Referência em cabotagem no Brasil, a Aliança Navegação e Logística é parte do renomado grupo A.P. Moller-Maersk, e conta com mais de sete décadas de atuação no segmento.
Nesta entrevista, o Head Comercial da empresa, José Roberto Duque, nos falou mais sobre as ações da companhia para auxiliar no avanço da integração logística do Brasil pela cabotagem. Confira a seguir nosso bate-papo completo com o experiente executivo!
Intermodal Digital: José, obrigado por participar desta entrevista. Pode começar nos contando mais sobre sua trajetória profissional, falando sobre como chegou na Aliança e como se dá sua atuação na empresa hoje?
José Roberto Duque: “Minha trajetória profissional conta com mais de duas décadas dedicadas ao setor de Logística. Sou formado em Comércio Exterior, pela Universidade Paulista, com MBA em Gestão Empresarial e especialização em Gestão de Pessoas e Liderança Estratégica, pela Fundação Getúlio Vargas.
Iniciei minha jornada na área como analista comercial para carga refrigerada e, por 12 anos, atuei na Maersk, onde desempenhei funções estratégicas nas áreas de Atendimento ao Cliente e, posteriormente, em Vendas, até ocupar a posição na Maersk de gerente Comercial para a Costa Leste da América do Sul e Head Regional de Vendas da plataforma digital de logística do grupo, a Twill.
Após essa experiência, ocupei ainda a posição de Chief Commercial Officer em outra companhia de cabotagem, antes de me juntar novamente ao grupo A.P. Moller-Maersk, agora, na Aliança Navegação e Logística.
Assumo o cargo de Head Comercial da Aliança, companhia que é pioneira em cabotagem e integração logística, sendo responsável por liderar o relacionamento com os mais de 1.800 clientes.”
Intermodal Digital: Pode nos falar um pouco sobre as principais soluções logísticas oferecidas pela Aliança, e como elas ajudam os clientes em suas operações?
José Roberto Duque: “A Aliança Navegação e Logística é protagonista no desenvolvimento de soluções para a cabotagem, sendo referência nacional neste modal, com 70 anos de atuação, oferecendo soluções logísticas customizadas, do marítimo ao rodoviário, incluindo meios ferroviários e fluviais.
Oferece 5 serviços de cabotagem no Brasil ligando mais de 14 portos. Os serviços são configurados em uma malha logística em terra integrada aos portos, que promovem o transporte de ponta a ponta, entre Norte e Sudeste e Sul e Nordeste, além de serviços regionais no sudeste e centro-norte.
A integração entre os serviços é feita via hub ports e com isso conseguimos conectar toda a costa brasileira. Os serviços são semanais, ou seja, passamos toda a semana no mesmo dia em todos os portos. Possuímos uma frota de 9 navios com capacidade de até 4.800 TEU.
Na região Nordeste, o porto de Pecém (CE) funciona como um hub, recebendo três serviços de cabotagem e no Sudeste essa missão fica para o porto de Santos. Além dos serviços tradicionais, a Aliança também oferece a rota ALCT3, serviço mais rápido do mercado, que conecta Manaus (AM) a Santos (SP) em 10 dias, sem paradas.”
Intermodal Digital: Como a Aliança atua na logística integrada em um país de dimensões continentais como o Brasil, e de que forma isso tem colaborado com a movimentação logística nacional?
José Roberto Duque: “A Aliança utiliza o modal certo no momento certo. Em um país do tamanho do Brasil, cada região tem sua vocação e disponibilidade de matriz logística. Na região Norte, por exemplo, cortada pelo Rio Amazonas, utilizamos um mix de navios de cabotagem, balsas para as áreas acessíveis pelo rio, e caminhões para chegar ao destino final.
Já no Sudeste, que possui uma malha logística mais desenvolvida, integrando ferrovia e rodovia, conseguimos aplicar uma lógica diferente. Utilizamos a cabotagem para longas distâncias, a ferrovia para conectar o interior ao litoral, e o caminhão para fazer a última milha. Ainda assim, é fundamental respeitar as características e a disponibilidade logística de cada região.
