A importância da inclusão ferroviária no sistema multimodal foi tema de debate no Congresso NT Expo 2023.

Participaram do painel, Marcelo Saraiva, diretor-presidente da Brado, empresa especializada em logística de cargas conteinerizadas, operação de terminais, armazenagem e distribuição, e Rodrigo Paixão, CEO da Contrail, com foco em modelos logísticos para transporte de contêineres. Já a moderação ficou por conta de José Cândido Senna, Diretor do Programa Exporta Brasil/ BRATRA – Brazil Trade Development Center e Coordenador do Comitê de Usuários dos Portos e Aeroportos do Estado de São Paulo da Associação Comercial de São Paulo – ACSP.

Transporte ferroviário e marítimo

A Brado mantém terminais espalhados pelo Brasil, nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Goiás, com abertura prevista em Palmas (TO) e Imperatriz (MA) no próximo ano, utilizando multimodais que usam ferrovias. “Em 2022, a Brado transportou 37 mil contêineres por ferrovias, sendo 35% desse total para o mercado interno e o restante para o externo, levando para Santos 70% da carga com a qual trabalhamos”, disse Saraiva. Os players de contêineres devem pensar como absorver a demanda de ferrovia que vem por aí”, completou o executivo.

Rodrigo Paixão endossou o colega panelista, afirmando que o foco da empresa “é colocar o contêiner na ferrovia brasileira que, nos próximos anos, terá um papel muito importante no sistema de transportes. Porém, o Porto de Santos, por exemplo, tem que se preparar, pois dispõe de terminais que não têm acesso ferroviário. 

“A RMS tem plano de expansão para aumentar sete vezes o número de contêineres até o fim da concessão e vemos muitos clientes vindo para a ferrovia principalmente pela questão da sustentabilidade, mas ainda temos que melhorar essa modalidade de transporte”, acrescentou Paixão.

Acesso ferroviário no Porto de Santos

O moderador, José Cândido Senna, complementou afirmando que “o Porto de Santos tem o grande desejo de ser o centralizador de contêineres na América do Sul, envolvendo a estrutura regional de grandes ferrovias. Santos movimenta hoje quase 5 milhões de contêineres, sendo 85% de longo curso e 15% de cabotagem, e para consolidá-lo o complexo portuário como hub temos que ter uma visão sistêmica do complexo portuário e da questão rodoviária, aproveitando a reserva de capacidade da Anchieta-Imigrantes”.

“Em 2023, vamos transportar 130 mil contêineres, em sua maioria para o mercado interno e hoje nosso limite é mercadológico. Essa limitação não é ferroviária, mas sim do Porto de Santos, por isso estamos investindo no mercado interno”, ressaltou Saraiva. 

“A descida da serra paulista tem capacidade de ser melhor explorada na modalidade ferroviária, principalmente em razão da densidade populacional da região. Porém, o desembaraço no porto dificulta a ferrovia e incentiva o tráfego rodoviário. A ferrovia deveria ser o desejo do terminal portuário, mas no Brasil o terminal ganha com operações de armazenagem de carga”, destacou Rodrigo Paixão.

Para o moderador, José Cândido Senna, algumas ações poderiam aumentar a capacidade do porto de Santos, como a questão da taxação, o tempo médio de permanência, que ainda é alto, a sincronia de operações e a aposta no potencial de carga dos terminais ferroviários integradores. “Na medida que não tenhamos a capacidade ferroviária para escoar, uma boa medida seria o Porto 24 horas, assim como o complexo Anchieta-Imigrantes, porém isso demandaria análises trabalhistas e de segurança, entre outras”, concluiu.

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