Não é novidade que o setor agro é um dos que mais movimenta a economia do país. Prova disso é que o agronegócio brasileiro fechou o primeiro semestre de 2022 com superávit de US$ 71,2 bilhões, um crescimento de 32,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

Porém, para que o setor siga em constante crescimento, é essencial que os governos façam investimento em logística. Para isso, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) elaborou um documento em que diz o que espera dos próximos governantes.

A ideia é que o manifesto da CNA sirva como uma espécie de guia para que o presidente da república, os governadores estaduais, os senadores e os deputados eleitos no pleito de 2022 possam tomar as medidas necessárias para o agro seguir se fortalecendo. 

Entre outros pontos, o investimento em logística se faz muito necessário. Sobre esse assunto, conversamos com Frederico Favacho, advogado especialista em agronegócios e sócio do Santos Neto Advogados. Acompanhe abaixo!

A atuação dos principais modais de logística para o setor agro

Para compreendermos a atuação da logística no setor agro, é fundamental saber como o segmento se relaciona com cada modal de transporte. Favacho traçou uma espécie de panorama. Veja a seguir!

Transporte rodoviário

Segundo Favacho, o agronegócio brasileiro é extremamente dependente do modal rodoviário e continuará a sê-lo, sendo o setor que mais demanda a prestação de serviços do transporte rodoviário de cargas

“Tanto nas grandes culturas, como soja, milho, cana, café, algodão, como no setor de hortifruti ou no setor de proteína animal, o uso desse modal é intenso, desde o recebimento dos insumos (fertilizantes, defensivos, por exemplo) nas fazendas até a distribuição da produção”, diz o especialista.

Ele prossegue: “Um aspecto relevante do uso do modal rodoviário é a sua relação com a safralidade da produção do agronegócio, o que implica dizer que a demanda desse modal está diretamente associada ao estágio da produção, com alta demanda para o momento pós-colheita.”

Ainda segundo nosso convidado, “essa característica, decorrente, dentre outras razões, do déficit de armazenagem no país, tem reflexos na formação da frota nacional de caminhões e a variação dos valores do frete rodoviário.”

Transporte ferroviário

Para Favacho, o modal ferroviário é estratégico para a exportação da grande produção brasileira de grãos, em razão do deslocamento de grande volume de mercadoria e da ligação dos terminais ferroviários aos terminais portuários.

“No entanto, a malha ferroviária ainda é limitada em relação às necessidades do país. Assim, o agronegócio compete especialmente com o setor minerário pelo uso das ferrovias, setor este que, diferentemente daquele, não tem o condicionante da safra”, comenta o  advogado.

Transporte marítimo

“Na medida em que 70% da produção agropastoril no Brasil destina-se ao mercado internacional, o agronegócio brasileiro está intrinsecamente associado ao transporte marítimo internacional, com alguma utilização também do transporte de cabotagem, especialmente para a distribuição de insumos como fertilizantes”, explica Favacho.

Ele continua: “Utilizando tanto navios graneleiros para transporte a granel quanto containers, o setor agro é grande demandante de transporte marítimo ainda que a maior parte dos contratos de exportações se deem na modalidade FOB, com o afretamento dos navios por parte dos compradores internacionais”.

Transporte aquaviário

Sobre a utilização do transporte aquaviário pelo agro, Favacho declara: 

“A excelente navegabilidade das  hidrovias Tapajós e Tocantins, entre o trecho de Miritituba, no Sul do Pará, ao norte do Mato Grosso, onde se localizam os terminais de transbordo rodoviário-hidroviário, até Santarém e Vila do Conde, onde ficam os terminais marítimos, permite a empurradores (de fabricação nacional) conduzirem comboios de nove barcaças que, juntas, podem carregar até 19.100 toneladas de produtos, equivalente a 191 vagões em uma ferrovia ou a 708 carretas, a um custo de diesel muito menor e com impacto ambiental proporcionalmente menor”.

Investimentos em logística necessários para melhorar o setor agro no Brasil

Tendo em vista tais informações, perguntamos a Favacho, quais são os investimentos em logística que ele julga serem necessários para melhorar o setor agro no Brasil.

No entender do especialista, a grande aposta logística para melhorar o agronegócio no Brasil deveria ser primeiramente a ampliação da malha ferroviária com preferência para a ligação dos estados produtores do Centro-oeste aos terminais portuários do Norte e do Nordeste.

“Um investimento mais ambicioso ligando a produção brasileira ao pacífico seria um grande acontecimento. Isso porque se reduziriam. consideravelmente os custos com frete na exportação dos produtos brasileiros destinados à China, nosso grande mercado consumidor”, finaliza ele.

Quer saber mais? Aproveite e confira também nosso conteúdo sobre os benefícios da intermodalidade no transporte agropecuário. Boa leitura!