O transporte multimodal é aquele que integra rodovias, ferrovias, aviões, barcos e outras tecnologias para que a entrega seja mais rápida e eficiente, e o Brasil ainda discute as melhores formas de chegar a esse modelo. Por isso, durante a 28ª edição da Intermodal South America, diversos especialistas discutiram o tema sob mediação do diretor-executivo do Instituto Brasil Logística (IBL), Augusto Wagner.

A secretária especial para o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Casa Civil da Presidência da República, Amanda Seabra, revelou os planos do Governo Federal para alcançar esse objetivo, que incluem dezesseis leilões e dois projetos pioneiros envolvendo portos importantes para o PIB brasileiro. Segundo ela, o PPI proporciona constante contato do Estado com o mercado, alinhando as expectativas do investidor e do país.

“Estamos agora com dezesseis leilões no total, muitos deles portuários, mas há dois deles que são completamente pioneiros: as concessões do Canal de Paranaguá, no Paraná, e do Porto de Itajaí em Santa Catarina. Isso porque esses projetos, alinhados com o planejamento estratégico para as rodovias e ferrovias brasileiras, têm um pipeline extenso para que os investidores possam se organizar, com carteira estruturada e um modelo de gestão acompanhado pelo poder público”, revelou a secretária.

Por que as ferrovias foram deixadas de lado no Brasil?

Já o diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Davi Barreto, abordou a antiga necessidade do nosso país de investir em ferrovias para desafogar o fluxo de caminhões. Segundo ele, essa mudança de cultura demanda tempo de maturação e entendimento do investidor.

“Apesar das nossas ferrovias terem participação tímida no transporte do país, as cargas transportadas têm uma vocação ferroviária, e o ritmo de crescimento do agronegócio, da mineração e das necessidades internas brasileiras é gigante. Por isso há a necessidade de novos projetos de concessão, a retomada de investimentos públicos e ferrovias e autorizações para uso de malhas ociosas que podem ganhar produtividade com outro player ou outra carga. Tudo isso demonstra que não há antagonismo entre transportes, e sim a alocação eficiente para que cada um possa contribuir melhor”, afirmou Davi Barreto.

Representando os transportes aquaviários, a diretora da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Flavia Takafashi, destacou a importância dos estudos de viabilidade para áreas ambientais protegidas, aprimorando cada vez mais as regras para leilões que sejam sustentáveis.

“A Agência elabora as minutas de contrato do leilão, mas não apenas elas, e também toda a discussão em torno daquela concorrência. A nossa missão é implementar a política pública, que é algo maior. É disponibilizar conhecimento para o mercado, entendimento de projetos prioritários, uma melhor demanda de cargas e análise de gestão de cabideiro, por exemplo. Com eficiência logística e ocupação de áreas tradicionais como Paranaguá e Recife, acabaremos criando um arcabouço regulatório muito importante”.

A evolução dos portos e canais hidroviários

Outro a falar no painel “Desafios de Infraestrutura e Regulação na Logística Brasileira” da Intermodal South America foi o diretor-presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Jesualdo Conceição da Silva, que chamou atenção para a necessidade de aprimorar a sinalização e dragagem dos nossos canais hidroviários, reduzindo o custo logístico e aumentando as garantias para os investidores.

“Existem, sim, gargalos de logística na indústria brasileira, mas isso significa que estamos aumentando a produção e o escoamento. Quando a demanda cresce, sempre haverá gargalo. O custo logístico no Brasil é de 12% com relação ao faturamento total da empresa, enquanto a média mundial é de 10%. Por outro lado, pelo nosso relevo e clima, temos várias opções de modais de transporte, o que permite reduzir os custos. É preciso ter um olhar atento à questão hidroviária, criando segurança, sinalização e dragagem para a navegação, porque nossos rios são extremamente navegáveis. Dentro dos nossos portos, já temos um padrão internacional de investimentos que não deixa a desejar, mas a tranquilidade de longo prazo ao investidor e ao Estado ainda deve avançar”.

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