Pouca segurança nas estradas, baixos investimentos em infraestrutura e falta de um controle eficiente sobre as cobranças de fretes são apenas alguns dos inúmeros desafios que os embarcadores logísticos encaram na rotina de distribuição nacional.
Por outro lado, apesar de o Brasil ainda ter um longo caminho a percorrer para se tornar uma referência em logística, o advento de novas tecnologias permite melhorar um pouco esse cenário ou, pelo menos, amenizar a precariedade de outros fatores.
Para entender melhor esse complexo panorama e enxergar um horizonte mais promissor para os embarcadores logísticos no País, conversamos com dois especialistas no assunto: Daniel Lopes, diretor de logística e distribuição, e Flávio Gavilanes Fernandes, diretor de warehouse & transportation, ambos do Grupo Heineken do Brasil. Confira!
Na visão dos embarcadores, quais são os desafios da logística nacional e o que pode melhorar?
O Brasil ainda está longe de ser uma referência de qualidade e infraestrutura na logística internacional.
Apesar dos indiscutíveis avanços nos últimos anos e das promissoras previsões do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), o país aproveita muito pouco de todo o seu potencial e esbarra em pontos já velhos conhecidos pelos embarcadores, como excesso de burocracia, segurança pública falha e infraestrutura precária. Lopes e Fernandes reforçam essa ideia e complementam:
“Atualmente, o Grupo Heineken enxerga como um dos principais desafios da logística nacional a infraestrutura precária das operações portuária, rodoviária e ferroviária, assim como a falta de segurança nas estradas e a incerteza jurídica criada na relação de pagamento dos serviços de transporte”.
Para os especialistas, na visão de embarcadores logísticos, esse cenário depende, basicamente, de novas estratégias, decisões e investimentos por parte do Governo Federal.
“O Grupo Heineken acredita que, para melhorar, é necessário estabelecer políticas e estratégias claras para o desenvolvimento da infraestrutura de transportes no Brasil”, afirmam.
E como a tecnologia pode melhorar a rotina dos embarcadores logísticos?
Em tempos de Logística 4.0, o uso de tecnologias aplicadas ao Supply Chain e à distribuição é fator estratégico para as empresas.
Dos sistemas de gestão automatizados às plataformas de fretes e da aplicação da Inteligência Artificial (IA) ao uso da Internet das Coisas (IoT) nas operações, o que não faltam hoje são soluções e ferramentas tecnológicas que permitem cadeias de suprimentos cada vez mais inteligentes, dinâmicas e eficientes.
Lopes e Fernandes enxergam além das vantagens operacionais e destacam o papel essencial da tecnologia na redução de gastos e no planejamento das entregas:
“As novas tecnologias têm um papel fundamental na melhoria do nível de serviço, no aumento de produtividade e na consequente redução de custos. Ferramentas como Inteligência Artificial e Machine Learning ajudam os sistemas de roteirização a entenderem as melhores rotas, garantindo o atendimento dentro das janelas de entrega pré-estabelecidas”.
Isso reforça o papel imprescindível da tecnologia na logística atualmente, ainda que muitos outros fatores e aspectos tenham que melhorar no cenário nacional.
Quais prognósticos são possíveis de se fazer para o avanço do setor nos próximos anos?
O desenvolvimento do setor logístico nacional requer ainda investimentos por parte dos governos, especialmente no que se refere à infraestrutura e às questões de segurança pública.
Além disso, cabem reformas, revisões e novas políticas no intuito de otimizar os processos burocráticos, legais e tributários. No entanto, esse desenvolvimento não depende unicamente das ações e decisões do setor público.
Os embarcadores logísticos também têm papel essencial nessa trajetória e, segundo os especialistas do Grupo Heineken, boa parte dessa contribuição está ligada ao investimento em novas tecnologias.
“Pelo setor privado, podemos prever o aumento do investimento em tecnologia para suportar processos logísticos e, também, o desenvolvimento dos recursos humanos responsáveis por tais processos, porque são complexos e possuem grandes oportunidades de otimização”, explicam.
“Além disso, os sistemas de informação online e interdependentes, com decisões que possibilitem tempos melhores de entrega, conciliados com melhores custos, se farão cada vez mais presentes”, concluem Lopes e Fernandes.
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