O bate-papo com o Ramon Alcaraz, CEO da JSL, passou pelos principais desafios da logística no Brasil, a importância da estratégia de um operador logístico para a eficiência, os desafios do e-commerce, digitalização e sustentabilidade.

Quais são os principais desafios atuais da logística no Brasil?

Ramon apresenta a logística como a arte de unir a matéria-prima à produção e a produção ao consumidor. Entre os principais desafios mencionados pelo entrevistado está fazer essa logística ser competitiva em um país com dimensões continentais com desafios de infraestrutura e poucos modais ligando essas grandes distâncias.

“Você tem, muitas vezes, a matéria-prima em uma região, o produto em outra e grande parcela de consumidores em outra. Os fluxos não são homogêneos, você tem um volume, por exemplo, indo do sudeste para o nordeste, completamente desproporcional ao sentido inverso.”

Qual a importância estratégica de um operador logístico?

Primeiro, Ramos explica a diferença de um operador logístico para um transportador: “O operador logístico é aquele que se envolve na logística como um todo, não só no transporte da origem A para o destino B, mas também na movimentação interna, na armazenagem, na distribuição urbana, no last mile.”

Para Ramon, a finalidade do operador logístico é solucionar os desafios brasileiros da forma mais eficiente e econômica possível.

Como a pandemia afetou a logística do e-commerce e quais foram os reflexos nas operações logísticas?

A pandemia impulsionou o e-commerce em aproximadamente 5 anos e trouxe desafios econômicos para a logística brasileira.

Segundo Ramos, o transporte de um produto para a casa do consumidor é mais caro do que de vários produtos para uma loja. Mesmo assim, o consumidor não está disposto a pagar mais no delivery do que ele pagaria em um shopping.

“Então, como é que você faz? Você tem que ser mais eficiente, esse é o grande desafio do e-commerce.”

Soluções logísticas para cada produto

Ramos aponta que cada produto tem uma necessidade específica. Como exemplo, o entrevistado fala do papel e da celulose, em que a madeira está plantada em uma floresta, a fábrica está em outro lugar e o consumidor pode estar do outro lado do mundo, como a China.

Na cadeia de remédios existe a exigência de veículos refrigerados para garantir a qualidade dos remédios, com a complexidade de alguns deles terem uma data de validade menor. Além do consumidor fazendo a compra online, o que exige uma logística eficiente para que isso não encareça muito o processo.

“O que a gente busca é eficiência, através da digitalização, através de modelos mais econômicos, levando os CDs para mais perto do consumidor. Enfim, achando soluções que viabilizem tudo isso.”

Sustentabilidade e digitalização da logística brasileira

Ramos entende que a digitalização é a única forma de transpor os desafios anteriormente citados. Assim como o Uber mudou a forma com que as pessoas se transportavam dentro das cidades, o entrevistado acredita que essas inovações também precisam ser levadas para a logística e transporte de cargas pesadas.

Sobre a sustentabilidade, Ramos diz ser um caminho sem volta. “Isso já é muito forte na Europa, veículos com combustíveis alternativos – muito do elétrico, muito do híbrido, muito do hidrogênio, GNV, etc.” 

O entrevistado menciona a palestra do Interlog Summit, que aconteceu durante a Intermodal 2023, em que foram exemplificados cases de sucesso aqui no Brasil.

“Por exemplo, a Riachuelo falava que 30% da sua distribuição urbana já é feita com veículos elétricos. A Ambev dizia que tem mais de 500 veículos elétricos rodando, inclusive a JSL é um fornecedor da Ambev com veículos elétricos, e ao Mercado Livre não é diferente.”

Você já pode assistir à palestra “Eletrificação da Logística da Ambev” . É só fazer a sua inscrição gratuita!

Ramos ressalta que a sustentabilidade não é só sobre o meio ambiente, mas também segurança e diversidade na contratação de pessoas. “O assunto sustentabilidade, seja na emissão de poluentes, seja na segurança, seja na diversidade, eu acredito em ações que sejam sustentáveis, não só do ponto de vista do tema, mas do ponto de vista econômico.”

Tendências para a logística brasileira nos próximos anos

Para o entrevistado, a digitalização e sustentabilidade conversadas durante o Papo em Movimento são as grandes tendências logísticas para os próximos anos.

Ramos também acredita em uma consolidação do mercado logístico, em que diz ter uma fragmentação de empresas muito grande. “Só para você ter uma ideia, a JSL é a maior empresa de logística do Brasil, o triplo da segunda, e não chega a 3% do mercado. Eu particularmente acho que o mercado não se sustenta assim, eu acredito em uma consolidação do mercado.”

Confira a entrevista completa na Plataforma Intermodal!