As mudanças climáticas são cada vez mais sentidas pelos brasileiros, como em eventos recentes, quando fortes chuvas alagaram cidades inteiras dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Dentro desse contexto, é crescente o interesse em infraestruturas resilientes.

É essencial que as empresas invistam em infraestruturas de logística que resistam aos impactos dos eventos climáticos extremos. Somente assim pode-se ter um reequilíbrio econômico e financeiro, bem como se precaver com maior facilidade.

Para discutir esse assunto, conversamos com Renata Moura Sena, especialista em infraestrutura da FIESP. Veja, a seguir!

O retorno da urgência: infraestruturas resilientes após a pandemia

No entendimento de Sena, a pandemia da COVID-19 desviou temporariamente a atenção de muitos problemas prementes, mas com sua diminuição, questões anteriores voltam à pauta com urgência redobrada. 

“Trabalho com infraestrutura há mais de 10 anos e, desde então, muitos temas surgiram e ressurgiram. Um dos mais críticos atualmente é o das infraestruturas resilientes, especialmente diante do impacto das mudanças climáticas”, compartilha a especialista.

Sena conta que “a discussão a respeito do impacto das mudanças climáticas no setor de infraestrutura, intensificou-se a partir de 2018. Em 2023, com as secas, fortes chuvas e ventanias e os recordes de altas temperaturas, o assunto ressurgiu”.

A representante da FIESP diz ainda que “o principal evento para essa retomada foi o fato de regiões da cidade de São Paulo terem ficado sem energia elétrica por quatro dias seguidos, devido às fortes chuvas no mês de novembro de 2023”.

Impactos dos eventos extremos nas infraestruturas

Os efeitos dos eventos extremos são vastos e variados, afetando diretamente setores críticos como energia elétrica, rodovias e ferrovias. 

“No longo prazo, mudanças no nível do mar e alterações microclimáticas podem afetar o regime de safras, influenciando diretamente a logística do país”, explica Sena. 

Nesse sentido, de acordo com a especialista, as alterações, adaptações e construções de novas infraestruturas são essenciais para que consigamos manter a logística e a energia em funcionamento e aumentarmos a eficiência. 

“Serão necessários investimentos em materiais mais resistentes e desenvolvimento de novos, como asfaltos, trilhos e fiação mais resistentes às oscilações e máximas de temperaturas. Será necessário, também, investir em uma gestão mais eficiente dos postes e das podas das árvores”, finaliza Sena.

Estratégias para melhorar a resiliência

A busca por soluções para melhorar a resiliência das infraestruturas é uma prioridade segundo Sena: “Podemos aprender muito com localidades que enfrentam condições climáticas extremas, como a Flórida, nos Estados Unidos, adaptando as suas práticas para nossa realidade”.

Ela também enfatiza a importância de mapear áreas vulneráveis, atualizar regulamentações e investir em planejamento espacial.

Um ponto crucial mencionado por Sena é a integração entre diferentes setores: “A colaboração entre empresas de energia, transporte, telecomunicações e saneamento pode ser decisiva em situações de crise, permitindo uma resposta mais eficiente e coordenada”.

Sena aborda ainda a necessidade de incentivos para o desenvolvimento de novas tecnologias e para a remuneração de investimentos emergenciais: 

“É fundamental criar mecanismos como fundos climáticos e parcerias público-privadas específicas para infraestruturas resilientes. Além disso, alterações legislativas podem ser necessárias para garantir que investimentos emergenciais sejam devidamente remunerados”, sugere.

A conversa com Sena ressalta a complexidade e a urgência de adaptar as infraestruturas brasileiras aos desafios impostos pelos eventos climáticos extremos. 

Com a continuidade das mudanças climáticas, torna-se imperativo não apenas adaptar-se e responder às emergências, mas também antecipar e prevenir possíveis danos. Isso só é possível com o investimento em infraestruturas resilientes.

Saiba mais! Leia agora  nosso artigo sobre o impacto das mudanças climáticas nas cadeias logísticas.