No cenário global de logística e distribuição, a escolha do modal de transporte adequado desempenha um papel crucial.

Cada modalidade — seja rodoviária, ferroviária, marítima, aérea ou fluvial — apresenta características distintas que influenciam diretamente na eficiência, custo e velocidade da entrega, ou seja, conhecer essas características é fundamental para otimizar suas cadeias de suprimentos.

Neste artigo, exploraremos os 6 principais tipos de modais de transporte usados no Brasil, as características únicas e as vantagens que oferecem aos diferentes segmentos da indústria. 

Para falar sobre o tema, conversamos com Andreia Pedrosa, formada em Comércio Exterior, diretora comercial e fundadora da Linkmex e diretora comercial da LMX. Continue conosco!

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Quais são os 6 modais de transporte utilizados no Brasil

Apesar de nem todos os modais de transporte estarem sempre presentes em nosso dia a dia, o Brasil é composto por 6 tipos principais: rodoviário, ferroviário, aquaviário, aéreo, dutoviário e infoviário. 

Em uma primeira impressão podem parecer muitos modais, não é mesmo? Pois saiba que, apesar do número, o país enfrenta ainda grandes desafios em termos de infraestrutura e nem sempre é possível utilizá-los de forma plena.

“Por conta da flexibilidade e da disponibilidade, o transporte rodoviário é o mais utilizado. Porém é um tipo caro de transporte, ainda mais no Brasil que é um país muito grande e com estradas de má qualidade”, observa Andreia Pedrosa. 

Para melhorar esse cenário, na opinião da entrevistada, seriam necessários maiores investimentos em outros modais como, por exemplo, o ferroviário e o aquaviário. 

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1. Rodoviário

Andreia Pedrosa explica que, no Brasil, 60% das cargas são transportadas utilizando o modal rodoviário. Embora não seja o mais barato, ele tem a flexibilidade como uma das vantagens.

“Com caminhões de grande porte é possível levar uma quantidade considerável de cargas aos grandes centros de distribuição e fazer entregas utilizando carros menores, o que otimiza o tempo”, explica a convidada. 

É possível oferecer a flexibilidade de entregas porta a porta, alcançando muitos pontos de maneira mais rápida, principalmente em curtas e médias distâncias.

“Contudo, como o Brasil é um país muito extenso, o custo do transporte rodoviário acaba sendo elevado, além de gerar poluição significativa para o meio ambiente”, complementa.

2. Ferroviário

O Brasil possui cerca de 8.510.000 km² de extensão. Logo, o país poderia se beneficiar muito do uso do modal ferroviário.

Além de ser menos poluente se comparado ao rodoviário, os trens podem carregar cargas pesadas com risco mínimo.

“A infraestrutura ferroviária no Brasil ainda é precária, o acaba limitando o potencial. Em países como a China, onde houve investimentos significativos em infraestrutura ferroviária, o custo de movimentação é bem menor”, equipara.  

3. Aquaviário

Ao contrário do que muitos pensam, o modal aquaviário não abrange apenas as vias marítimas. Ele também inclui as fluviais, sendo ideais para longas distâncias e grandes volumes.

“Este modal é econômico para grandes volumes e emite menos poluentes. No entanto, é mais lento que os outros e a infraestrutura portuária brasileira ainda necessita de melhorias significativas para aumentar a eficiência e capacidade”. 

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4. Aéreo

Para transportar uma carga com rapidez e eficiência, o modal aéreo é uma das primeiras opções. Ele também é seguro, o que reduz bastante o risco de danos e perdas.

No entanto, quando se fala em custo, o transporte aéreo geralmente é mais caro do que os outros modais.

“Isso pode tornar o seu uso menos viável economicamente, especialmente para grandes volumes de carga”, explica Pedrosa.

Além disso, a capacidade de carga dos aviões é limitada, o que restringe a quantidade e o tipo de mercadorias que podem ser transportadas de uma só vez. 

Outro ponto crítico do modal aéreo, segundo a entrevistada, é a emissão de CO². 

“Embora as companhias aéreas estejam adotando medidas para reduzir as emissões de poluentes e melhorar a sustentabilidade, o transporte aéreo ainda é uma das formas que mais polui”, comenta.

5. Dutoviário

O modal dutoviário é aquele que utiliza dutos para transportar fluidos como petróleo e gás natural, sendo ideal para indústrias que precisam de um fornecimento constante e seguro de matérias-primas.

Ele é uma opção eficiente e segura, permitindo o transporte contínuo de grandes volumes a um custo operacional baixo, especialmente depois que o investimento inicial em infraestrutura é amortizado.

“As vantagens incluem menor necessidade de manutenção, baixo risco de acidentes e independência das condições climáticas. No entanto, exige um alto investimento inicial e é menos flexível devido à natureza fixa dos dutos”, cita.

6. Infoviário

Menos conhecido se comparado aos demais modais, o infoviário é utilizado para o transporte de informações e dados, sendo essencial na logística moderna.

“Ele opera por meio de cabos de fibra óptica, satélites, redes de comunicação e data centers, proporcionando uma velocidade de transmissão excepcional e a capacidade de interconectar diversas regiões do mundo de forma instantânea”, explica a convidada.

Essa interconectividade facilita a gestão das cadeias de suprimentos, permitindo uma rastreabilidade precisa e operações integradas e eficientes.

“Apesar de não transportar mercadorias físicas, ele suporta a logística física, melhorando a comunicação e coordenação, e contribuindo para a sustentabilidade e redução de custos operacionais”, acrescenta.

No entanto, o modal infoviário requer uma infraestrutura tecnológica avançada e está sujeito a riscos de cibersegurança.

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A intermodalidade como vantagem no transporte brasileiro

Os diferentes tipos de modais disponíveis no transporte brasileiro oferecem, atualmente, vantagens significativas. 

A intermodalidade otimiza a eficiência ao combinar diferentes modos de transporte, aproveitando as melhores características de cada um.

“Posso combinar o transporte de cargas utilizando o modal aquaviário até determinado porto e depois usar um caminhão para a entrega direto no destino ou, ainda, ferroviário e aquaviário para longas distâncias e grandes volumes de carga”, destaca Andreia Pedrosa.

Ela ressalta que a intermodalidade ajuda a aliviar a pressão sobre as rodovias e a reduzir os custos logísticos.

“Além disso, ela minimiza os impactos ambientais, pois modais como o ferroviário emitem significativamente menos CO²”, exemplifica.

Contudo, a integração entre esses modais pode ser complexa e exigir uma coordenação precisa, o que pode resultar em desafios logísticos adicionais.

“Além disso, a intermodalidade pode enfrentar resistências culturais e operacionais dentro das empresas que, muitas vezes, preferem manter métodos de transporte com os quais estão mais familiarizadas”.

Andreia Pedrosa cita que, no Brasil, os modelos de combinação mais comuns incluem o uso de rodovias em conjunto com ferrovias, hidrovias e aéreo.

“O transporte de soja do Centro-Oeste para os portos, por exemplo, frequentemente utiliza caminhões para levar a carga até terminais ferroviários e hidroviários, de onde segue viagem até os portos para exportação”, cita.

Outro exemplo é a utilização do transporte rodoviário para entregar cargas nos aeroportos, aproveitando a agilidade que o modal oferece.

“Esses modelos de combinação aproveitam as vantagens específicas de cada modal, proporcionando maior eficiência e economia ao sistema logístico”, finaliza Pedrosa.

Quer continuar aprendendo sobre cada um dos principais tipos de modais de transporte? Então continue com Digital Intermodal!