Oferecer o serviço de logística integrada, possibilita aos clientes customizarem as soluções de acordo com a necessidade de cada negócio. A empresa é o único armador que opera a cabotagem para Vila do Conde (PA) e tem frota própria e dedicada de caminhões para atender Manaus, São Paulo, Salvador, Itapoá e Recife, incluindo entregas fracionadas, em sinergia com o centro de distribuição da empresa nessas cidades.
Sua principal rota marítima é a ALCT-1, que liga o Norte e o Sudeste do país, estabelecendo sólida ligação entre o Polo Industrial e os demais estados do Brasil.
Além disso, o serviço da Aliança é potencializado por armazéns, como os da região Sudeste, que permitem redução de custos, melhoria na operação logística e distribuição da carga nos destinos finais. Pelo mar, a frota de navios proporciona transporte seguro e sustentável via cabotagem para todo o Brasil.
A companhia atende às necessidades de seus clientes, desde a origem do produto, passando por armazéns, até a entrega, no destino final, ofertando soluções que agregam segurança, flexibilidade, sustentabilidade e eficiência às cadeias logísticas. Atualmente, conta com mais de 1.200 colaboradores e realiza mais de 1 mil movimentações terrestres por dia.”
Intermodal Digital: Qual é o atual panorama da cabotagem no Brasil e como a Aliança está trabalhando para integrar cada vez mais esse modal com outros?
José Roberto Duque: “Enxergamos oportunidades bastante positivas para o desenvolvimento da cabotagem no Brasil. Segundo estudo do Instituto Ilos, para cada contêiner na cabotagem, existem outros 4,8 que seriam captáveis. O Ilos afirma, ainda, que 21% das grandes indústrias brasileiras, aquelas que movimentam o maior volume de carga, têm a intenção de integrar a cabotagem às suas cadeias logísticas nos próximos anos. Ou seja, ainda há muito espaço para que um dos modais mais seguros, econômicos e sustentáveis cresça no país.
Como parte da nossa estratégia em oferecer logística integrada, desenvolvemos soluções no intuito de utilizar o modal certo na hora certa, respeitando fatores como região, características dos produtos a serem transportados, melhor trajeto para os objetivos dos clientes etc.
Ao aproveitar o melhor de cada modal de transporte, de sua vocação, e integrá-los numa cadeia logística estrategicamente projetada, temos ganhos consideráveis de eficiência e, principalmente, a agilidade e a flexibilidade extremamente necessárias nos dias de hoje, com o aumento cada vez mais constante de eventos adversos ou inesperados.
Por exemplo, para distâncias mais longas, como de Santos (SP) a Manaus (AM), o modal de transporte mais eficiente tende a ser o marítimo, via cabotagem. Além disso, ao integrar esses dois modais, e até mesmo o ferroviário, aos serviços de depósito e armazém, passamos a descompactar as cadeias logísticas dos nossos clientes, tornando-as mais simples, eficientes e resilientes.
É importante ressaltar que as soluções de logística integrada da Aliança Navegação e Logística se ajustam de acordo com a necessidade de cada mercado/ região. A cabotagem tem esse papel central de transporte de alto volume em grandes distâncias, e nas pontas direcionamos para o modal mais adequado para complementar a primeira e a última milha.”
Intermodal Digital: De que forma a tecnologia tem auxiliado nesse avanço logístico, e quais as principais inovações da Aliança para os clientes nesse sentido?
José Roberto Duque: “Como grupo, a Maersk lidera a transformação do setor e se concentra na excelência tecnológica dentro da companhia e na colaboração com o mercado, para trabalhar em direção a um futuro mais inclusivo, digital e sustentável. O objetivo é oferecer uma logística verdadeiramente integrada para aumentar a visibilidade e a resiliência, com base em recursos digitais "nunca antes feitos" e, assim, oferecer aos nossos clientes uma experiência digitalizada, de ponta a ponta.
