No Minutos Corporativos de hoje recebemos Andreia Iazdi. Ela é Diretora de Logística da Copa Energia, que congrega a Copagaz e Liquigás, tradicionais distribuidoras de GLP no país.
No bate-papo esclarecedor, Andreia nos fala sobre desafios, iniciativas e novidades da marca. Você sabia que a companhia pretende ampliar o uso de gás em outros setores como o agronegócio, e que na pandemia colabora com a logística de oxigênio em São Paulo.
Intermodal: Como é estar à frente da logística de uma das principais companhias do setor, que comercializa mais de 600 mil toneladas de gás por ano, e os desafios que compõe este cargo?
Andreia Iazdi: “Realmente é super desafiador, ainda mais com o processo que vivemos agora de fusão, que é historicamente uma das fusões mais grandiosas que o Brasil passou nos últimos tempos. E tudo isso com um elemento diferente, que foi a pandemia. Então iniciamos o processo de integração às vésperas da pandemia.
O projeto começou em março, em um desafio enorme, com toda a empresa em home office, e conseguimos efetivar com sucesso em dezembro, e já colocando a operação de tudo o que havíamos desenhado de logística e distribuição em prática em 60 dias. Então o time foi super empenhado e dedicado com este projeto super grandioso.
Estamos com três mil clientes por dia de atendimento, saltando de quinta distribuidora do país para a quinta do mundo. E tudo isso tratando de GLP, que é um produto extremamente periculoso, em que precisamos ter todo o pilar de segurança muito bem estruturado e normatizado. Esse é nosso grande desafio.”
Intermodal: Como lidar com a questão da distribuição do gás em um país de dimensões continentais como o Brasil, realizando este transporte de forma ágil e eficiente, sem realizar um eventual aumento de custos aos consumidores?
Andreia Iazdi: “A Jornada é super interessante. Precisamos ter a visão do todo, e nosso país é como vários em um só. São regiões atípicas, e temos o uso do GLP muito diferenciado em cada cliente e consumidor. No caso da revenda não, já que eles distribuem o botijão para o gás domiciliar. Mas para o gás empresarial são vários usos e consumos distintos.
Para a logística abraçar toda essa pluralidade é preciso usar a tecnologia, e de forma muito bem direcionada, onde precisamos primeiro fazer nossa lição de casa. É importante entendermos onde estão nossas ineficiências, diagnosticar nossos problemas, para embarcar a tecnologia assertiva e que traga a melhoria que esperamos.
Nós vemos que na logística se fala muito em inovação, em logística 4.0, e temos uma diversidade de softwares para cada uso e cada utilidade esperada. Mas o principal eu acho que é isso: fazer um diagnóstico completo dessa nossa cadeia de distribuição que é extremamente capilarizada e entender o que posso melhorar com tecnologia para que isso seja revertido em eficiência.”
Intermodal: Vocês anunciaram recentemente a pioneira importação de GLP da Argentina para o Brasil. Pode nos dar mais detalhes sobre essa ação?
Andreia Iazdi: “A importação foi um projeto coordenado pela área de desenvolvimentos, e tivemos todo um apoio de entender como é logisticamente por exemplo a região Sul, que é um polo deficitário.
Não existem refinarias que atendam a toda a demanda dessa região. Então com a importação da Argentina equaliza um pouco essa demanda. Ainda não conseguimos totalizar toda a região de suprimentos, mas é um caminho que percebemos que faz muito sentido.
O mais importante nesse momento é realizarmos esse atendimento de forma rápida, e isso pela proximidade com a Argentina está acontecendo muito bem. Já tínhamos outros laboratórios com a Bolívia, e continuamos fazendo essa importação, mas pelo modal rodoviário. Via cabotagem o primeiro projeto foi com a Argentina, e o resultado está sendo muito bacana.
Fora que é um pioneirismo. Quando atingimos ações disruptivas nós entendemos que todo o mercado é beneficiado.”
Intermodal: Outra iniciativa da empresa que gera expectativas é o anúncio de que vocês pretendem ampliar o uso de gás em outros negócios, como no agronegócio. De que forma a logística pode contribuir com isso, e quais são os principais setores atendidos hoje pela empresa?
Andreia Iazdi: “Esse também é um projeto piloto e pioneiro da Copagaz, em que junto com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul foram feitos vários estudos para novos usos. O GLP ainda é uma distribuição muito regulamentada, em que existem restrições desde a época da Guerra do Golfo, então entendemos que isso com certeza será revisto, pois quanto mais opções o consumidor tiver como fonte energética, melhor.
