Última fase de um processo de entrega, o last mile, ou última milha, é considerado por muitos operadores logísticos como o processo mais importante do supply chain. Isso porque é o momento crucial em que o cliente recebe seu pedido em mãos, o que requer atenção especial para evitar erros e problemas.

Para falar mais sobre as fases da operação logística e o last mile, conversamos com Felipe Trevisan, CEO da Vuxx, startup focada em serviços de frete 100% digital para indústria e varejo. Vamos conferir a entrevista?

First mile, middle mile e last mile: como funciona cada fase da logística?

Felipe Trevisan: First mile (primeira milha) é a primeira etapa de um processo de entrega de mercadorias. Nesta fase é realizado o transporte da mercadoria do fabricante para os centros de distribuição. Normalmente, esse transporte é realizado com veículos de médio porte e as distâncias são curtas.

O middle mile é o transporte intermediário da jornada de um produto sendo realizado por veículos de grande porte. É a chegada do produto ao ponto anterior ao endereço do cliente, podendo ser uma loja, um mercado, um centro de distribuição.

Já o last mile, a última e mais difícil etapa de um processo de transporte e entrega de mercadorias, é referente a entrega final do produto, quando chegas às mãos do consumidor. As entregas podem ser direcionadas a pessoas físicas (B2C) ou para pessoas jurídicas (B2B). 

Esta é a fase em que o consumidor final normalmente acompanha a entrega de seu produto, uma vez que há uma tendência em aproximar os estoques dos produtos a ele – ou seja, a mercadoria já está em algum Centro de Distribuição ou alguma loja física próxima no instante da venda, sendo o last mile a única operação faltante para que o consumidor receba a carga. 

São várias as situações que podem impactar diretamente a operação, comprometendo a qualidade das entregas, como o cumprimento dos prazos. Picos de demanda e falta de motoristas, trânsito, chuva e roubo de cargas são situações que podem comprometer a esta etapa e, consequentemente, a experiência final do consumidor.

É extremamente importante conseguir medir a performance das entregas e avaliar se o que foi previsto foi executado corretamente, principalmente para ajustar atividades que não estão performando bem, assim espalhando e ajustando com base nas ações que geraram resultados positivos

O que é e no que consiste o last mile delivery?

Felipe Trevisan: É a entrega que sai direto do armazém ou loja física para o consumidor final. A sua característica principal é o estoque do produto estar próximo do cliente final. Em vez de a mercadoria vir de centros de armazenagem gigantescos e mais distante das regiões estratégicas, grandes empresas estão aderindo às “dark stores”, pequenos centros de armazenagem que outrora eram lojas que possuíam pouco movimento e, consequentemente, menos lucro. 

Assim, todos nessa cadeia ganham, gerando menos custos, contratempos e menores prazos. Apesar de um custo alto devido aos altos valores de aluguel praticados em grandes centros urbanos, aliado a falta de disponibilidade de locais desta magnitude, essa é uma prática que está ganhando muitos adeptos ao redor do mundo, como na Europa, América do Norte e Ásia. No Brasil, a prática é adotada principalmente por grandes players do Varejo, especialmente do setor de alimentos

Na VUXX, por exemplo, realizamos entregas para pessoa física, e jurídica, sempre em médias e curtas distâncias. No geral, realizamos entregas de cargas mais pesadas, como eletrodomésticos, televisores, móveis, itens de decoração e materiais de construção.

Qual o impacto do last mile na operação logística?

Felipe Trevisan: Esta é a etapa mais delicada de todo o processo, dependendo de questões logísticas das próprias cidades, como trânsito, qualidade de infraestrutura e segurança. É a etapa mais passível de erros, mas que, quando bem planejada e executada, pode gerar ótimos impactos nas vendas, uma vez que seja mostrado qualidade na prestação de serviço da empresa. Para dimensionarmos melhor este cenário é importante que entendamos uma coisa: esta é a etapa em que é mostrado todo trabalho para o cliente, quando o produto adquirido chega em suas mãos, gerando até mesmo ansiedade no recebimento da encomenda. Um trabalho bem executado gera a felicidade no cliente e cria a confiança de poder contar novamente com o serviço prestado.

Esta parte da operação possui um alto custo para a empresa, exigindo um planejamento apurado e o uso de tecnologias para que a margem de lucro não seja reduzida, evitando prejuízos.

Clientes ausentes, que acabam não recebendo a encomenda quando entregue, é um dos problemas mais comuns e graves, aumentando o custo de frete devido às novas tentativas de entrega. É essencial que haja uma comunicação entre entregador e consumidor para evitar este tipo de “gap”.

Quais os principais desafios da operação last mile?

FT: Criar uma rede flexível para atender diversos tipos de demanda, como a variação de demanda versus entregas super-rápidas versus a capacidade de motoristas disponíveis, além de todo o gerenciamento logístico. Uma das formas é possuir uma grande rede de entregadores – como Uber e iFood. Fraude e roubo de carga têm peso adicional na dificuldade dessas operações.

Como otimizar o last mile?

FT: Além das tecnologias de roteirização, é crucial ter uma tecnologia que permita ter um supply elástico e altamente gerenciável. Com prazos de entrega na casa dos “minutos”, é essencial desenvolver uma rede flexível de motoristas para absorver as

variações de demanda, assim como rastrear as entregas e se comunicar com o cliente de forma assertiva, gerenciando sua expectativa.

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