%. Já a partir de 2014 chegamos perto dos 80%, número muito próximo dos níveis de mercados mais desenvolvidos”.

Outro ponto fundamental, na visão dele, foi a incapacidade do Estado em realizar os investimentos necessários na infraestrutura do setor para acompanhar o crescimento. “Essa robusta expansão não foi acompanhada por um aumento na capacidade da infraestrutura do segmento, ou seja, tivemos uma alta significativa no volume de passageiros transportados, mas a infraestrutura não acompanhou, então o setor ficou saturado. Já em 2009, a maioria dos terminais de passageiros não atendiam mais as expectativas, com os níveis recomendados de serviços”.

Tudo isso, para Lago, motivou o Governo Federal a transferir a administração dos aeroportos para a iniciativa privada, com o intuito de promover não só o aumento da capacidade, mas uma melhora na qualidade dos serviços prestados. “O que se mostrou uma decisão acertada, com resultados positivos ao setor e ao país. O principal deles foi a quantidade de aportes realizados a partir das concessões. Entre 2012 e 2020, tivemos R$ 17,4 bilhões investidos no setor”, realçou.

Jacqueline lembrou que ainda há dois processos de relicitação em andamento, dos aeroportos de São Gonçalo do Amarante (CE) e de Viracopos (SP), concessões que foram devolvidas à União por desinteresse dos atuais gestores. “Ao retornarem para a União, os colocaremos em leilão novamente. Nossa proposta é realizar o leilão do aeroporto de São Gonçalo no primeiro trimestre de 2022 e o de Viracopos até o terceiro trimestre do próximo ano. Aliás, abrimos consulta pública para o de Viracopos na semana passada e receberemos contribuições para o projeto até o dia 11/10”, concluiu Jacqueline.

Sustentabilidade no setor de transporte de cargas multimodal – A agenda ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) no setor de transporte de cargas também foi uma das pautas de destaque do último dia da Intermodal Xperience 2021. A conversa sobre o assunto foi conduzida pelo presidente da Associação Brasileira de Logística (ABRALOG), Pedro Moreira; com a participação do presidente da Brado – companhia de logística multimodal, subsidiária da Rumo – Marcelo Saraiva; e do diretor de logística da Fedex, empresa de transporte expresso, Eduardo Araújo. 

Saraiva comentou que a cultura ESG está sendo incorporada na Brado em todos os níveis hierárquicos e que o tema é conversado e incentivado abertamente na empresa. “Hoje, as companhias que não estiverem atentas aos pilares do ESG vão ficar para trás”. Ele ressaltou que o próprio negócio da Brado já é voltado, quase que integralmente, para um modal reconhecidamente mais sustentável, que é o ferroviário. “A emissão de dióxido de carbono (CO²) no transporte por ferrovias é sete vezes menor que no modal rodoviário, por caminhões”. 

Entre as boas práticas que visam a preservação do meio ambiente, que estão sendo desenvolvidas pela companhia, está a operação com vagões double stack, iniciada em 2019. Este sistema possibilita um ganho de 40% na capacidade de transporte dos trens de carga em relação ao vagão convencional. “Com o double-stack transportamos mais cargas em uma viagem com o mesmo consumo de combustível”, destacou.

Já na área da sigla S (Social) da agenda ESG, o presidente da Brado comentou sobre os motoristas de caminhões parceiros da empresa. Com o uso do modal ferroviário para realizar os trechos mais longos dos transportes, os caminhoneiros ficam com as rotas complementares de last mile, ou seja, os motoristas têm a oportunidade de sair de casa e voltar no mesmo dia. 

Para Araújo, da Fedex, no Brasil, onde a matriz de transporte predominante é a rodoviária, as empresas do setor devem buscar iniciativas para mitigar o impacto no meio ambiente. “As cadeias de suprimentos mais eficientes são as mais sustentáveis”. Ele salientou que a Fedex anunciou, em março deste ano, a meta de alcançar operações neutras em carbono até 2040, globalmente falando. 

A empresa de matriz norte-americana destinou o investimento de US$ 2 bilhões em três frentes para atingir esse objetivo: veículos elétricos, energia sustentável e o sequestro de carbono. Este último inclui a colaboração com a Universidade de Yale, nos Estados Unidos, para a pesquisa de métodos para a captação de carbono em escala. “Até 2030, pretendemos chegar até 50% da frota com veículos elétricos e 100% em 2040. Considerando toda a nossa frota de coleta e entrega espalhada pelo mundo, estamos falando de cerca de 400 mil veículos e 700 aeronaves”, complementou. No aspecto social, o executivo mencionou a criação de um comitê interno formado no Brasil, para desenvolver e incentivar políticas de diversidade e inclusão.

Parcerias de Sucesso – Destaque novamente da programação do evento digital foram as exibições de cases de sucesso inspiradores. Entre eles, o da parceria entre a Log-In Logística Intermodal e as Baterias Moura, em uma operação de logística sustentável para levar energia do Brasil ao Mercosul – com o diretor comercial da Log-In, Maurício Alvarenga, e o gerente de logística e atendimento do Grupo Moura, Marcelo Lima.

Logo após, foi a vez da apresentação de mais um case inovador, da Modal GR – consultoria especializada em tecnologia e gestão de projetos. Na ocasião, o sócio fundador da empresa, Luiz Simões, e o líder de projetos da companhia, Leandro Duca, mostraram suas soluções em operação em um terminal de exportação de celulose. Depois, o especialista em automação e integração da Águia Sistemas de Armazenagem, Valdeci Kossar, trouxe o case sobre a automação na integração das fábricas e centros de distribuição da MDias Branco, companhia de fabricação, comercialização e distribuição de alimentos.

Para saber mais, acesse – https://bit.ly/CC–Xperience-2021