Segundo informações do Ministério da Economia, apenas em fevereiro de 2023 o comércio exterior brasileiro movimentou 20,6 bilhões de dólares em exportações e 17,7 bilhões em importações, com um saldo comercial de 2,8 bilhões de dólares.

Os números mostram que o setor tem uma importância enorme para o fluxo econômico do país. Com o tema “Growth progress: Comércio exterior e seus desafios”, o assunto foi debatido em uma das palestras da Intermodal 2023.

A responsável pela apresentação foi Alessandra Lopasso, diretora do Grupo Centaurea, que falou ao público do evento sobre nuances e detalhes do comex brasileiro e os desafios que o segmento tem enfrentado. Saiba mais abaixo!

As mudanças tecnológicas e seu impacto no comex

Alessandra começou sua apresentação relembrando a trajetória do comércio exterior das décadas recentes até aqui, observando a importância das facilidades que a tecnologia tem trazido para o segmento.

No entanto, ela acredita que isso também gerou um grande fluxo de informação devido ao dinamismo da cadeia logística. A especialista comentou:

“Hoje um transporte internacional e um desembaraço bem feito pode representar em torno de 15% do custo do produto. Entretanto, se ele não é bem feito, ele pode representar 100%, ou até 200 ou 300% de prejuízo, além de perdemos o cliente.”

Segundo ela, é preciso se aproveitar das inovações no uso de algumas ferramentas para que o trabalho seja bem feito. Em um infográfico, a diretora do Grupo Centaurea destacou os cinco tipos de operadores logísticos que existem, os 5PL. 

“As empresas perceberam que, ao terceirizar algumas ações da logística, elas seriam mais eficazes”, ressaltou.

Ela prosseguiu: “Portanto, ao invés de cuidar de frotas de caminhões ou armazéns, elas puderam cuidar do gerenciamento, mas ainda assim é preciso manter uma equipe para poder cuidar disso, pois a comunicação é tudo o que os clientes precisam.”

Falando da jornada das ações logísticas, Lopasso disse acreditar que essas ações trouxeram vantagens, mas que também houve uma perda dos especialistas, o que tornou a cadeia mais complexa.

“Os 3 PLs foram bons, pois diminuem o custo da empresa, mas para o cliente final isso não foi tão bom. E, por isso, entre o fim dos anos 1990 e começo dos anos 2000, entrou em ação o quarto PL, que permitiu com que as quatro pernas da logística pudessem ser terceirizadas”, relembrou ela.

A importância de implementar a estratégia 5PL com eficiência

Ainda na visão de Lopasso, mais do que o uso da tecnologia na logística, é preciso que o comex brasileiro esteja atento a uma perspectiva colaborativa com empresas provedoras de serviço, trazendo ganhos para todo o segmento. Ela detalhou:

“Nós contamos agora com a tecnologia. Então a partir do momento em que tivemos acesso a sistemas onde conseguimos ter visibilidade do processo, as empresas terceirizadas passaram a não mais ter a necessidade de estar dentro das unidades.”

A especialista acrescentou: “Elas puderam manter suas características internas, focadas em seu negócio, como um despachante fazendo desembaraçado integrado com sua equipe e sistemas.”

Lopasso comentou ainda que a tecnologia trouxe um grande ganho para o setor, unindo toda a comunicação e visibilidade dos processos por meio dessas inovações. Ela diz acreditar que, em breve, também falaremos de um sexto PL.

“Primeiro precisamos ter definido quais são os nossos objetivos e necessidades como empresa. Se eu não souber o que eu preciso e o que eu quero, não existe a possibilidade de implementar um 5PL de qualidade na empresa. A partir disso conseguimos procurar nossos parceiros”, refletiu.

Segundo Lopasso, a segurança da cadeia é essencial para que o sistema de 5PL faça sentido, assim como o estabelecimento de KPIs, os fatores chaves de desempenho, que ajudam a guiar as atividades logísticas.

“Isso parte do importador, do exportador, do agente de carga, do despachante, cada um dentro de sua área de atuação. O que sempre falamos é: vamos desenvolver um processo de comunicação e colaboração”, afirmou.

Ciclo de atuação logística e desafios do segmento

Ainda segundo a representante do Grupo Centaurea, o ciclo que envolve todos os profissionais do meio precisa de atenção especial, já que as ações de um refletem diretamente no desempenho do seguinte, e assim em diante.

“O agente de carga não pode atuar sem o despachante, e o despachante não consegue atuar sem o importador ou exportador, e estes não conseguem sem o transportador, então é um ciclo”, observou a convidada.

A palestrante reiterou que é preciso entender as dores dos clientes, pois elas ajudarão a guiar os processos logísticos de acordo com essas necessidades. Como exemplo, ela citou as ações feitas hoje no Grupo Centaurea, que são focadas em coordenação e licenciamento de ordens, indo do começo ao final da cadeia.

“Isso é super importante para que nós consigamos medir o que estamos comprando, oferecendo o que o cliente quer, se está alinhado com as expectativas. Em um mundo globalizado como hoje, com acesso à informação, é importante que tenhamos uma implementação de monitoramento contínuo dos processos”, disse.

Para Alessandra Lopasso, tais ações trazem ganho de eficiência operacional com redução de custos e falhas. Trazendo participações da plateia, Lopasso também destacou a importância de que é preciso manter o fluxo dos estoques, e que a organização dos dados é vital para a estratégia dessa administração.