A logística de produtos perecíveis é uma das mais desafiadoras do setor, talvez só se equiparando ao transporte de químicos. Entretanto, em comparação, a movimentação de perecíveis tende a ser mais exigente, pois o cumprimento de prazos, por exemplo, não pode nem mesmo ser considerado um diferencial, mas sim algo imprescindível.  

Essa alta exigência sempre foi inerente à modalidade. No entanto, os desafios crescem consideravelmente com o passar do tempo. A cada década surgem novas necessidades dos clientes e da sociedade, bem como tendências tecnológicas para o setor. E quem não se adapta aos novos cenários fatalmente se torna obsoleto.  

Para discutir melhor o assunto, desenvolvemos este artigo com a opinião de um profissional da área, falando sobre carências, novidades e adequações da logística de produtos perecíveis às novas realidades. Continue com a gente e confira mais sobre este tema vital para o meio! 

Como era a logística de produtos perecíveis no passado? 

No Brasil, as regras para a logística de produtos perecíveis são determinadas por duas principais normas. 

Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nº 275 

Resolução n° 275 cria um regulamento padrão com conceitos técnicos para que as empresas possam operar com itens perecíveis.  

Na parte de transporte, por exemplo, a norma exige que sejam analisados alguns pontos importantes: limpeza do veículo, temperatura ideal do baú, análise sobre pragas e vetores etc.

Portaria da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS) nº 326 

Já a Portaria n° 326 foca nas condições gerais de higiene para a manipulação e o transporte de produtos perecíveis.  

No que diz respeito ao transporte, a lei aponta para o uso de itens que possibilitem a desinfecção geral e o controle de conservação dos locais.  

O fato é que a criação dessas duas normas — e de outras menores — foi essencial para melhorar e trazer mais segurança para o transporte de produtos perecíveis. Embora houvesse uma preocupação com a conservação das mercadorias, a verdade é que não existia uma concordância geral em relação a diversos outros pontos.  

Por exemplo: no intuito de garantir o serviço e, ao mesmo tempo, diminuir os custos, muitas empresas não hesitavam em misturar produtos dentro de seus caminhões. Se a temperatura de conservação de ambas as mercadorias fosse a mesma, ocorria um transporte único, ainda que as características dos produtos fossem completamente distintas.  

Além disso, como a preocupação com doenças não permeava o mundo, eram poucas as empresas que investiam em produtos de desinfecção de EPIs e treinamentos específicos para os seus funcionários.  

Por fim, a inovação tecnológica ainda engatinhava, não permitindo facilidades como o rastreamento de veículos. Com isso, muitas vezes, empresas e clientes eram surpreendidos com contratempos nas viagens, perdas de produtos etc. Ou seja, o cenário era bastante complicado.  

Quais mudanças recentes foram mais significativas? 

A primeira mudança mais significativa, sem dúvida, foi a prática de trocar o “achismo” e a “experiência” por definições técnicas. Atualmente, tanto as decisões em termos sanitários quanto operacionais seguem critérios e dados; ou seja: informações verdadeiramente seguras. Além disso, a evolução tecnológica ocorrida nas duas últimas décadas foi impressionante.   

Para a logística de produtos perecíveis, ela resultou em um suporte completo para a movimentação das mercadorias. Isso pode ser explicado por meio de dois pontos: inspeção de qualidade automatizada e aperfeiçoamento na criação de rotas.  

Hoje, as informações sobre as características, necessidades e normas sobre os produtos podem ser repassadas facilmente por aplicativos de equipamentos móveis, como smartphones e tablets. Inclusive, o próprio controle de temperatura das caixas de transporte e dos baús dos caminhões pode ser feito de maneira remota.  

Com isso, a inspeção de qualidade demanda pouca ação manual, diminuindo as chances de contaminação por meio da intervenção humana.  

Já a extração e o armazenamento de dados possibilitaram que as empresas melhorassem o transporte direto dos produtos, criando, por exemplo, rotas mais seguras e rápidas para os motoristas. Com tecnologias como o Big Data, informações apresentadas pelos próprios trabalhadores são armazenadas e utilizadas de maneira inteligente. 

O que muda no momento atual e como se manter atualizado? 

Além de toda a evolução tecnológica, o mundo também muda, o que impacta diretamente a logística de produtos perecíveis. É por isso que para Carlos José, gestor da RDR Soluções Logísticas, a grande mudança ocorrida no momento atual diz respeito à intensificação das medidas sanitárias.  

Na visão dele, com o surgimento de vírus e doenças que resultam em pandemias, a preocupação com o risco de contaminação dos produtos impactará a logística para sempre.  

Não apenas na questão dos produtos em si, mas também com os colaboradores que trabalham nas operações. A partir de agora, as empresas terão que mostrar efetivamente o quanto estão preocupadas em proteger os seus funcionários e as mercadorias transportadas.   

“Todas as empresas que se mostrarem alheias às questões de saúde e sanitárias perderão credibilidade no mercado e, principalmente, com os clientes”, diz Carlos José.  

Para se manter atualizado, é importante ouvir especialistas da área logística. Além disso, as páginas dos órgãos de fiscalização devem sempre estar no radar, a fim de garantir conformidade com futuras alterações.  

Quais são as tendências para o futuro? 

Em relação às tendências, o gestor da RDR ainda foca nos fatores sanitários. Para ele, mesmo as inovações tecnológicas voltadas para a logística de produtos perecíveis focarão no aperfeiçoamento dessas medidas, permitindo que as empresas trabalhem com excelência, eficiência e segurança.  

“Não há dúvidas que as ideias do futuro focarão na harmonia entre a proteção e a eficiência dos profissionais da logística”, completa Carlos José.  

Em termos de ferramentas, a tendência é uma introdução maior de soluções como Inteligência Artificial e Blockchain, com as operações sendo realizadas com o mínimo de participação humana e menor risco na alteração de informações e dados.  

Enfim, a evolução tecnológica e as mudanças contemporâneas afetam diretamente a logística de produtos perecíveis. Não que isso seja uma novidade, pois a história nos mostra que transformações fazem parte de qualquer setor.   

Porém, aqueles que não se adaptam às novas realidades acabam ficando para trás. Por isso, fique atualizado e garanta sempre alta competitividade para o seu negócio.  

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