O setor ferroviário desempenha um papel único na economia global, conectando cidades e facilitando o transporte de cargas e passageiros.
No entanto, a atração e a retenção de mão de obra qualificada têm sido desafios constantes para este setor.
O cenário é impulsionado por uma combinação de fatores, incluindo o envelhecimento da força de trabalho e a percepção do setor como tradicional e cada vez menos inovador.
Em um contexto onde a modernização e a eficiência são cada vez mais necessárias, entender como atrair e reter talentos qualificados é fundamental para o crescimento e a sustentabilidade.
Conversamos com Lenon Marcato de Castro, administrador de operações logísticas e coordenador do Núcleo Logístico da Associação Comercial de Maringá, para explorar as competências essenciais, desafios enfrentados e estratégias eficazes para a atração e retenção de profissionais no setor ferroviário. Confira!
As principais competências e habilidades dos profissionais do setor ferroviário
No setor ferroviário, uma combinação de conhecimentos técnicos e habilidades interpessoais é crucial. Lenon Marcato de Castro é enfático ao afirmar:
“Em primeiro lugar, o conhecimento técnico é fundamental, pois é preciso entender desde a mecânica e eletrônica envolvidas até os sistemas de sinalização e controle que garantem a segurança e eficiência nas operações”.
Além disso, segundo ele, é essencial ter domínio das normas de segurança e saber lidar com procedimentos técnicos.
Lenon enfatiza que a capacidade de manutenção e inspeção também é central para o funcionamento do setor.
“Manter o funcionamento correto dos trens e da infraestrutura, garantindo que a operação siga sem interrupções, é uma responsabilidade central no dia a dia de um profissional ferroviário”, explica.
Outras habilidades importantes incluem gestão e planejamento.
“Saber organizar rotas, gerenciar horários e liderar equipes são competências que fazem a diferença, principalmente em um setor que exige precisão e eficiência. Ser capaz de analisar dados para tomar decisões mais acertadas e otimizar operações é uma qualidade que pode realmente destacar um profissional”, opina.
Além disso, Lenon destaca a importância das habilidades interpessoais, afinal é preciso “saber trabalhar em equipe e ter uma comunicação clara”.
“O ambiente ferroviário envolve diversas áreas que precisam estar bem conectadas e, para isso, o diálogo eficaz é vital. Em situações de emergência ou pressão, a capacidade de lidar com conflitos e tomar decisões rápidas é um diferencial”, complementa.
Os principais desafios sobre atrair mão de obra qualificada para o segmento ferroviário
Atualmente, o setor ferroviário enfrenta diferentes e múltiplos desafios ao tentar atrair profissionais qualificados. Lenon aponta alguns dos principais obstáculos:
“O envelhecimento da força de trabalho é uma das principais dificuldades, já que muitos profissionais experientes estão se aposentando, sem que haja uma reposição adequada”, inicia.
“Ao mesmo tempo, o setor ainda carrega uma imagem tradicional e pouco inovadora, o que afasta jovens talentos que preferem carreiras em áreas mais dinâmicas e tecnológicas”.
“Isso enfraquece as operações ferroviárias, que poderiam ser uma alavanca para o crescimento econômico em regiões dependentes desse meio de transporte”, acrescenta.
Outro desafio significativo, na opinião de Castro, é a falta de formação especializada.
“Em diversas regiões, há poucos cursos voltados para o setor ferroviário, o que limita a disponibilidade de profissionais capacitados. Esse cenário acaba forçando as empresas a investirem em treinamentos internos, o que demanda tempo e recursos”, observa.
A localização das operações ferroviárias também pode ser um obstáculo.
“Muitas dessas regiões dependem do setor ferroviário para escoar sua produção e gerar empregos locais. Melhorar as condições de trabalho e promover incentivos que mostrem a importância do setor para o crescimento regional são estratégias fundamentais”, aponta.
Iniciativas de recrutamento eficazes para atrair talentos
Para superar esses desafios, algumas iniciativas têm se mostrado eficazes. Lenon destaca:
“Uma das estratégias é a parceria com instituições de ensino técnico e universidades. As empresas têm investido bastante em programas de estágio e trainee, identificando e desenvolvendo jovens desde o início da formação”, cita.
“Também vejo que os programas voltados para jovens aprendizes têm sido eficazes, permitindo que estudantes com interesse em áreas como engenharia e logística entrem no mercado já com uma visão prática”, acrescenta.
Ele também ressalta a importância da diversidade e inclusão. “Iniciativas que buscam trazer mais mulheres, pessoas com deficiência e outros grupos sub-representados têm ajudado a enriquecer a cultura das empresas e a atrair uma gama mais ampla de talentos.”
A participação em feiras de recrutamento e eventos do setor é outra estratégia eficaz. Castro afirma: “Esses eventos conectam as empresas com profissionais qualificados e aumentam a visibilidade do setor ferroviário.”
Lenon observa também que o investimento em programas de capacitação e requalificação tem sido importante.
Além disso, o uso da tecnologia no processo de recrutamento tem facilitado a busca por talentos.
“Com plataformas digitais e ferramentas de análise de dados, o recrutamento se torna mais ágil e preciso, facilitando a busca por perfis bem alinhados com as necessidades do setor ferroviário”, diz.
Estratégias adotadas para reter mão de obra ferroviária qualificada
Reter talentos é tão importante quanto atraí-los, você concorda? Lenon Marcato de Castro sugere algumas estratégias para manter os profissionais qualificados:
“Investir no desenvolvimento contínuo dos colaboradores, por meio de capacitações técnicas e formações específicas, é essencial”.
“Ao oferecer treinamentos regulares e certificações, as empresas aumentam o nível de especialização dos trabalhadores e, ao mesmo tempo, demonstram comprometimento com o crescimento profissional deles, o que fortalece o vínculo com a organização”, afirma.
Castro também enfatiza a importância de um plano de carreira bem estruturado, “com metas e possibilidades de promoção claras” para manter os profissionais engajados e com a sensação de que o esforço será recompensado.
Um ambiente de trabalho positivo e colaborativo é igualmente crucial.
“Políticas que favoreçam o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, bem como programas de bem-estar, contribuem para a retenção. Profissionais qualificados tendem a buscar não só boas condições financeiras, mas também um ambiente onde se sintam realizados e respeitados”, finaliza.
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