Então o uso por exemplo no agronegócio, já é praticado em toda a América do Norte. Os EUA utilizam muito o GLP para controle de pragas, secagem de grãos, e no Brasil como temos uma força enorme do agronegócio, ainda existe uma restrição pela utilização. E entendemos que isso não faz sentido, e que em breve a regulamentação será alterada.
Tudo o que tiver viabilidade econômica e trouxer essa alternativa de fonte energética faz muito sentido.”
Intermodal: Segundo o relatório de sustentabilidade da empresa, foi possível reduzir em 13% as emissões de poluentes com o redesenho da malha rodoviária e importação de parte do gás comercializado. Pode nos falar mais sobre isso e outras iniciativas da Copa Energia neste sentido?
Andreia Iazdi: “Esse foi um resultado muito bacana que obtivemos com o redesenho da malha. Então utilizamos muitos fluxos de distribuição, com importação por cabotagem, então menos quilômetros rodados que significam menos emissões. Então tivemos um ótimo resultado com as duas ações em conjunto.
E já estamos implementando vários indicadores verdes que entendam como nessa distribuição de hoje precisamos ter esse foco de sustentabilidade, porque de fato é um caminho sem volta.
Nós como logística temos muita responsabilidade em ter o melhor equipamento, em ter um combustível com poucas emissões, de ter uma roteirização muito bem planejada e executada, e que tudo isso retorne como pactos reduzidos em relação ao meio ambiente. Isso faz muito sentido.”
Intermodal: A Copagaz se destacou com ações de enfrentamento à pandemia, como na logística de oxigênio em São Paulo. Pode nos contar um pouco mais sobre como funciona essa operação?
Andreia Iazdi: “Desde o início, quando o impacto da pandemia começou, nós tentamos realizar ações para ajudar e apoiar hospitais, em especial em regiões que tinham uma certa situação de suprimentos mais crítica.
No pico da pandemia, nós fomos chamados pelo Governo do Estado de São Paulo para apoiar na distribuição de oxigênio. Havia acabado de acontecer o problema em Manaus, e o governo estadual pediu nosso apoio nessa distribuição junto com as usinas de oxigênio.
Então adaptamos alguns caminhões para poder fazer essa distribuição em UPAs e hospitais da região, e agora estamos atualmente na distribuição junto com a Ambev, que converteu uma cervejaria de Ribeirão Preto em uma usina de oxigênio, produzindo cilindros, e a Copagaz está realizando a distribuição na região.
Entendemos que isso é super importante, as empresas precisam ser sensíveis a esse tipo de ações sociais. Cada vez mais eu acredito nesse movimento, de que empresas sejam ambidestras, que atendam a sociedade em todas as instâncias. Isso para mim faz muito sentido, e a empresa pensa dessa forma.
Teve uma repercussão que não imaginávamos. As pessoas se voluntariam para ajudar na distribuição, entraram no nosso site, a adesão foi muito bacana. O povo brasileiro realmente é singular.”
Intermodal: O que podemos esperar da Copa Energia para os próximos anos?
Andreia Iazdi: “Nós temos esse DNA do Brasil, então somos uma empresa totalmente e 100% nacional. Queremos muito investir em projetos de toda a cadeia de distribuição mundial, mas o grande foco nosso é desenvolver por aqui.
Fontes de energia, atender o mercado cada vez mais crescente da região Nordeste, enfim, fomentar novos usos com o GLP, mas sempre com o foco muito grande em segurança e confiabilidade, pois sabemos que nosso produto é complexo e que temos que ter isso como um pilar inegociável.”
Intermodal: Se você pudesse conversar com alguém no âmbito pessoal ou profissional, com quem seria?
Andreia Iazdi: “Quem eu tenho muita vontade de conversar e que me inspira bastante é a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, que teve muito destaque na pandemia da covid.
É impressionante como ela soube lidar com toda a criticidade do momento com muita empatia e sensibilidade com a população, porque são nesses momentos críticos em que a gente vê realmente como uma liderança pode fazer toda a diferença no resultado.
Então eu entendo que é um destaque muito importante, porque percebemos que quanto menos polarizados a gente for, quanto mais empatia tivermos pela população, melhores os resultados e a qualidade de vida de todos. Acho que faz muito sentido.”