Não é de hoje que a questão da sustentabilidade vem sendo tema frequente em praticamente todas as áreas profissionais.
Como exemplo mais recente temos a ascensão do termo ESG, que, traduzido do inglês, significa Governança Ambiental, Social e Corporativa. Através deste sistema é possível medir as práticas de uma companhia no que se refere a tais fatores.
No setor logístico a sustentabilidade também está em alta, e hoje já é comum vermos companhias do meio buscando soluções mais energeticamente eficientes e menos nocivas ao meio ambiente para seguir realizando entregas com agilidade.
Para entender mais sobre o tema, conversamos com Alaercio Nicoletti Junior, Gerente Corporativo de Sustentabilidade e Melhoria Contínua do Grupo Petrópolis, Doutor em Engenharia e Professor da Escola de Engenharia do Mackenzie.
Vamos conferir mais sobre o tema? Continue lendo abaixo e veja dicas do especialista para começar a atuar neste sentido!
Quais as vantagens da logística sustentável para a otimização de rotas?
Uma das principais preocupações no setor logístico para melhorar sua sustentabilidade é reduzir e neutralizar as emissões de carbono emitido pelos meios de transporte. Para isso, é preciso que cada companhia e o setor como um todo se unam em busca de soluções que permitam reduzir e compensar esses impactos ao mesmo tempo em que o segmento segue avançando.
“A logística sustentável visa sobretudo à redução de emissão de CO2 na atmosfera com a otimização dos percursos e dos deslocamentos visando o menor consumo e consequente custo de transporte, a melhor ocupação e distribuição das cargas e a adoção de equipamentos eficientes em toda a logística”, explica Alaercio.
Sobre as vantagens que essas ações trazem, nosso convidado destaca alguns dos pontos que vê como positivos:
“Como principais benefícios, além da emissão de gás carbônico, a logística sustentável permite o melhor aproveitamento dos veículos e das pessoas envolvidas nas rotas, além da maximização do valor agregado no transporte, com minimização do custo por produto transportado.”
Como funciona a logística colaborativa e que benefícios de sustentabilidade ela traz?
Um tema que tem sido levantado no meio como possível solução para reduzir esses efeitos e melhorar a sustentabilidade da área é a logística colaborativa, onde empresas se unem para realizar fretes juntas, reduzindo a necessidade de mais veículos em operação, o que acarreta em menor impacto ao meio ambiente, além de custos menores nas entregas de cargas.
“A logística colaborativa incentiva a parceria entre empresas na distribuição de seus produtos, o que vem diretamente ao encontro da logística sustentável, reduzindo custos e emissões de gases na atmosfera. Assim, um fabricante de bebidas alcoólicas, por exemplo, pode aproveitar a malha de distribuição de uma empresa não concorrente de bebidas não-alcoólicas como água, sucos, etc”, analisa Alaercio.
O gerente do Grupo Petrópolis prossegue, destacando ainda outras práticas deste aspecto que podem ser benéficas ao segmento:
“Outra prática sustentável na logística colaborativa pode ser a coleta de embalagens ao deixar um produto, como na coleta do leite antigamente, em que o leiteiro deixava a garrafa cheia e retirava a vazia para enchê-la e entregá-la no próximo dia. Na produção enxuta, chamamos essa prática de milk run (corrida do leite) e a embalagem (garrafas, paletes, caixas) podem voltar tanto para o próprio fabricante como para empresas parceiras que utilizam a mesma embalagem (quando intercambiável), conforme a necessidade ou a lógica de otimização”, explica ele.
Como está o atual cenário da logística reversa e reciclagem no Brasil, e o que pode ser feito para melhorar estes aspectos?
Como vimos, existe espaço para que a logística sustentável siga ganhando terreno e trazendo aspectos vantajosos para todos os agentes do setor. Mas, afinal: qual é o papel da logística reversa neste sentido, e o que ainda pode ser feito pelas empresas e profissionais da área para que a logística sustentável seja, mais do que uma ideia ainda em aplicação, uma realidade cada vez mais presente?
Para Alaercio, a resposta está em acordos que têm sido realizados pelos estados brasileiros, assim como no empenho das empresas do segmento, que estão se comprometendo a colaborar para melhorar este cenário.
“Os estados da federação estão concretizando acordos para logística reversa com as empresas e suas associações, de forma a fazer cumprir as diretrizes da PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) de 2010, fazendo com que a indústria se responsabilize pelo retorno para reciclagem de suas embalagens pós-consumo”, analisa.
Ele complementa: “Esse movimento iniciou-se no estado de São Paulo em 2018 e expandiu-se para os demais estados. Nesse sentido, é importante aumentar a captação das embalagens e em formas de assegurar seu destino pós-consumo para recicladoras que efetivamente aumente a vida útil de seus materiais (plástico, papel, vidro e metais).”
Por fim, Alaercio explica porque acredita que a logística colaborativa é uma solução efetiva, e que deve ser colocada em prática por todo o setor quando possível e viável de acordo com cada etapa do processo logístico:
“Para isso, a logística colaborativa pode ser uma solução viável, ao unir forças para a coleta de diversos resíduos (embalagens) de parceiros e sua destinação nas cooperativas ou empresas de reciclagem”, conclui.
Portanto, não espere para começar a aplicar em sua empresa ações de logística sustentável. Pequenos passos hoje podem causar grandes impactos amanhã, e o segmento logístico e a sociedade só têm a ganhar com tais medidas.
Se você gostou deste conteúdo, confira também nosso artigo sobre Logística e Sustentabilidade: uma relação que tem tudo para dar certo. Boa leitura!