Nos vastos horizontes dos oceanos, uma ameaça significativa vem assombrando as rotas comerciais: os piratas modernos.

Em um cenário onde a tecnologia avança a passos largos, é intrigante observar como as práticas ancestrais de saques e pilhagens persistem, adaptando-se aos tempos atuais.

Para falar sobre o assunto, conversamos com Angela Cristina Kochinski Tripoli, doutora em Administração e coordenadora dos cursos de Comércio Exterior e Gestão Global Trading do Centro Universitário Uninter.

Entenda mais abaixo!

Piratas modernos: definição e relevância nos dias de hoje

Angela Tripoli explica que os piratas modernos podem ser classificados, nos dias de hoje, em dois tipos: os de pequeno porte e as organizações de piratas.

O primeiro grupo, segundo a entrevistada, tem como objetivo atacar os navios para saquear os cofres. Neste caso, eles normalmente trabalham para si mesmos.

Já as organizações de piratas consistem em grupos que se envolvem em atividades ilegais marítimas, se posicionando em pontos estratégicos utilizados como rotas pelas companhias.

Sorrateiramente, estes piratas abordam os navios para desviar cargas ou até mesmo negociar o resgate da embarcação.

“Atualmente os piratas agem de maneira multifacetada. Em termos econômicos e financeiros, a pirataria moderna representa um desafio significativo para a indústria de transportes internacionais, resultando em perda de bilhões de dólares anualmente”, comenta a professora.

Regiões mais propensas a ataques de piratas modernos

As regiões estreitas, conforme a convidada, estão entre as áreas mais suscetíveis aos ataques dos piratas modernos. 

Em geral, os ataques ocorrem na costa da Somália, Estreito de Malaca e Singapura. Mais recentemente, os terroristas e piratas Houthis atacaram a distância por meio de drones as embarcações que atravessavam o Mar Vermelho”, lembra.

Impacto da atividade de pirataria moderna na indústria de transporte marítimo e no comércio global

O impacto do crescimento da atividade de pirataria moderna na indústria de transporte marítimo e no comércio global, de acordo com Angela Tripoli, é “imensurável”.

“Para se ter uma ideia, nas regiões controladas pelos piratas modernos circulam 15% do tráfego marítimo internacional de cargas”, cita.

Ataques de piratas, operações logísticas e segurança das cargas em alto-mar

Nos dias atuais, as companhias marítimas acabam ficando vulneráveis aos ataques dos piratas modernos. 

“Dispor de uma segurança privada preparada para se defender deste tipo de ação em alto mar de fato é inviável”, opina a entrevistada.

“Desta forma, muitos armadores utilizam rotas alternativas que, apesar de alongar o percurso, trazem segurança aos tripulantes, aos acionistas e a todos os envolvidos na cadeia logística e de supply chain”, complementa.

Estratégias, tecnologias e medidas de segurança

Existem diversas estratégias e tecnologias que podem ser utilizadas para melhorar o planejamento de rotas. Angela Tripoli cita algumas das principais:

Contratação de escolta armada pelo menos para atuarem na cobertura da passagem dos navios nos locais mais vulneráveis, utilização de GPS com tecnologia de ponta que identifica movimentações suspeitas e atípicas em longas distâncias, treinamento rigoroso dos tripulantes e o uso de drones”, indica.

Para quem quer conhecer mais sobre a atividade dos piratas modernos, a especialista dá uma dica: 

“Assista ao filme Capitão Phillips. Ele conta a história do navio Maersk Alabama que foi sequestrado em 2009. Dá para ter uma boa ideia do que são esses piratas”, conclui.

E já que estamos falando sobre o transporte marítimo de cargas, veja também nosso conteúdo sobre logística portuária: o papel transformador de tecnologias emergentes!