O uso das hidrovias para o agronegócio brasileiro deverá se intensificar nos próximos anos. Isso porque é evidente que esse setor, um dos mais importantes para a economia nacional, deverá se expandir cada vez mais.

Dado o crescimento do agronegócio, as rodovias não darão conta de atender a toda demanda logística do setor. Tal realidade faz com que os investimentos em ferrovias e hidrovias sejam vistos como uma das alternativas mais interessantes.

Em entrevista ao Intermodal Digital, Caroline Brasil, doutoranda em Sustentabilidade Ambiental e coordenadora dos cursos de pós-graduação em Logística e Qualidade da Uninter, falou sobre o tema. 

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A importância das hidrovias para o agronegócio brasileiro

“Os produtos do agronegócio são muito representativos em nossas exportações. Em 2021, os 10 produtos mais exportados pelo agro (soja em grãos, carne, açúcar, carne de frango, farelo de soja, celulose, café, madeira, milho e algodão), de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), movimentaram 48 milhões de toneladas”, explica.

Ela prossegue: “Considerando que os embarques aconteceram nos portos de SP (23 MI), RS (9 MI), ES (6 MI), PR (5 MI) e BA (1 MI) e que a produção aconteceu no interior desses estados e outros, como MS e MT, o ideal seria opções de escoamento mais baratas que o rodoviário, como o ferroviário e o aquaviário.”

Ao falar sobre a importância das hidrovias para o agronegócio brasileiro, a professora destaca ainda que o transporte hidroviário tem uma capacidade de movimentação de toneladas por viagem.

Isso faz com que os custos em logística sejam reduzidos no agronegócio, trazendo mais lucros para os agricultores e demais envolvidos na atividade.

As hidrovias como agente de redução de custos no agronegócio

Questionamos a professora Caroline Brasil sobre como as hidrovias contribuem para a redução de custos no agronegócio. A professora nos explicou que isso ocorre, principalmente, por conta de dois aspectos: a capacidade de carga e a segurança nos transportes.

“No modal hidroviário, há menos perdas ao longo do transporte, se comparado com o rodoviário. Além disso, os valores de seguro de carga são menores, pois as possibilidades de acontecer um roubo de mercadoria ou um acidente são reduzidas”, sintetiza a especialista.

O potencial hidrográfico brasileiro

Segundo Caroline Brasil, o potencial hidrográfico brasileiro é gigantesco. Ela afirma que, de acordo com a Confederação Nacional de Transporte (CNT), nosso país possui 63 mil km que poderiam ser utilizados para o transporte fluvial. Isso representa uma média de 30% do que usamos atualmente.

Nesse sentido, a professora opina: “Há muito a percorrer no Brasil para termos efetivamente hidrovias em operação constante. O maior exemplo positivo é a região norte, em que o predomínio é o transporte por rios em detrimento ao rodoviário.”

Ela complementa: “Isso é reflexo das características geográficas da região, mas favorece o escoamento de produtos por esse modal. O restante do Brasil deveria realizar o mesmo”.

Investimentos na infraestrutura hidroviária para a expansão do agronegócio

Perguntamos à professora da Uninter quais são os investimentos que ela julga necessários para melhorar a infraestrutura hidroviária para a expansão do agronegócio.

Ela nos disse que, primeiramente, é preciso ter um orçamento destinado para essa finalidade, tendo em vista que os investimentos no setor, infelizmente, estão sendo gradativamente reduzidos.

Em suas palavras: “Conforme o Observatório Nacional de Transportes e Logística, desde 2010, o volume investido em infraestrutura pública para transporte está apresentando queda significativa, passando de R$ 29,87 bilhões, em 2010, para R$ 8,59 bilhões em 2020. E, quando esses números são analisados por modal, a situação das hidrovias é ainda mais crítica”.

Na visão de Cristiane Brasil, esse dado apenas reforça o histórico brasileiro de valorização do modal rodoviário em detrimento aos demais. 

“Considerando as características geográficas do nosso país, esse modal deveria ser utilizado apenas para curtas distâncias”, lamenta.

É inquestionável a importância das hidrovias para o agronegócio brasileiro. Por isso, representantes do setor, como entidades de classe, devem cobrar dos governantes o investimento nesse tipo de modal.

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