A sustentabilidade se tornou uma obrigação inescapável para todas as indústrias, e a logística não é exceção. A necessidade de reduzir as emissões de carbono e outras formas de poluição, por exemplo, é essencial para mitigar os efeitos das mudanças climáticas

As empresas de logística, que tradicionalmente dependem de veículos movidos a combustíveis fósseis, estão sob pressão para adotar tecnologias mais sustentáveis. 

Essa mudança é essencial para atender à demanda dos consumidores por práticas mais ecológicas. Além disso, contribui para um futuro mais sustentável para todos.

Roberto Rila, professor de Logística e Gestão do Senac EAD teve uma conversa conosco sobre a sustentabilidade do transporte de cargas, com foco em veículos elétricos e a hidrogênio. Leia, a seguir!

Veículos elétricos: vantagens e desvantagens

Os veículos elétricos (VEs) têm ganhado popularidade como uma alternativa sustentável aos veículos movidos a combustíveis fósseis. 

Segundo Rila, uma das principais vantagens dos VEs é a sustentabilidade ambiental. “Os veículos elétricos produzem emissões zero de gases de efeito estufa, contribuindo significativamente para a redução da poluição do ar,” explica ele.

Além disso, os VEs podem ser carregados com eletricidade proveniente de fontes renováveis, como solar e eólica, aumentando ainda mais seu apelo ambiental. 

“A eficiência energética dos VEs é superior, pois são mais eficientes em converter energia armazenada em movimento, resultando em menor consumo de energia,” acrescenta Rila. 

Outros benefícios incluem menor custo de combustível, manutenção reduzida devido a menos peças móveis, desempenho superior com torque instantâneo e operação silenciosa.

No entanto, os VEs não estão isentos de desafios. “A autonomia dos veículos elétricos ainda é menor em comparação com os veículos a combustão, o que pode ser uma limitação significativa para longas viagens,” observa Rila. 

Além disso, de acordo com o professor, “o tempo de recarga pode variar de 30 minutos em estações de carga rápida a várias horas em tomadas residenciais”.

Ele finaliza dizendo que o custo inicial dos VEs também é mais alto, e a fabricação e descarte das baterias representam desafios ambientais significativos.

Veículos a hidrogênio: vantagens e desvantagens

No que se refere aos veículos a hidrogênio, “a principal vantagem é que suas emissões são apenas vapor d’água, o que contribui para a redução da poluição atmosférica e das emissões de gases de efeito estufa,” explica Rila. 

O especialista também destaca que os veículos a hidrogênio oferecem maior autonomia, muitas vezes superando a dos VEs.

Outro destaque é o tempo de abastecimento, que é semelhante ao dos combustíveis fósseis, geralmente entre 3 e 5 minutos.

“A eficiência energética das células de combustível é alta, especialmente em ciclos de condução urbana,” afirma Rila. 

Também é uma vantagem significativa,a diversificação energética, já que o hidrogênio pode ser produzido a partir de várias fontes.

Entretanto, a infraestrutura de abastecimento de hidrogênio ainda é limitada e cara de implementar. “Esse é um dos maiores desafios para a adoção em larga escala dos veículos a hidrogênio,” diz Rila. 

Além disso, os custos iniciais desses veículos são elevados, devido aos altos custos de produção das células de combustível e do próprio hidrogênio. 

A produção de hidrogênio verde, que é a partir de fontes renováveis, ainda é cara e limitada, necessitando de mais desenvolvimento tecnológico e investimentos.

Desafios de infraestrutura

A infraestrutura é um dos principais desafios para a adoção em massa de veículos sustentáveis. Para os carros elétricos, por exemplo, a rede de estações de recarga, especialmente as de alta potência, ainda é insuficiente em muitas áreas. 

Como bem observa Rila: “As estações de recarga rápida são caras e menos comuns, e a maioria das recargas em tomadas residenciais ou de baixa potência é lenta”.

Para os veículos a hidrogênio, a situação é ainda mais complicada. “Há uma falta significativa de postos de abastecimento de hidrogênio, e a construção dessas estações é cara e complexa,” explica o professor entrevistado.

O transporte de hidrogênio também requer infraestrutura especializada devido à necessidade de alta pressão ou temperaturas extremamente baixas. Isso aumenta os custos e a complexidade logística.

O papel das regulamentações governamentais no transporte sustentável

Rila defende que as regulamentações governamentais são muito relevantes na promoção da adoção de veículos elétricos e a hidrogênio. 

“Muitos governos oferecem subsídios diretos para a compra de veículos sustentáveis, isenções fiscais e incentivos para a instalação de estações de recarga e postos de abastecimento de hidrogênio,” afirma o especialista.

Ele acredita ainda que regulamentações rigorosas sobre emissões de CO₂ e a criação de zonas de baixa ou zero emissão em áreas urbanas também são importantes.

Tendências e avanços tecnológicos

Na visão de Rila, o futuro dos veículos elétricos e a hidrogênio no transporte de cargas será moldado por avanços tecnológicos contínuos. 

“Além disso, a integração com redes inteligentes e a utilização de veículos autônomos podem otimizar a eficiência e reduzir os custos operacionais”, finaliza o representante do Senac EAD.

Podemos concluir que, embora existam desafios significativos, como a infraestrutura e os custos iniciais, os benefícios ambientais e a pressão regulatória estão impulsionando um transporte mais verde.

Também sobre sustentabilidade, é interessante que você saiba como evitar o desperdício no transporte de cargas. Por isso, reunimos orientações valiosas em um artigo sobre esse tema. Leia já!