Uma fonte de energia limpa e renovável produzida a partir da eletrólise da água, o hidrogênio verde tem se mostrado uma alternativa viável para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no setor de transporte.
Capaz de contribuir com as novas diretrizes sustentáveis e diminuir os impactos da logística no meio ambiente, o material é uma excelente alternativa também para os portos e para o setor de transporte marítimo como um todo.
Para falar mais sobre o tema, o Papo em Movimento conversou com o presidente Hugo Figueiredo e a vice-presidente financeira Rebeca Oliveira, ambos do Complexo do Pecém, importante instalação portuária situada no Ceará.
Confira o que especialistas nos falaram deste assunto tão em voga hoje!
A parceria entre os portos de Pecém e Rotterdam para a produção do hidrogênio verde
Figueiredo começou sua participação falando sobre a parceria para a produção do hidrogênio verde firmada pelo Complexo do Pecém junto com o porto de Rotterdam, na Holanda, um dos principais do mundo. Segundo explicado por ele, a instalação brasileira fará a produção do hidrogênio que será então enviado para a Europa.
“Nós temos condições de produzir energias como eólica e solar das mais baratas do mundo, então se há um local para se produzir hidrogênio verde de forma competitiva, esse local é o Nordeste, onde está o Pecém”, comentou o presidente.
Falando um pouco sobre a forma como o hidrogênio verde é produzido, Figueiredo ressaltou que a quebra da molécula traz vantagens por ser feita já com a energia renovável, criando assim um ciclo que traz grandes vantagens ambientais.
“A forma como você quebra a molécula de água usando a energia renovável é o que permite que esse hidrogênio seja denominado de verde. E que energia é essa? É a energia eólica, solar, ou mesmo de biomassa”, observou ele.
O presidente do Complexo de Pecém também destacou o fato de que a produção de energia eólica e solar são abundantes e baratas na região Nordeste do Brasil, o que traz uma competitividade para o país em relação a outras nações do mundo.
Os obstáculos para o transporte do hidrogênio verde e a solução da amônia líquida
Falando sobre a corrida que tem havido em todo o mundo pelo avanço da produção do hidrogênio verde, Rebeca Oliveira destacou que a instalação onde atua está preparada e já progredindo para tornar isso uma realidade muito em breve.
“O Complexo do Pecém tem a área industrial, a área portuária e a zona de processamento de exportação, então temos o espaço para trazer as indústrias produtoras do hidrogênio verde, assim como o porto em localização estratégica com essa parceria com o porto de Rotterdam, dando as garantias para que as empresas se instalem com facilidades tributárias e cambiais”, celebrou ela.
Oliveira reforçou ainda que o investimento nesse tipo de energia ajuda a gerar emprego e renda, transformando a vida de toda a sociedade da região. Figueiredo, por sua vez, falou dos atuais desafios e de como eles estão sendo superados.
“A dificuldade que se experimenta atualmente é em como transportar esse hidrogênio em longas distâncias, porque é uma molécula leve e que ocupa muito espaço”, analisou ele.
O presidente do Pecém acrescentou: “Então para sair do Brasil para a Europa você poderia colocar o gás, mas ocuparia muito espaço e transporta pouca quantidade. Então a forma mais eficiente que se busca é congelar esse gás, transformá-lo em um líquido e transportá-lo assim.”
Figueiredo comentou que, pela tecnologia citada ainda ser incipiente, estão sendo encontradas opções como através da amônia, que une a molécula de nitrogênio com a de hidrogênio, possibilitando carregar mais peso em pouco espaço.
“A tendência é a exportação inicialmente na forma de amônia líquida. Então existe esse desafio do transporte, e do outro lado, quando chega a molécula da amônia do outro lado, você precisa quebrar de volta”, disse ele.
O especialista complementou, dizendo que “No porto de Rotterdam vai haver uma estrutura para fazer essa quebra, transformando ele em gás e o transportando por gasodutos até os consumidores finais.”
Outro ponto abordado por Figueiredo foi o fato de que o Brasil não tem pesquisado apenas formas de transportes, mas também de consumo para o país aproveitar do hidrogênio, auxiliando na sustentabilidade de todo o país.
Assista ao episódio do Papo em Movimento na íntegra e saiba mais sobre a produção e uso de hidrogênio verde nos portos!