Enquanto a maior parte dos setores econômicos enfrentaram – e ainda enfrentam – os efeitos da atual crise, o Agronegócio brasileiro vem se destacando no mercado e cumprindo uma curva de crescimento, até mesmo maior que esperada por muitos especialistas.
Paralelo a esse aquecimento, um novo desafio se fez presente no setor e tem sido tema de muitos debates nesse métier: a necessidade de uma logística agropecuária ainda mais eficiente daqui para frente!
E para tentar explicar isso com uma visão mais técnica e experiente, quem participa do nosso artigo é Matheus Andrade, consultor da BMJ Consultores Associados, especialista em Relações Internacionais, com MBA em Gestão Estratégica do Agronegócio pela FGV.
Vamos conferir?
O que difere a logística agropecuária de outras modalidades?
Quando lidamos com a logística no agronegócio do Brasil, inevitavelmente desenhamos um mapa de produção centralizada nas regiões interiores do país, em especial o Centro-Oeste, e uma rede de distribuição localizada, majoritariamente, à leste do território, onde estão os principais centros urbanos e as zonas portuárias.
A falta de uma malha ferroviária eficiente ligando estes extremos e as distâncias territoriais, por si só, já tornam a logística agropecuária muito mais desafiadora no país.
Matheus Andrade nos explica com mais detalhes esse cenário e destaca outros fatores importantes inerentes a essas operações:
“O primeiro fator que difere a logística agropecuária é que a maior parte das regiões produtoras do Brasil (centro-oeste e Matopiba) estão muito distantes dos principais portos brasileiros, aumentando os custos do transporte”, observa.
Ele prossegue: “Algumas regiões mais afastadas também são afetadas pela má condição das estradas que abastecem a região e a ausência de outros modais de transporte como hidrovias e ferrovias. Além disso, o agronegócio convive com o pico sazonal na utilização da logística, sempre coincidindo com a época de safra de grãos que é rapidamente escoada, até por conta da falta de capacidade de armazenamento. Por fim, alguns dos produtos como as carnes e o suco de laranja exigem uma logística própria e refrigerada para o escoamento dos produtos.”
Qual o cenário da logística no agronegócio para os próximos meses e como otimizar o setor?
Como soluções aplicáveis para a otimização e escoamento da produção agropecuária no Brasil, Matheus destaca alguns exemplos de projetos já existentes e outros em processo de implementação no país.
Segundo o nosso convidado, essas obras já viabilizariam um enorme avanço logístico para o setor. Ele atesta:
“Para otimizar o setor agrícola, é necessário aumento das vias de escoamento que percorrem o interior do país, como ferrovias já planejadas como a Ferrogrão, a FIOL e a Ferronorte. Além disso, a concessão e melhoria das rodovias brasileiras também pode ter impacto decisivo na melhoria da logística agropecuária.”
Antes de finalizar o tema, ele ainda arrisca prever um cenário para os próximos meses no setor agropecuário:
“Nos próximos meses, com a safra recorde sendo colhida nas lavouras brasileiras, a perspectiva é de grande contratação de caminhões para escoamento de grãos.”
Que medidas foram realizadas recentemente na logística agropecuária e quais efeitos já surtiram?
Para responder a essa questão, Matheus Andrade é direto e objetivo ao destacar uma obra recentemente finalizada pelo governo e que trouxe mais infraestrutura ao chamado Arco Norte, região de extrema importância para exportação de grãos no país.
Com base em dados e informações atualizadas, Matheus nos compartilha sua visão:
“A ação que mais se destacou recentemente na logística do agronegócio foi a conclusão da pavimentação da BR-163 possibilitando um aumento do escoamento da safra pelo Arco Norte. De acordo com a CONAB, a exportação de soja e milho para esses portos aumentou 10,8% no primeiro semestre de 2020 e o Arco Norte já é responsável pelas exportações de 30% do milho e da soja”, analisa.
O que pode mudar na logística agropecuária para o futuro próximo?
De acordo com dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), seguindo uma direção contrária da produção mundial de grãos, o Brasil se destacou e aumentou suas demandas mesmo em tempos de crise na pandemia.
Em números, isso representa a exportação de mais de 131 milhões de toneladas de produtos agrícolas por uma quantia total de US$ 61,2 bilhões só em 2020, o que reflete um aumento de 9,2% em relação ao mesmo período no ano anterior.
Para 2021, as expectativas são de ainda mais crescimento, o que torna o Agronegócio brasileiro um dos principais centros de abastecimento alimentício do mundo.
Não diferentemente do que já vimos, todo esse aquecimento econômico demanda por uma adequação e transformação em toda a infraestrutura do setor. E é justamente isso que Matheus ressalta em sua visão, mais uma vez destacando exemplos de projetos que farão a diferença para o país.
“No curto prazo, a principal mudança pode ser ocasionada pela aprovação da BR do Mar que institui novas regras para o mercado de cabotagem no Brasil tem potencial de reduzir os custos logísticos no Brasil”, acredita o entrevistado.
Esse é apenas um panorama sobre a logística agropecuária no Brasil e sua importância como fator de crescimento econômico não apenas para as regiões produtoras, mas como pilar essencial de um dos setores que mais sustentam o PIB do país.
E você? Também tem sua opinião sobre os desafios da logística no Agronegócio no país? Sabe o que mudaria ou poderia melhorar nos próximos anos? Então, compartilhe este artigo em suas redes e fomente um debate com amigos, profissionais e empresas do ramo.
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