Destaco algumas soluções que utilizamos na Aliança Navegação e Logística:
- MonitorAli: serviço de rastreamento por satélite. Com este aplicativo, o cliente consegue monitorar sua carga em tempo real.
- Portal Cotação Online: plataforma inovadora que acabamos de lançar, redefine a experiência de cotação e jornada de compra dos clientes da Aliança, com processo 100% online. O portal já está disponível no site da Aliança Navegação e Logística e permite cotações para o transporte marítimo de cabotagem, porto a porto, e também para o multimodal, por meio da cabotagem integrada.”
Intermodal Digital: Pode nos falar um pouco sobre parcerias de sucesso, como cases e dados expressivos alcançados pela Aliança?
José Roberto Duque: “Seguem abaixo alguns cases interessantes da Aliança Navegação e Logística, nos últimos anos:
- Em 2021, a Aliança transportou o maior objeto já embarcado em um navio porta-contêineres no mundo, com um total de 72 metros, de Santa Catarina para o Ceará e a operação foi um marco e recorde mundial para a empresa.
- Fertilizantes: A Aliança realiza a logística integrada, de ponta a ponta, de fertilizantes, desde o transporte da matéria prima, que sai do Rio Grande do Sul para a Bahia, onde a produção é realizada. Até São Paulo, o transporte é feito via cabotagem e, depois, por ferrovia até Mato Grosso, de onde parte para a chamada “última-milha”, via modal rodoviário, até o destino final. Graças à logística integrada, é possível distribuir nacionalmente o produto a preço competitivo.
- Alimentos (biscoitos): O projeto-piloto em andamento contempla o transporte multimodal e integrado dos biscoitos via cabotagem e modal rodoviário. Os produtos saem de Pernambuco, onde são produzidos, e vão de navio até os estados de São Paulo e Paraná. Esta solução tem permitido reduzir custos operacionais além de diminuir a emissão de gases poluentes.
- Tintas: A Aliança é a responsável pelo transporte desses produtos que a partir da cabotagem ampliaram sua atuação comercial para mais cidades atendidas, abrindo novos mercados, especialmente no Norte e Nordeste do país, onde a empresa conseguiu se posicionar como uma marca importante, com produtos a preços competitivos. Os produtos são transportados, via cabotagem, do Ceará até Amazonas, de forma segura, com menos avarias e dentro de todas as regras para o transporte desse perfil de carga.”
Intermodal Digital: Qual sua visão sobre o futuro da logística brasileira, e que ações a Aliança tem tomado para impulsionar ainda mais o segmento?
José Roberto Duque: “A logística colaborativa tem o potencial de ser o pilar de um sistema logístico mais eficiente e sustentável. Nela, as empresas trabalham juntas para melhorar a eficiência em seu fornecimento, em vez de operar isoladamente.
A Maersk e a Aliança Navegação e Logística fomentam a logística colaborativa com seus parceiros estratégicos e cada vez mais “dentro de casa”. Nosso potencial de crescimento como indústria é gigantesco e, com o investimento privado certo e o apoio do governo, temos tudo para reduzir os custos dos produtos para os brasileiros e ajudar a cuidar do mundo reduzindo a emissão de CO2
Além disso, a Maersk tem como meta global ser net zero, em toda a sua operação, até 2040 e a Aliança Navegação e Logística também caminha nesse sentido, a partir de iniciativas relacionadas à descarbonização de sua cadeia. Acreditamos que o verdadeiro valor compartilhado só pode ser fornecido por meio de soluções logísticas digitalizadas, integradas, descarbonizadas e democratizadas, tornando o comércio global inclusivo e sustentável para que os benefícios sejam sentidos pelo maior número possível de pessoas.
Desde 2019, estamos comprometidos em definir metas climáticas baseadas na ciência, seguindo a estrutura amplamente reconhecida e adotada pela Science Based Targets (SBTi), para metas climáticas corporativas. Nossas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) estão alinhadas com a trajetória de 1,5 graus do Acordo de Paris.”
Acesse o site da Aliança para saber mais sobre as principais soluções em logística e cabotagem oferecidas pela empresa!