pandemia da Covid-19 afetou não somente a saúde mundial, mas também todo o comércio exterior (Comex). As exportações brasileiras, por exemplo, foram impactadas, causando consequências no setor de logística das companhias. 

Para entender o momento que vivemos e as tendências para o mercado de exportações em um cenário pós-pandemia, conversamos com Arthur Achiles de Souza Correa, advogado especialista em Direito Empresarial e Internacional e ex-membro da Câmara Britânica de Comércio. 

Ele tem mais de 18 anos de experiência atuando com Direito Aduaneiro e Internacional e compartilhou a sua visão sobre as exportações na pandemia conosco. 

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Principais mudanças que ocorreram nas exportações brasileiras na pandemia 

Assim como em diversas outras áreas da economia, a logística, principalmente no que se refere às exportações, sofreu grandes impactos. Correa listou alguns dos principais. Veja mais abaixo: 

Migração para o home office 

Para tentar minimizar os efeitos negativos da pandemia nas exportações, foram adotadas novas práticas nos ambientes de trabalho.  

Parte dos funcionários das empresas de logística tiveram que ser deslocados para atuar em home office e foram criados planos de ação diferenciados. 

Adoção de protocolos de diferentes países 

As empresas de exportação brasileiras tiveram que se adaptar aos protocolos de segurança adotados por diferentes países para poderem continuar a operar. 

“Foi preciso ter muita atenção nas exigências do mercado internacional, em aspectos como sanitização, asseio e até embalagens de produtos”, conta Correa. 

Manutenção de parcerias 

Correa também explicou que, em relação aos parceiros e fornecedores de cada empresa, foi preciso manter contato frequente, flexibilizar alguns acordos e conhecer a situação de todos os envolvidos. 

Em muitos casos, foi necessário fazer algumas intervenções nas operações, para atender a todos de forma solidária. 

Preocupação com o desabastecimento 

Também houve o monitoramento da cadeia de suprimentos e a preocupação com o desabastecimento, por conta do fechamento de algumas fronteiras. 

Nesse sentido, Correa explica: “O contato entre importadores, exportadores, despachantes aduaneiros, agentes de carga e operadores de transportes foi crucial para o bom andamento das relações comerciais”. 

Recursos utilizados para manter o ritmo das exportações brasileiras na pandemia 

Para contornar a crise e manter o ritmo das exportações brasileiras na pandemia, algumas medidas foram tomadas pelas empresas e também pelo governo federal. 

“No aspecto civil, lançou-se mão do instituto da ‘força maior’ para renegociar contratos, bem como para justificar atrasos e descumprimentos contratuais”, conta Correa. 

Já no que se refere à tributação, ele explica que o governo reduziu a zero a alíquota do Imposto de Importação para os produtos necessários ao combate à pandemia e facilitou os processos de desembaraço aduaneiro. 

Inclusive, o governo federal publicou uma cartilha de orientação para auxiliar as empresas de exportação brasileiras, com protocolos a serem seguidos enquanto durar a pandemia. 

Tendências para as exportações brasileiras no pós-pandemia 

Correa acredita que, com a possibilidade de a vacina preventiva à Covid-19 ser distribuída para a população já nos próximos meses, o pior momento da pandemia já passou. Ele afirma que agora o foco deve ser em somar esforços para recuperar a economia. 

“Serão necessárias ações de cunho econômico por parte dos governos para fomentar o comércio internacional, como a disponibilização de linhas de crédito especiais”, diz o especialista. 

Ele também acredita que, com o retorno das atividades econômicas, haverá demanda para todo e qualquer tipo de produto, tendo em vista que o mercado é o principal agente regulador. 

Questionado sobre as lições que foram aprendidas, Correa sintetizou: “Problemas sempre surgirão, tais como pandemias, crises econômicas, guerras, enfim, infortúnios de toda sorte. A grande lição que tiramos é a ‘reinvenção’, ou seja, conseguir agir de forma disruptiva”. 

Para isso, ele diz que é necessário olhar o exemplo de outros países, que encararam a pandemia com seriedade desde o início. De acordo com o especialista, as nações que adotaram as medidas restritivas e de prevenção com mais rigor tiveram resultados melhores nas exportações, assim como em outras áreas. 

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