O setor ferroviário no Brasil tem enfrentado grandes desafios e, ao mesmo tempo, recebido novos investimentos que prometem melhorar a mobilidade urbana. 

Com o crescimento das cidades e a necessidade de sistemas de transporte mais eficientes e sustentáveis, a expansão do modal metroferroviário se mostra essencial.

Marcio Hannas e Francisco Pierrini, respectivamente o CEO e o diretor de operações da CCR Mobilidade, acreditam que o Brasil ainda pode se desenvolver muito no modal ferroviário. 

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Espaço para crescer: Brasil ainda pode expandir muito no setor metroferroviário

A cidade de São Paulo é um dos maiores exemplos de metrópole em que a demanda por transporte público de qualidade ainda é superior à oferta. 

Segundo Marcio Hannas, há muito espaço para crescer no setor ferroviário, especialmente em áreas de grande densidade urbana. 

“A região metropolitana de São Paulo, muito densa populacionalmente, sem dúvida apresenta uma carência por novas linhas e operações metroferroviárias”, afirma o CEO da CCR Mobilidade.

Ele destaca que, comparado a países mais desenvolvidos, o Brasil ainda está atrás em termos de quilômetros de trilhos por milhão de habitantes. 

“Rio e São Paulo estão com cerca de 5 km de trilhos por milhão de habitantes. Quando olhamos para cidades como Hong Kong ou até mesmo Santiago, no Chile, esse número salta para 20 km. Isso mostra o grande potencial de expansão para a mobilidade sobre trilhos no Brasil”, acrescenta Hannas.

Oportunidades com o apoio do governo

Francisco Pierrini reforça que a expansão do sistema metroferroviário nas grandes cidades brasileiras está em um momento propício. Isso porque tem crescido o apoio dos governos municipais, estaduais e federal.

“Eu acredito que o sistema metroferroviário começa a ser impulsionado com todas as ações que os governos estão implementando. Essa é uma grande oportunidade para o boom do sistema metroferroviário no Brasil”, pondera o executivo.

Segundo Pierrini, o transporte de alta capacidade, com conforto e rapidez, é a chave para atender a crescente demanda das grandes cidades. 

Ele cita como exemplo os sistemas metroviários de cidades asiáticas e europeias, que já oferecem soluções avançadas. 

“A questão da mobilidade passa por isso: sistemas de alta capacidade, com qualidade, com tempos de viagem os menores possíveis e muito conforto, porque é isso que acontece nas grandes cidades, sejam asiáticas ou europeias”, observa o representante da CCR Mobilidade.

Evolução nos projetos e complexidade nos contratos

Com o crescimento do setor, os novos projetos vêm se tornando cada vez mais complexos. Hannas comenta que esse aumento de complexidade está diretamente relacionado ao aprendizado adquirido ao longo dos anos. 

Ele menciona que os contratos de concessão, que costumam ser de 30 anos, são processos em constante evolução. 

“Estamos aprendendo com a experiência e, ao longo desses anos, percebemos que algumas cláusulas dos contratos poderiam ser diferentes. Talvez seja necessário incluir mais flexibilidade, pois as cidades mudam muito ao longo de 30 anos”, reflete o CEO.

Essa necessidade de flexibilidade nos contratos também surge da própria natureza dinâmica das cidades, que estão em constante transformação. Um exemplo recente foi a flexibilidade do trabalho em modelo home office adotado durante a pandemia da Covid-19, assim como a popularização de outros métodos de transporte público.

“É importante entender que talvez contratos muito rígidos trazem dificuldades para que você ajuste esse contrato às necessidades da população, que talvez não sejam mais as mesmas de 10 ou 15 anos atrás”, pontua Hannas.

O impacto de novos players no setor

O setor ferroviário brasileiro tem visto a chegada de novos players, como o Grupo Comporte, o que traz tanto desafios quanto oportunidades. 

Para Pierrini, a competição é saudável e beneficia o mercado como um todo. Ele observa que diferentes competidores podem agregar ao sistema de transporte metroferroviário do país ao trazer soluções complementares. 

“Acredito que, quando temos um monopólio, isso não é bom. É importante que existam novos players, com diferentes visões e modelos de operação, porque isso provoca uma melhoria na qualidade e no processo como um todo. Acho que isso é muito saudável”, ressalta o diretor.

Além disso, Pierrini acredita que essa expansão gera oportunidades de trabalho e desenvolvimento para os colaboradores do setor. 

Ele observa ainda que o sistema metroferroviário ficou parado por muitos anos. Agora, com o crescimento do setor, estamos entrando em um momento rico, e é fundamental pensar no desenvolvimento da mão de obra. 

“Precisamos de convênios com universidades e instituições como o Senai para formar essa nova geração de trabalhadores”, afirma.

A necessidade da formação de mão de obra qualificada

No que se refere à citada preparação da mão de obra qualificada, Hannas destaca que a CCR Mobilidade tem investido fortemente em parcerias com instituições de ensino. O objetivo é garantir que o setor tenha profissionais capacitados. 

“Independentemente de sermos nós ou um concorrente que vença uma nova concessão, o setor ferroviário vai precisar de mão de obra qualificada. Por isso, estamos focados em desenvolver as pessoas, seja para trabalhar conosco ou no mercado em geral”, destaca o CEO.

Hannas complementa sua fala citando uma frase de Henry Ford: “Pior do que treinar um funcionário e ver ele sair, é não treinar o funcionário e ver ele ficar”.

Ele afirma que essa mentalidade de desenvolvimento é fundamental para o crescimento do setor como um todo.

Um futuro promissor com protagonismo para o setor metroferroviário

O futuro da mobilidade urbana no Brasil, especialmente no que diz respeito ao sistema metroferroviário, parece promissor. 

Com novos investimentos, aprendizados adquiridos ao longo dos anos e a chegada de novos competidores, o setor está em plena expansão. 

As cidades brasileiras têm uma grande oportunidade de melhorar a qualidade do transporte público, oferecendo soluções de alta capacidade e reduzindo o impacto ambiental.

Para Hannas e Pierrini, o desafio agora é continuar investindo no desenvolvimento de pessoas, infraestrutura e, principalmente, na flexibilidade dos contratos e dos projetos. 

Um passo importante para o crescimento do setor ferroviário são os incentivos fiscais. Confira também nosso conteúdo que analisa isso com mais detalhes!