O ESG, sigla em inglês que abrange o conceito de governança ambiental, social e corporativa, é primordial para empresas de todos os setores atualmente, e para o segmento ferroviário não é diferente.

Para abordar o assunto, o painel “ESG – O papel do setor ferroviário”, realizado durante a NT Expo 2023, em São Paulo, contou com a mediação de Maria Silvia Monteiro Costa, Head de ESG da Bravo GRC, e reuniu os convidados:

  • Daniely Andrade, Gerente de ESG da Rumo Logística;
  • Rafael Tello, Diretor de Sustentabilidade do Ambipar Group; e
  • Júlia Ambrosano, Senior Infrastructure Officer -Brazil /LatAm da Climate Bonds Initiative (CBI).

Continue acompanhando este artigo para conferir o que eles disseram no evento!

ESG como estratégia de longo prazo

A mediadora Maria Costa iniciou o encontro explicando mais sobre o conceito de ESG. Ela abordou a importância da questão da sustentabilidade e reforçou o fato de que existem diferentes perspectivas para essas iniciativas, com a principal sendo a visão de riscos e oportunidades.

“Quando integramos ESG no modelo de negócio, nós trazemos algo também muito importante e específico, que é a maneira como entendemos as relações com todos os stakeholders. E dentro dessa relação, como olhamos as oportunidades e os riscos de não tratar cada player com seu devido cuidado”, observou.

Costa também pontuou que a implementação do ESG em uma empresa é algo de longo prazo, pois os desafios envolvem que as empresas tenham desapego das práticas do que funcionava até aqui. Ela detalhou:

“Nossas ações precisam considerar as variáveis econômicas da exploração de recursos naturais, e sobretudo precisamos nos conscientizar de que, se não o fizermos, não teremos mais o planeta em algum momento.”

Parcerias para o avanço do ESG no setor ferroviário

Falando na sequência, Daniely Andrade observou que a sustentabilidade deve ser conjugada no plural através de parcerias que visam trazer impacto positivo para o setor ferroviário e áreas correlatas.

Como exemplo, Daniely abordou os dez compromissos da Rumo em busca do ESG, que vão desde segurança, ética, transparência, mudanças climáticas e diversidade, entre outros pontos vitais para a empresa do setor.

“O ESG busca formas de transformação do que temos hoje. Cada empresa com sua individualidade deve entender como ter parcerias com sua cadeia de valor para potencializar esse impacto”, disse.

Ela complementou: “Um exemplo que posso dar é justamente no mercado financeiro, onde a Rumo foi a primeira empresa brasileira a emitir uma ação de sustentabilidade no valor de 1,5 bilhões de reais”, destacou ela.

Daniely também destacou a atuação do Instituto Rumo, que trabalha com jovens de áreas próximas às ferrovias focando na inclusão sócio-produtiva através da educação e estudos.

“Esse olhar amplo em todos aspectos do ESG é justamente a base de sustentação dessa estratégia de sustentabilidade”, resumiu a painelista.

Mitigação de riscos e ação rápida em casos de acidentes

Ao ter a palavra, Rafael Tello iniciou sua participação falando sobre a parceria entre a Ambipar e a Rumo nas respostas a emergências em casos de acidentes, minimizando eventuais impactos negativos para as pessoas, o meio ambiente e a própria empresa. Ele comentou:

“O grande desafio que temos quando falamos de sustentabilidade e ESG é traduzir conceitos abstratos em objetivos concretos. Quando a Daniely falou sobre a ideia de quebrar o ciclo da pobreza, pode parecer abstrato, mas quando conhecemos a comunidade e vemos os caminhos, vemos como trazer isso à realidade.”

De acordo com ele, a Ambipar tem atuado em duas frentes: a de transformar o chamado “capitalismo de stakeholders”, que visava apenas a valorização dos lucros, para uma visão que busque agregar valor em diferentes frentes.

O outro aspecto abordado por Tello foi o plano da Ambipar de, até 2030, liderar uma economia circular e de baixo carbono. Ele explica que a companhia precisa ser rápida e efetiva em suas ações de atendimento de emergência nas ferrovias.

“Quanto menos tempo levamos para atender uma emergência, menos problemas ela causará. Temos o sistema de crédito de carbono em que a emissão é calculada e compensada, garantindo a redução do impacto do atendimento”, disse ele.

Descarbonização e impactos financeiros do ESG

Em sua participação, Júlia Ambrosano explicou que o papel da Climate Bonds Initiative é ajudar na transição para um mercado descarbonizado, alinhadas ao acordo de Paris. Ela detalha:

“Nossas principais frentes são a definição de critérios que vão embasar operações como as da Rumo, que vai apontar uma descarbonização. No caso de transporte temos as ferrovias com emissão de até 21 gramas de CO2 por quilômetro rodado, e com base nesse coeficiente de mitigação, uma operação verde pode ser emitida.”

Ambrosano apontou o fato de que hoje os investidores já buscam realizar suas operações tendo em vista empresas que cumprem com metas ESG, o que influencia no capital financeiro e nos ganhos de companhias ferroviárias.

“O mercado de títulos verdes no Brasil começou em 2015 e hoje já tem mais de 12,3 bilhões de dólares emitidos. E, se entrarmos no mercado de sustentabilidade, temos mais 11.6 bilhões de dólares. Então é um mercado que tem crescido muito e foi muito puxado pelos próprios investidores”, analisou ela.

Sustentabilidade como padrão para o futuro do segmento

Ainda de acordo com a representante do CBI, essa tendência deve se consolidar como a ordem padrão, e por isso as empresas ferroviárias precisam ter ainda mais atenção para as questões de sustentabilidade e responsabilidade social. 

“Se eu estou construindo uma ferrovia em um microclima que terá um aumento de seis graus nos próximos anos, eu estou oferecendo um risco financeiro ao meu investidor, e eles estão alinhados a isso”, pontuou.

Maria Costa relembrou que muitos serviços já estão nascendo com foco no ESG, e isso se aplica também ao setor ferroviário, mas destaca que o Brasil ainda está no início, reiterando no entanto que é bom que o movimento esteja começando aqui.

Tello finalizou observando que hoje ficou mais fácil encontrar e definir as metas que visam ações mais sustentáveis no setor ferroviário, o que gera ações positivas para o mercado financeiro e para a visão que o público tem da empresa.

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