A logística offshore é usada para designar o sistema de entrega e transporte de materiais como petróleo e gás.

Tais ações dependem de um supply chain extremamente organizado e com especificações e legislações próprias. 

Para entendermos mais sobre o assunto, conversamos com Roberto Pansonato, professor do curso superior em Logística do Centro Universitário Uninter.

Continue lendo e saiba mais sobre a logística de apoio offshore!

O que é a logística offshore?

Roberto Pansonato: Antes de conhecer o que é a logística offshore, é essencial entendermos o termo offshore, que é comumente atrelado a distintas áreas de atuação, desde o esporte náutico e surf, passando pelas atividades financeiras até aos processos logísticos, que é o nosso foco. Em tradução livre, offshore seria algo como “no mar” ou “afastado da costa”. Portanto a logística offshore é a logística praticada para suporte, gerenciamento e execução das atividades logísticas para os processos produtivos de empresas de exploração petrolífera que operam ao largo da costa marítima.

Como funciona a logística de apoio offshore?

RP: A logística offshore possui alta complexidade, pois para atender operações de exploração e produção de petróleo por meio de sofisticada tecnologia que proporciona a produção em alto mar é necessária e imprescindível uma logística de elevado padrão.  De forma resumida, a logística de apoio offshore pode ser dividida em upstream, ou seja, apoio às atividades de exploração, desenvolvimento e produção e, no downstream, refino e distribuição. 

A upstream, que é o foco do apoio offshore, é composta de bases de apoio ao conjunto armazem e terminal de movimentação de cargas e ao transporte marítimo, que é o principal modal, secundado pelo aéreo, particularmente no transporte de pessoas e de cargas emergenciais e de alto valor agregado. Como a capacidade de armazenamento de uma plataforma de petróleo é limitada e a variedade de materiais movimentados é grande, o planejamento de suprimentos deve ser realizado de forma criteriosa. As cargas são basicamente divididas em três grupos: 

1) Carga Geral, composta por produtos para alimentação, brocas e tubos para perfuração e ferramentas específicas, por exemplo;

2) Granéis Líquidos, como água, diesel marítimo, fluidos para poços, parafina e salmoura;

3) Granéis Sólidos, tais como cimento, baritina e bentonita. 

É importante salientar também as cargas perigosas, que podem provocar acidentes, danificar outras cargas ou os meios de transporte ou, ainda, gerar riscos para as pessoas. Segundo a IMCO (Organização Marítima Consultiva Internacional), algumas classes de materiais perigosos compreendem os explosivos, gases, líquidos inflamáveis, sólidos inflamáveis, substâncias oxidantes, substâncias infecciosas e substâncias radioativas, entre outras, o que pressiona os processos logísticos offshore com relação a segurança.

Vale ressaltar também, o processo logístico de retorno de material do processo produtivo, conhecido como backload. Materiais como lixo, sucata, resíduos químicos, tanques e contentores vazios e tubos usados retornam ao ciclo, o que corresponde aproximadamente a cerca de 45% de toda a carga geral movimentada e grande parte do granel líquido (aproximadamente 70% do fluido de poços volta para ser reprocessado).

A logística é composta por processos que possuem fluxos de informações e materiais, e o mesmo ocorre na logística offshore, com as suas especificidades e complexidades. De forma resumida, o macroprocesso da logística offshore inicia com as demandas das plataformas por meio dos fluxos de informações, direcionando aos fornecedores nacionais e estrangeiros, passando pelos armazéns e terminais portuários e terminando com o atendimento das unidades marítimas através do fluxo de materiais.

Quando usar a logística de apoio offshore?

A logística de apoio offshore é utilizada desde a exploração, perfuração e completação da plataforma de exploração de petróleo até a produção, com a obtenção do petróleo bruto e gás. Para se ter uma ideia de grandeza da complexidade logística de apoio offshore, na fase de completação, há a necessidade de transporte de equipamentos pesados e de grandes volumes, tais como os tubos de revestimento, as “árvores de natal”, como são conhecidos os equipamentos gigantescos que controlam a vazão de poços de petróleo no fundo do mar, turbinas e grandes geradores e compressores. 

Embora a movimentação desses equipamentos seja utilizada de forma acíclica, ou seja, não possui uma frequência de entrega constante, o nível de especialização das empresas de transporte desses equipamentos, tanto em terra (onshore) como offshore (mar) deve ser altíssimo. As entregas cíclicas no offshore, que compreendem o transporte de pessoas entre terminais e plataformas marítimas e a movimentação de cargas apresentadas anteriormente, por exemplo, devem possuir alto nível de serviço, em função do processo de exploração de petróleo em alto mar ser muito custoso, portanto qualquer falha quanto a prazo de entrega, erros de quantidade ou cargas erradas, com certeza incidirão em altos custos logísticos.

Quais são as boas práticas da logística de apoio offshore?

A maior parte da produção de petróleo no Brasil tem como origem a exploração em águas profundas, por meio das bacias de Campos, e mais recentemente das bacias de Santos e Espírito Santo, o que intensifica a atuação da logística offshore. Uma das ações de melhoria na logística de apoio offshore foi a criação da Petrobrás Logística (PB-LOG) em 2012. Por meio de uma gestão integrada da cadeia de suprimentos e classificação de prazos e urgências das cargas, entre outras ações, obteve-se reduções expressivas de custos. A PB-LOG é um operador logístico especializado em óleo e gás que pode oferecer seus serviços para outras operadoras, em função do amplo conhecimento nos processos logísticos offshore.

A importância da logística no setor de petróleo e gás é tanta que em 2020 a Petrobrás criou uma diretoria exclusiva para a logística, o que, de certa forma, é uma boa prática da logística de apoio offshore. Mas o Brasil não está sozinho quanto à exploração e produção de petróleo em alto mar. Os Estados Unidos possuem reservas de petróleo no Golfo do México operadas pela Shell e um dos destaques é a integração dos serviços por meio de um software logístico. A Noruega, através da Statoil, tem como boa prática uma infraestrutura robusta de dutos para transporte do gás e do óleo.

É importante frisar que a bacia de Campos juntamente com o crescimento da produção da bacia de Santos faz do Brasil um país com alta demanda por serviços logísticos de apoio offshore. De acordo com uma matéria da CNN Brasil, o setor de petróleo e gás projeta criação de até 50 mil postos de trabalho em 2022, e com certeza a logística offshore precisará de profissionais capacitados para atender a essa demanda.

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