A logística do transporte nacional é um assunto que ganha os holofotes constantemente, principalmente em anos de troca de governo. Frente aos desafios diários, o início de um ciclo traz novas tendências e perspectivas que tem como objetivo principal a integração entre todos os modais, tornando o setor ainda mais eficaz.
Com o intuito de trazer mais informações aos profissionais que trabalham nos setores de logística, transporte e comércio exterior, a Intermodal lançou este ano o Interlog Summit com duas programações simultâneas: a já tradicional Conferência Nacional de Logística e a primeira edição do Congresso Intermodal South América.
Perspectivas e tendências na infraestrutura e logística do transporte nacional foi tema do primeiro painel do Interlog Summit que trouxe para o debate figuras importantes da logística nacional com mediação de Pedro Moreira, Presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog). Participaram do encontro:
- Wellington Fagundes, Senador e Presidente da Frente Parlamentar Mista de Logística e Infraestrutura (Frenlogi);
- Vander Francisco Costa, Presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT);
- Fernando Simões Paes, Diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF);
- Roberto Oliva, Presidente do Instituto Brasil Logística (IBL) e do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP);
- Edson Bez de Oliveira, Diretor institucional da Frenlogi.
A seguir, você acompanha os principais tópicos abordados pelos especialistas durante o primeiro painel do Interlog Summit. Boa leitura!
CNT defende integração entre todos os modais existentes no Brasil
Vander Francisco Costa, Presidente da CNT, foi o primeiro a se manifestar sobre as perspectivas e tendências na infraestrutura e logística do transporte nacional. Segundo ele, as diferentes formas de transporte – rodoviário, ferroviário, marítimo – tem condições de trabalharem de forma integrada.
“A CNT defende já há muito tempo a necessidade de um transporte equilibrado entre todos os modais. Cada modal tem a sua vocação. Eles são muito mais complementares entre si do que concorrentes”, opina Costa.
O Presidente da CNT exemplifica: Dificilmente você vai encontrar um telefone celular sendo transportado por uma ferrovia, mas o minério, a safra, os insumos têm um apelo muito forte para a ferrovia”.
“Da mesma forma que você não vai encontrar pequenos volumes de alto valor agregado na ferrovia, você não encontrará nenhum trem fazendo entrega em residência, no e-commerce ou mesmo numa loja”, completa.
Ainda, Costa afirmou que, além das rodovias e ferrovias, o Brasil tem um potencial muito grande na navegação. Entretanto, mesmo com rios navegáveis, nenhuma hidrovia foi construída ao longo dos anos.
“Para se construir uma hidrovia em um país como o nosso que tem rios navegáveis, é muito mais barato do que fazer uma rodovia ou uma ferrovia. A compreensão da necessidade da integração entre os modais é um fator importante para o crescimento econômico”, acrescenta.
Biodiesel: contratação de estudo científico para determinar mistura menos poluente
Outra questão abordada por Vander Francisco Costa é o biodiesel. Segundo ele, a CNT representa as empresas que consomem entre 95% e 98% de todo o diesel usado no Brasil.
“Quando aumentou, no passado, de 10% para 13%, nós tivemos uma série de acidentes. Na verdade, os nossos motores não estão desenvolvidos para absorver índices superiores aos praticados no Brasil”, lembra Costa.
Para mudar isso, a CNT apresenta uma proposta inovadora. “Estamos há muito tempo falando isso e não conseguimos. Contratar um estudo científico/técnico para determinar qual a mistura que menos polui. Estamos deixando de defender a mistura mais barata ou mais cara para ser a que menos polui e preservar o meio ambiente”, ressalta.
A força e a competitividade do país está em uma logística e infraestrutura de transporte eficiente
O segundo especialista a falar no 1º painel do Interlog Summit foi Wellington Fagundes, Senador reeleito pelo Mato Grosso. Ele destaca que a logística e a infraestrutura de transporte eficientes são os pilares de um país.
“Nunca foi tão importante investir em infraestrutura no nosso país. Por isso, é importante ampliar os investimentos públicos e privados. Precisamos aumentar a segurança jurídica e aperfeiçoar os marcos regulatórios do setor da infraestrutura e transportes para estimular e fomentar os investimentos”, ressalta Fagundes.
Ele destaca o trabalho realizado no Senado Federal no final do ano de 2022 para aprovação da PEC 32/2020, garantindo um orçamento de R$ 22 bilhões para serem usados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no ano de 2023.
“A situação das nossas estradas no Brasil realmente é bastante preocupante, por isso esses recursos são fundamentais. Uma outra preocupação é como o DNIT terá condições de aplicar esses recursos, porque muitos projetos precisam ser feitos, licenças ambientais e principalmente a preocupação com material para execução”, aponta o Senador.
No setor ferroviário, Fagundes destacou dois grandes desafios que já foram superados:
“Quero destacar a renovação antecipada das concessões ferroviárias. Em 2020 foram renovados os contratos da Malha Paulista e da Estrada de Ferro Vitória-Minas e da Estrada de Ferro Carajás, ambas da Vale. E já em 2022 a renovação do contrato da MRS”, informa.
Ele complementa: “Várias propostas estão sendo estudadas para tirar as ferrovias do papel, destacando-se a possibilidade de criação de um fundo de infraestrutura com recursos de outorgas que serão arrecadados e a ampliação do mercado de debêntures de infraestrutura”.
Expectativa do setor ferroviário é contribuir para equilíbrio da matriz de transporte brasileira
De acordo com Fernando Simões Paes, Diretor-executivo da ANTF, o setor ferroviário apresentou um grande salto nos últimos anos, tanto do ponto de vista qualitativo quanto quantitativo.
“As ferrovias sempre foram excelentes no transporte do minério de ferro. Então, a grande pergunta que a gente sempre se fez foi: se a gente é capaz de ter excelência no transporte de minério, por que a gente não é capaz de ter excelência no transporte de outras commodities, principalmente as commodities agrícolas e da carga geral?”, questiona Paes.
Ele destaca que o setor passou da fase de ter apenas expectativas para um período de realizações.
“A expectativa daqui pra frente é que as ferrovias possam cada vez mais entrar na carga geral, ajudar na redução ou no equilíbrio maior da matriz de transporte brasileira que ainda é muito focada no modal rodoviário”, destaca.
Acessibilidade aos portos é grande problema enfrentado pelo setor
Roberto Oliva, Presidente do IBL e do Conselho Deliberativo da ABTP destaca que o grande problema enfrentado pelo setor portuário atualmente é a falta de acessibilidade. “Existe uma deficiência de ferrovias e de rodovias para que as cargas entrem e saiam dos portos em segurança”, ressalta.
“Importante se ter o conceito de que porto é passagem. O porto é a entrada e saída de riquezas e de mercadorias. Então, os acessos portuários são fundamentais. Também não podemos deixar de falar dos acessos marítimos, o longo tempo que se despende para a obtenção de uma licença para dragar os portos”, completa Oliva.
Para finalizar, Edson Bez de Oliveira, Diretor institucional da Frenlogi, destacou a importância da realização de investimentos na área dos transportes. Segundo ele, nenhum país crescerá sem investir em logística e infraestrutura.
“Nós temos exemplos disso. Inclusive, estados do Brasil que se desenvolveram mais do que outros. Eu cito São Paulo e Minas Gerais, porque São Paulo há mais de 50 anos resolveu investir em todos os governos em logística e infraestrutura”, concluiu.
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