A cabotagem é o transporte de cargas realizada entre portos de um mesmo país. Embora seja uma alternativa viável para o transporte de cargas, a cabotagem ainda é pouco explorada no Brasil.

No entanto, com as melhorias da infraestrutura portuária e com a crescente demanda por logística eficiente, a cabotagem tem o potencial de se tornar uma importante opção para o transporte de cargas e aumentar a competitividade do país.

Neste episódio do Papo em Movimento conversamos com Luis Fernando Resano, diretor-executivo da ABAC – Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem, e Fabiano Lorenzi, diretor de operações e frotas da Norsul.

Veja alguns dos pontos abordados pelo especialista sobre a cabotagem no transporte de cargas para o avanço da logística brasileira!

Cabotagem como opção sustentável para o transporte de cargas

Abrindo a conversa, os especialistas falaram sobre as vantagens da cabotagem na questão ambiental, hoje tão importante e essencial para o setor de transportes.

“A questão ambiental hoje em dia faz parte da pauta de todo o mundo. E a cabotagem, que é um modal que emite menos gases de efeito estufa e já trabalha com a descarbonização especialmente quando comparada com outros modais, ela já de cara se coloca como a melhor opção, sem falsa modéstia aqui”, disse Resano

De forma semelhante, Lorenzi destacou que a cabotagem permite que menos combustível seja gasto para transportar uma quantidade significativamente maior quando comparada com outros modais. Ele observou:

“A relação de tonelagem que se tem hoje, e o consumo de combustível para se fazer o transporte de uma determinada distância, para um navio é desproporcional ao que você tem fazendo longas distâncias com um caminhão. Então a quantidade de cargas que se coloca em um navio permite a você ter muito mais eficiência.”

Para Resano, há ainda outra vantagem, que é o fato da cabotagem não necessitar de grandes investimentos em infraestrutura, já que utiliza os portos já existentes e trafega pela costa brasileira em sua longa extensão.

“Também devemos considerar o que se deixa de gastar, porque o governo necessita fazer estradas para os caminhões andarem, e se você tirar essa carga da estrada e a colocar no transporte marítimo”, pontuou.

O diretor da ABAC continuou: “São menos investimentos, menos acidentes, menos mortes e trazemos um equilíbrio da matriz de transporte que infelizmente no Brasil ainda é muito desequilibrada em favor do modal rodoviário.”

Segurança e intermodalidade como diferenciais da cabotagem

Outro aspecto abordado pelos entrevistados foi a segurança envolvida no transporte via cabotagem. Para Resano, isso implica em outras vantagens.

“Podemos trazer aqui o índice zero de roubos de cargas. Quando você tem números baixos de sinistralidade, o seu seguro diminui e você pode pagar menos”, afirmou.

Lorenzi apontou ainda a questão de poder se fazer a ligação entre os diferentes pontos do país de forma mais efetiva e ágil. Ele detalhou:

“85% do PIB nacional está na costa brasileira. Se enxergamos que a economia brasileira está na costa, e temos aproximadamente 8 mil km, você tem um veículo que pode fazer essa ligação de norte a sul de maneira muito mais eficiente, com custo menor, então o desafio hoje é de conversão da carga que está na estrada.”

Para o representante da Norsul, no entanto, isso não significa que a cabotagem e o modal marítimo irão substituir o modal rodoviário, mas sim complementá-lo.

“Não estou dizendo que vai parar o caminhão, mas sim que o caminhão levará essa carga até a costa para que ela possa transitar de cabotagem até seu ponto de destino”, refletiu.

A versatilidade do modal para o transporte de insumos e mercadorias

Resano também falou sobre as diferentes companhias que compõem a ABAC, ressaltando que há empresas de diferentes segmentos que já atuam com cabotagem, o que demonstra o grande potencial do modal.

“Como associação nós temos empresas que atuam em diferentes segmentos, entre elas a cabotagem industrial, que leva os insumos. E temos a cabotagem varejista, que leva um contêiner de arroz do Rio Grande do Sul ao Ceará”, comentou.

Ele acrescentou: “E dependemos do caminhão, pois o navio não vai até a fazenda ou ao supermercado. Por isso operamos como transportadores multimodais, usando também os modais rodoviário e ferroviário para entregar a carga ao cliente final, fazendo assim o transporte porta a porta.”

Assistia ao episódio completo do Papo em Movimento e veja mais do que os especialistas explicaram sobre o avanço da cabotagem no país