Em celebração ao mês da mulher, temos o prazer de apresentar uma série de entrevistas com mulheres inspiradoras que ocupam posições de destaque em diversos segmentos da logística e do setor de cargas e transportes.

Neste contexto, destacamos a trajetória de Samantha Albuquerque, coordenadora de planos de infraestrutura de transporte da INFRA SA. Ela mostrou-se uma líder exemplar cujo trabalho tem influenciado significativamente o setor. 

Confira, a seguir, o nosso bate-papo com a profissional!

Quem é Samantha Albuquerque?

“Sou graduada em Administração de Empresas com ênfase em Gestão de Negócios Internacionais. Em 2003, comecei minha carreira na área pública em gestão de projetos. 

Em 2008, quando Roterdã era o maior porto do mundo, me mudei para os Países Baixos para fazer um Mestrado na área portuária. 

Permaneci em Roterdã até 2018 trabalhando em planejamento logístico, armazenagem e distribuição de petróleo e seus derivados (gasolina, diesel, querosene de aviação, óleo combustível e bunker). 

Em 2018 retornei ao Brasil para trabalhar na Embaixada do Reino Unido como Gerente do Programa de Facilitação de Comércio. 

Dentre os principais projetos do meu portfólio, estão a acessão do Brasil à OCDE e melhoria da eficiência portuária no Brasil por meio da implementação de Port Community Systems (PCS). 

Em 2021, me juntei ao time da INFRA S.A. (até então Empresa de Planejamento e Logística – EPL) para coordenar a área responsável pela elaboração de Planos Mestres para os 35 Portos Públicos e com o desafio de desenvolver uma nova metodologia”.

Como é um dia de Coordenadora de Planos de Infraestrutura de Transporte da INFRA SA?

“Um dia na Coordenação de Planos de Infraestrutura de Transportes (COPIT) é repleto de reuniões e muito estudo. 

Com o lançamento da nova metodologia de elaboração de Planos Mestres, estamos bem dedicados ao desenvolvimento do roteiro metodológico. 

Precisamos estar antenados com os acontecimentos no mundo e os impactos que podem ter no setor. Isso nos permite realizar um planejamento mais próximo da realidade. 

O setor portuário no Brasil é muito complexo e cheio de desafios e especificidades, o que nos permite aprender todos os dias.

Nós também somos o braço técnico da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA), do Ministério de Portos e Aeroportos, no que tange ao Planejamento Integrado dos Transportes. 

Com isso, é necessário mantermos uma relação bem próxima com a Secretaria, com reuniões quase semanais. A coordenadora é responsável por essa relação no que tange aos Planos Mestres. Isso ajuda a ter uma visão do todo, tanto para nós quanto para a SNPTA.

Além disso, a coordenadora é a responsável pelo olhar final e crítico de todos os documentos que saem da coordenação, como Planos Mestres, Planos de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZs) e o roteiro metodológico da nova metodologia. Ou seja, tem muita leitura crítica envolvida nessa posição e é preciso entender um pouco de tudo”.

Trajetória: o que te levou ao setor de relações internacionais e gestão logística?

Desde pequena, eu sempre tive facilidade com outros idiomas. A minha mãe falava que eu iria ser diplomata. 

Apesar do desejo da minha mãe, a diplomacia nunca me encantou. O meu primeiro desafio foi quando eu disse que iria estudar Comércio Internacional em 1999, contra a vontade da minha mãe. 

Considerando que um dos marcos do comércio exterior é INCOTERMS 2000, o comércio internacional não era muito popular naquela época. 

Eu realmente me apaixonei pelo curso! Os temas eram muito interessantes e com isso eu procurei um mestrado na mesma área no lugar que eu mais ouvia falar durante a faculdade: Roterdã”.

Como você enfrentou e enfrenta os desafios da sua carreira?

“Eu sou mãe solo de uma linda menininha de 7 anos e sou mulher numa área dominada por homens, então os desafios não são poucos, tanto pessoais quanto profissionais. 

Acredito que há características na minha personalidade que me ajudaram com isso. Eu sou uma pessoa muito positiva, determinada e esforçada. 

Eu sempre procurei fazer um esforço para me adaptar às situações, entender a cultura (tanto organizacional quanto social), aprender novos idiomas, entender os valores das organizações em que eu trabalhei, o que sempre me ajudou, e muito! 

Eu consigo gerenciar o meu tempo muito bem, às vezes nem eu entendo como fiz tanto em um dia! 

Para isso, uso ferramentas, faço listas, tudo que me ajude a me organizar. Hoje em dia tem muita coisa disponível para te ajudar, mas antes eu fazia só na agenda mesmo”.

Quais qualidades te levaram ao sucesso?

“Eu acho que curiosidade, determinação, adaptabilidade e organização são as principais características as quais eu atribuo o meu sucesso. 

Acredito que a liderança é uma característica nata que me ajudou muito. Eu sou uma pessoa muito direta e eu sempre protejo a minha equipe, o que sempre ajudou a ter ótimos profissionais ao meu redor”.

Liderança: que dicas você daria para novas integrantes em carreiras de planejamento logístico?

“Trabalhe em empresas nas quais você se identifique com os valores, isso vai tornar o seu trabalho muito mais prazeroso. 

Aprenda de tudo um pouco, você nunca sabe quando aquele conhecimento será útil. 

Conheça o que o resto do mundo está fazendo no setor. Se possível, experiencie novas culturas e conheça outros portos, isso te ajudará a ter uma visão diferente das coisas. 

Tenha orgulho de onde você trabalha e contribua para o crescimento da empresa. Tenha coragem e empodere as pessoas ao seu redor”.

Como destacado por Samantha, os desafios para as mulheres no comércio exterior, infelizmente, ainda existem. Porém, com resiliência e força de vontade, as profissionais da área estão superando preconceitos e estereótipos, conquistando o seu espaço com muito mérito e profissionalismo.

Leia mais sobre o tema! Confira agora nosso artigo sobre desafios e oportunidades das mulheres no comex.