Em meio a novos comportamentos de consumo e a mudanças de hábitos repentinas, o e-commerce foi um dos setores da economia que mais se destacou ao longo dos últimos meses de pandemia, chegando a crescer, em 6 meses, o equivalente ao que se esperava em 6 anos, segundo informações da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP).
No entanto, junto a esse boom de novas demandas e vendas, as empresas também se viram diante de novos desafios e transformações. Afinal, como conseguir se manter eficiente, tanto em questões logísticas, como no quesito atendimento, visto este crescimento tão repentino?
Para ajudar a prever um pouco sobre esse provável futuro do e-commerce no pós-pandemia, contamos com a participação de Kelly Carvalho, Assessora Econômica da Fecomercio-SP e que compartilha conosco algumas de suas visões.
Boa leitura!
Como está a situação do e-commerce hoje no Brasil e o que foi impulsionado pela pandemia?
Para buscar entender como deve ser o futuro do e-commerce no pós-pandemia, Kelly nos ajuda a compreender melhor como esse período de isolamento social e mudanças de comportamentos do consumidor brasileiro permitiram um aumento das compras online.
“O comércio eletrônico ganhou espaço durante a pandemia. Considerando as medidas restritivas de circulação, a alternativa das empresas para conseguirem sobreviver ao fechamento dos estabelecimentos foi de diversificar os seus canais de vendas pelo comércio eletrônico, seja por meio de marketplaces, seja pelas redes sociais. O consumidor teve uma boa experiência de compra pelo comércio eletrônico, e o que se observa hoje é que quem está fora deste mercado, perderá competitividade”, destaca a especialista.
Para complementar, Kelly ainda ressalta alguns dos setores que mais tiveram procura nesse período e alguns de seus principais motivos. Ela diz:
“As vendas de eletroeletrônicos e eletrodomésticos foram impulsionadas durante a pandemia, considerando que as famílias precisaram fazer uma readequação das suas residências para o home office e educação à distância. As compras por supermercados online também ganharam destaque durante a pandemia e o consumidor teve uma boa experiência, considerando a praticidade, a agilidade na entrega e a própria segurança (reduzindo o risco de exposição ao contágio). Também foi observado crescimento significativo na entrega de refeições via aplicativos.”
O que pode mudar no setor com o gradual retorno das atividades comuns?
Com base no panorama atual e nas tendências que já eram previstas para o setor, Kelly arrisca dizer que o futuro do e-commerce no pós-pandemia deve ser promissor e acompanhar esse ritmo de crescimento constante, mesmo com a retomada da rotina do comércio.
“A expectativa é de continuidade no crescimento das vendas no comércio eletrônico, mesmo que de forma desacelerada com a abertura gradual das atividades econômicas”, aponta a entrevista.
Ela ainda ressalta um outro aspecto que foi fundamental para as empresas conseguirem atender às altas demandas nesse período e que, certamente, deve continuar a influenciar a qualidade e eficiências das entregas no pós-pandemia também: a logística!
“Ressalta-se a importância da entrega das mercadorias pelo comércio eletrônico nesse período. As empresas que operam na logística e no transporte também ajustaram as suas operações para dar celeridade na entrega bem como vêm cumprindo com todos os protocolos de proteção e segurança em relação ao Covid-19″, diz Kelly.
Leia mais: E-book: Como encarar o desafio da logística 4.0?
Qual o cenário do meio para o pós-pandemia?
Ainda que seja cedo para prever, exatamente, o futuro do e-commerce no pós-pandemia, indicadores apontam para um crescimento constante e sustentável do setor, abrindo portas para novas oportunidades e tendências.
No entanto, a assessora da FecomercioSP descarta a ideia de que o e-commerce tomará o espaço das lojas físicas por completo, mas deve criar alternativas mais flexíveis e cômodas ao consumidor.
Ela explica: “O cenário é de continuidade do crescimento das vendas do comércio eletrônico, mesmo que em proporções menores do que as registradas durante a pandemia. Mas não significa dizer que o comércio eletrônico substituirá as vendas no comércio físico, mas fará parte do rol de opções de compras dos consumidores.
Considerando que a demanda por bens duráveis (eletrodomésticos e eletroeletrônicos) uma vez atendida, demora certo tempo para uma nova recomposição, bens não duráveis tendem a registrar crescimento, como é o caso de supermercados, petshops e materiais de construção.”
Que números podem ser destacados desse período e quais dicas para as empresas seguirem crescendo?
Para tentar prever melhor o futuro do e-commerce no pós-pandemia, Kelly nos traz dados e números mais exatos sobre a atuação do setor ao longo dos últimos meses e isso nos ajuda a enxergar – ou pelo menos imaginar – quais são expectativas daqui para frente.
“De janeiro a junho de 2020, a participação das vendas online no total do varejo no estado de São Paulo aumentou 0,8 ponto porcentual, crescimento semelhante ao visto entre 2013 e 2019. Com isso, o e-commerce, cujas vendas respondiam por 2,1% do varejo paulista em 2013 e 2,9% em 2019, saltou para 3,7% no primeiro semestre de 2020”, ressalta a assessora da FecomércioSP.
Para Kelly, boa parte desse aumento só foi possível graças às adaptações e investimentos das empresas em suas infraestruturas de atendimento e, dessa forma, ela complementa com as seguintes dicas:
“As empresas devem continuar investindo em ações para vender no comércio eletrônico, por meio dos marketplaces, redes sociais ou aplicativos de entrega. Também rever o planejamento estratégico do negócio, inclusive considerando um estudo de mercado para conhecer os novos hábitos de consumo é fundamental para o sucesso do negócio.”
E prossegue: “Também é importante que a empresa invista em estratégias de marketing digital, atraindo os consumidores com conteúdos relevantes, estreitando relacionamento e posicionamento na internet para melhorar o reconhecimento da marca. Além disso, a disponibilização de vários canais para comunicação com o cliente é fundamental.”
Para finalizar os conselhos úteis sobre como as empresas devem encarar o futuro do e-commerce no pós-pandemia, Kelly destaca a importância de se investir na gestão logística eficiente, em especial, no que se refere ao gerenciamento de estoques e de supply chain.
“Considerando as incertezas econômicas devido à pandemia, é preciso salutar que a empresa reveja também o seu estoque. É necessário focar no que o consumidor procura, e isso é possível por meio do estudo de mercado. Produtos parados em estoque significa prejuízo para a empresa. Realizar liquidações dessas mercadorias pode ser uma boa saída.”
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