O Rio Grande do Sul, um dos principais estados industriais e agrícolas do Brasil, está enfrentando grandes desafios devido às enchentes que assolam a região na última semana. 

Estes fenômenos climáticos extremos não só causam perigo à população, danos aos edifícios e às infraestruturas, mas também têm um grande impacto na economia e no transporte do país, afetando diversos setores, desde a agricultura à indústria.

Impacto na agricultura e pecuária

O setor agrícola é uma das espinhas dorsais da economia do estado, contribuindo significativamente para o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul. Segundo a Secretaria da Agricultura, o PIB do Estado foi de R$ 594 bilhões em 2022, sendo R$ 98,6 bilhões provenientes da agropecuária.

A produção de commodities como soja, arroz, trigo, leite, gado e suínos é forte na região. No entanto, as inundações são uma ameaça direta a estas atividades.

A destruição de colheitas e perda de animais, os danos às infraestruturas de transporte e às mercadorias têm um impacto negativo na produção agropecuária.

Na agricultura, o Rio Grande do Sul é responsável por 68% da produção nacional de arroz.

Já na pecuária, o destaque é a participação gaúcha na criação de suínos e frangos e na produção leiteira.

Em 2022, por exemplo, exportou a carne de frango para 131 países. Porém, em razão da maior tragédia climática no Estado, o número deve diminuir.

Diversas rodovias estão interditadas, impedindo o transporte das aves e também de insumos para alimentá-las. 

Com 10,08 milhões de cabeças, o Rio Grande do Sul exportou carne de boi para quase 100 países em 2022. Já o couro e a pele foram destinados para 59.

A destruição de pontes e estradas prejudicam o transporte dos animais até os frigoríficos para o abate.

A exportação de suínos gerou US$ 622 milhões em 2022, mantendo o Rio Grande do Sul como o segundo no ranking.

Assim como a avicultura e a pecuária, a suinocultura é afetada pelas chuvas em razão da destruição de estradas para transportar porcos e ração.

Impacto nas indústrias

Indústrias e fábricas no Rio Grande do Sul também sofreram com os alagamentos, os cinco maiores setores industriais do estado são o da construção, seguido pelo de alimentos, veículos, máquinas e equipamentos, e o setor químico.

Além das produções agropecuárias, as empresas desses setores estão enfrentando desafios operacionais devido a interrupções no fornecimento de matérias-primas e diversas unidades de produção pararam temporariamente de funcionar.

Grandes empresas como a Gerdau, Randoncorp, Braskem e Tramontina paralisaram temporariamente suas fábricas e outras enfrentam dificuldades para produzir e distribuir produtos devido aos problemas logísticos causados ​​pelas enchentes.

Comércio exterior

O Rio Grande do Sul é um dos principais estados exportadores do Brasil, contribuindo fortemente para o comércio exterior do país.

Entre janeiro e dezembro de 2023, a soma das exportações do Rio Grande do Sul atingiu a marca de US$ 22,3 bilhões. 

No balanço do ano, a soja em grão manteve-se como o item mais exportado do Estado, seguido pelo fumo não manufaturado e farelo de soja.

A lista dos dez produtos mais exportados inclui ainda carne de frango, cereais, celulose, carne suína, partes e acessórios dos veículos automotivos, calçados e polímeros de etileno em formas primárias.    

Os oito principais destinos das exportações gaúchas durante 2023 foram a China, União Europeia, Estados Unidos, Argentina, Vietnã, México, Paraguai e Uruguai.

A interrupção temporária das operações de exportação devido às inundações afeta principalmente a distribuição de produtos agrícolas e pecuários para diversos países.

Logística nacional

As enchentes no Rio Grande do Sul também impactaram negativamente a logística nacional.

Os fechamentos de rodovias e ferrovias afetam o transporte de mercadorias, não apenas dentro do Estado, mas também entre diferentes regiões do Brasil.

A suspensão parcial da linha férrea Rumo entre Cacequi e Rio Grande ameaça os embarques de grãos e petróleo, interrompendo as cadeias de abastecimento nacionais.

As empresas de transporte e logística enfrentam desafios operacionais devido à destruição de infraestruturas e à dificuldade de acesso a determinadas áreas.

Entre os 163 pontos de interdição em rodovias totais ou parciais, 61 pontos são em estradas federais e 102 trechos em 58 rodovias estaduais (informação de 07/05/2024).

A ajuda humanitária também está sendo afetada pela interdição das rodovias, com cidades em desabastecimento por não conseguirem receber insumos de consumo básico para a população e desabrigados, como água, alimentos, roupas, itens de higiene pessoal e produtos de limpeza. 

A cabotagem pode ser usada como alternativa ao transporte rodoviário. A Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (ABAC) ofereceu a disponibilidade de navios que partem de Santos (SP) e demais portos associados com mantimentos e itens de necessidade básicas.

Já a logística aérea tem sido a principal alternativa, com o envio diário de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para o transporte de pessoas, equipamentos e materiais de trabalho, alimentos, água e produtos para serem entregues à população atingida pelas fortes chuvas.

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O Rio Grande do Sul está passando por uma das piores catástrofes climáticas da história e precisa da ajuda de todos. Por isso, o Governo do Estado reativou seu canal de doações para a conta “SOS Rio Grande do Sul”, pela Chave pix (CNPJ): 92.958.800/0001-38 – Instituição Banrisul. Divulgamos essa ação como forma de incentivar a participação de todos.