Uma das grandes apostas do setor ferroviário no Brasil, a Nova Ferroeste promete trazer um importante avanço para o recebimento e escoamento de cargas no estado do Paraná, idealizador e responsável pela obra.

Com o tema “Nova Ferroeste – A nova rede que pode mudar a logística do Sul da América”, os impactos dessa nova linha foram discutidos durante a NT Expo 2023 em um painel mediado por Vicente Abate, presidente da ABIFER – Associação Brasileira da Indústria Ferroviária. Participaram do encontro:

  • Luiz Henrique Fagundes, coordenador do Grupo de Trabalho do Plano Estadual Ferroviário do Governo Paraná; e
  • André Luiz Pioli Bernascki, diretor de Desenvolvimento Empresarial da APPA – Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina.

Acompanhe abaixo alguns dos pontos abordados no evento!

O cenário atual da Nova Ferroeste e seu impacto na região

Iniciando o painel, Abate questionou Fagundes sobre o atual andamento do projeto da Nova Ferroeste. O representante do governo paranaense destacou que a ideia é transformar o estado em um verdadeiro pólo logístico.

“Se formos observar o estado em um raio de 1000 km temos 70% do PIB da América do Sul gravitando em torno do Paraná”, afirmou.

Fagundes prosseguiu: “Temos hoje o segundo maior porto em movimentação de carga, sendo o mais eficiente, mas se acontecer uma transformação ela será através do modal ferroviário completamente integrado com o porto.”

Ainda segundo Fagundes, o projeto trará um ganho de produtividade para todo o país, como a redução do tempo de viagem até o Porto de Paranaguá, incluindo também comércio com os países vizinhos ao estado, Paraguai e Argentina.

O especialista disse que a projeção inicial é de 38 milhões de toneladas de carga por ano transportadas até o porto com a Nova Ferroeste, mas que existe a possibilidade de que os números sejam ainda maiores quando a linha estiver em operação.

Os benefícios da ferrovia para o setor agropecuário

Prosseguindo, Abate falou sobre a proximidade com estados como Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, grandes produtores agrícolas que se beneficiarão da ferrovia para melhor escoamento de suas produções. Sobre o tema, Fagundes comentou:

“É o primeiro sistema ferroviário desenvolvido por um estado. ,  para conseguir esse ineditismo, conseguir criar uma parceria com todos estados que vão se beneficiar de forma conjunta, como Mato Grosso do Sul, que será uma fronteira muito importante com o agronegócio.” 

Ainda segundo ele, a shortline de 250 km oriunda de Santa Catarina ajudou a acelerar o projeto, integrando-o à Nova Ferroeste, o que fará com a ferrovia se integre com os estados próximos com maior facilidade e eficiência. 

“O oeste catarinense importa por ano de cinco a seis milhões de grãos para produção de proteína animal, e 60% vem do Mato Grosso do Sul. O Paraná hoje é o segundo na posição de suínos, e 70% da exportação desses dois tipos de proteína animal ocorrem nos dois estados, Santa Catarina e Paraná”, ressaltou.

O fato de que o Paraguai e a Argentina serem grandes produtores de soja que também estão envolvidos com o projeto também foi apontado por Fagundes como um exemplo das mudanças que a linha trará ao Sul do país e do continente.

“Essa cooperação, alinhada com o objetivo de desenvolver uma solução logística sustentável, é um dos fatores de sucesso deste projeto. Houve uma união muito grande com base em muitas conversas e discussões”, analisou ele.

A ligação da Nova Ferroeste com o Porto de Paranaguá

Representando dois dos principais portos paranaenses, Bernascki ressaltou que o estado quer duplicar sua produção agrícola e industrial nos próximos anos, e que o sistema logístico precisa estar completamente afinado neste sentido.

“Os portos do Paraná hoje são os mais eficientes do Brasil, porque com 4 km de cais apenas, nós fizemos 58 milhões de toneladas no ano passado. Essa meta de chegar a 60 milhões de toneladas era para 2030, e chegamos já em 2022”, informou.

Ele acrescentou: “Desse total, apenas 20% chegam por trem na cidade, e o restante por caminhões. Então nossa expectativa é que com a Ferroeste possamos chegar a 50% ao mínimo, tendo uma operação mais barata e eficiente, que reduzirá os custos e que trará mais clientes para fazerem sua logística pelo Paraná.”

O representante dos portos apontou o Moegão do Porto de Paranaguá como um exemplo disso, com contrato recém assinado com valor acima de 590 milhões de reais, que dará uma potência diferenciada à estação portuária. Ele comentou:

“Hoje trabalhamos com 500 vagões por dia, e poderemos aumentar para 900 vagões por dia, ou até 950. Então vai ser uma grande evolução. As composições que hoje entram picotadas na cidade com número de 100 vagões, poderão passar a 180 vagões sem interrupção e sem manobras que atrapalham a vida da cidade.”

A questão da sustentabilidade na concepção do novo projeto

Fagundes também reforçou que sua equipe está trabalhando na licença ambiental antes do leilão da Nova Ferroeste ser realizado, destacando assim a importância da questão que o aspecto da sustentabilidade tem para o avanço da ferrovia.

Bernascki, por sua vez, revelou o projeto do novo corredor de exportação do estado, aumentando a capacidade atual de três navios para sete navios operando a cada movimentação no Porto de Paranaguá.

“Hoje fora de safra são 2500 caminhões que chegam em Paranaguá todos os dias, e na safra chegam quase 6 mil caminhões entrando e saindo da cidade. O impacto que a ferrovia vai causar, podendo fazer esse trabalho da logística com mais eficiência, será fantástico”, vislumbrou.

Falando especificamente dos trens que utilizarão a Nova Ferroeste, Fagundes citou os double stacks como modelos contemplados no projeto, ajudando a levar combustível do Paraná para o Mato Grosso do Sul, entre outras ações.

Ao longo do painel os especialistas também revelaram que o Paraná tem apresentado o projeto no exterior em busca de financiamentos internacionais, assim como os estudos para a criação de um corredor bioceânico na região.

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