Em tempos de logística 4.0, falar em rastreamento de cargas na cadeia de distribuição inevitavelmente nos remete a ferramentas e sistemas baseados em tecnologias como telemetria, GPS e GPRS.
No entanto, há poucos anos, rastrear uma entrega na cadeia de distribuição dependia de tempo e, muitas vezes, da disponibilidade do motorista em atender ligações ou ler mensagens para passar uma posição — mais ou menos — exata para a empresa.
Para explicar um pouco melhor essa verdadeira Transformação Digital dos últimos tempos no rastreamento de cargas, contamos com a ajuda de um especialista no assunto.
Gustavo Loch é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e assessor de desenvolvimento de soluções logísticas da Nimbi. Ele nos conta o que mudou e o que podemos esperar de inovações para o setor no futuro. Confira!
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O que mudou na tecnologia de rastreamento de cargas nos últimos anos?
Com o advento de novas ferramentas e o crescimento de empresas desenvolvedoras de soluções de rastreamento de cargas, o mercado logístico passou por uma verdadeira revolução nos últimos 30 anos. Loch destaca como a qualidade dessas alternativas e o acesso a elas possibilitaram a inovação do setor, além da variedade disponível de tecnologias no mercado hoje.
Ele aponta: “Desde o início do rastreamento de veículos no Brasil, na década de 1990, tivemos evoluções tecnológicas que permitiram o crescimento de sua utilização, seja por melhor qualidade ou por ter se tornado mais barato. A essência é que o custo-benefício melhorou ao longo dos últimos anos. As soluções de radiofrequência, GPS, GPRS e telemetria são cada vez mais acessíveis”.
Como isso afeta a cadeia de distribuição nas empresas?
De acordo com Loch, o rastreamento de cargas sempre foi de interesse dos embarcadores e das transportadoras pelas inúmeras vantagens operacionais e gerenciais que a ferramenta oferece às empresas. No entanto, o custo de implementação de um sistema específico não era viável para todos os casos, cenário esse que começou a mudar com a popularização das novas tecnologias e o aumento de ofertas dessas soluções no mercado nacional.
“Com o aumento da facilidade de acesso à tecnologia nos últimos anos, naturalmente a exigência e utilização do rastreamento nas operações aumentou, e a tendência é ser cada vez maior”, aponta.
“Além disso, o uso de ferramentas de rastreamento de cargas muitas vezes permite que ocorra o monitoramento das operações, gerando, assim, informações e dados importantes para a torre de controle”, complementa o professor, reforçando a ideia de que a tecnologia não se limita à questão operacional, pois também é gerencial.
Há diferenças entre rastreamento e monitoramento de cargas?
Ainda que os dois termos sejam amplamente debatidos em uma cadeia de distribuição, eles apresentam diferentes conceitos, como bem define Loch.
“É comum a confusão entre rastreamento e monitoramento de cargas. Embora muitas vezes as tecnologias utilizadas possam ser as mesmas, o foco da utilização é diferente”, afirma.
E prossegue: “No rastreamento, o objetivo é procurar rastros para encontrar algo que não é visto, como um veículo roubado. Já o monitoramento é o controle para acompanhar o que acontece, por exemplo, saber o local atual de uma carga”.
O que pode mudar e melhorar nesse sentido?
Assim como em outras áreas do setor logístico, as tecnologias de rastreamento de cargas se mostram altamente dinâmicas e são cada vez mais acessíveis às empresas, o que permite soluções econômicas e eficientes.
Loch arrisca dizer que ainda há muito o que se usufruir das tecnologias já existentes e aborda o horizonte da seguinte forma: “Pensando em futuro, um espaço muito grande que ainda existe está na melhoria da utilização das grandes bases de dados geradas para avaliar e diminuir riscos em operações”.
E completa: “Estamos em um momento em que o armazenamento em nuvem, o poder de processamento e os métodos matemáticos e estatísticos existentes permitem que muitas análises automatizadas sejam possíveis, identificando padrões suspeitos e alertando para os riscos antes que o sinistro aconteça”.
Para finalizar, ele também destaca algumas das vantagens do rastreamento de cargas como experiência de mercado para os consumidores.
“Existem desejos ilimitados de monitoramento, especialmente nas compras realizadas no e-commerce. O cliente está interessado em saber quando o item chegará e poder acompanhar o status em tempo real gera satisfação”, explica.
“Por outro lado, quem vendeu sabe dessa vontade do consumidor e, para isso, precisa ter tecnologias que permitam saber a localização de cada carga e que possam gerar ideias de ações que podem ser tomadas para que a carga chegue no tempo prometido”, conclui Loch.
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