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O impacto das mudanças climáticas nas cadeias logísticas

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As consequências das mudanças climáticas nas cadeias logísticas são bastante sérias.. O que pode ser feito?

“As mudanças climáticas não são mais uma previsão, elas estão acontecendo e já testemunhamos algumas de suas consequências”, opina a professora Silvia Fazzolari Correa, sobre os impactos do clima nas cadeias logísticas.

Correa é bióloga e doutora em Ciências. Com bastante experiência na área, atualmente ela é coordenadora do curso de pós-graduação em Avaliação de Impactos e Processos de Licenciamento Ambiental do Senac EAD.

A especialista conversou conosco sobre os impactos das mudanças climáticas nas cadeias logísticas, assim como as possíveis estratégias para reduzi-los. Confira!

Como as mudanças climáticas impactam as cadeias logísticas?

“A quantidade de gases de efeito estufa que despejamos na atmosfera desde a Primeira Revolução Industrial está aquecendo o planeta de formas variadas e o último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, da sigla em inglês), publicado no ano passado, faz a conexão entre tais mudanças e os eventos extremos que estão acontecendo cada vez com mais intensidade e frequência”, conta Correa.

A professora explica que, para o setor de logística, as consequências são bastante sérias, sobretudo no Brasil, em que o transporte e a distribuição da maioria dos produtos são realizados por meio de rodovias. 

Um exemplo apresentado por Correa é o escoamento da soja do Mato Grosso, principal produtor brasileiro, para a exportação. 

Ela conta que as dificuldades já encontradas em razão da precariedade das estradas têm sido ainda pioradas pelos efeitos das chuvas intensas que, crescentemente, vêm causando interrupções de rodovias no caminho dos portos da região sudeste e sul do país, além dos portos no Pará.

Ainda de acordo com a professora, o efeito contrário também se faz notar, quando o período de seca se prolonga e se estende mais do que o usual, trazendo dificuldades para o transporte fluvial multimodal, como na Hidrovia Tietê – Paraná, essencial para o escoamento da produção dos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais.

As mudanças climáticas nas cadeias logísticas e a produção de commodities

Na visão de Correa, as secas e as chuvas excessivas são as mudanças climáticas que mais afetam a produção de commodities no Brasil.

“A seca atual no Rio Grande do Sul é considerada a pior em mais de quinze anos e as perdas na produção de grãos, frutas, hortigranjeiros e leite neste verão são estimadas em cerca de R$ 20 bilhões”, exemplifica a professora.

Ao contrário do que acontece na Região Sul, a situação se inverte no Norte e no Nordeste. A professora explica: 

“No Tocantins, as chuvas excessivas diminuem a produção e em muitas áreas os alagamentos impedem a chegada de máquinas. Na Bahia, um dos problemas devido às chuvas excessivas, relaciona-se à interrupção no fornecimento de energia, o que compromete a ordenha mecânica e a produção de leite”.

A especialista também comentou sobre as recentes tragédias que ocorrem em Minas Gerais:  

“O rompimento de barragens de rejeitos em Mariana (2015) e em Brumadinho (2019), causaram a morte de centenas de pessoas, o comprometimento ambiental de milhares de hectares e a interrupção da produção de minério de ferro”.

Ou seja, não é apenas a produção agropecuária que é afetada pelas mudanças climáticas, mas também o setor minerário.

Estratégias para reduzir as mudanças climáticas nas cadeias logísticas

Perguntamos a Correa quais seriam, na sua opinião, as estratégias necessárias para reduzir as mudanças climáticas nas cadeias logísticas.

A professora respondeu que o ideal seria, naturalmente, tomar providências para que tais mudanças não ocorram, mas infelizmente isso não é mais possível.

De tal forma, a principal estratégia a ser executada é buscar meios para reduzir os impactos sofridos pelo planeta: 

“A alternativa seria trabalhar de modo que as emissões de gases de efeito estufa diminuíssem, para não piorar o já complicado cenário. Essa alternativa, no entanto, se levada a cabo com êxito, trará resultados a médio e longo prazo, sem perspectivas de atenuação dos eventos extremos atuais”.

Como os resultados para reverter as mudanças climáticas são para longo prazo, a bióloga acredita que, no momento atual, é importante que os produtores e gestores do setor logístico busquem meios para se preparar e lidar com os eventos extremos.

“De acordo com a região em que se encontram, os produtores necessitam de análises acuradas sobre as flutuações climáticas, seus impactos e os efeitos sobre seus negócios, considerando toda a cadeia de produção, para avaliar os riscos de modo mais preciso e tomar providências para diminuí-los”, opina ela.

Para o setor agropecuário, a especialista acredita que a análise de risco pode indicar a necessidade de modificações no sistema de produção e mesmo nos produtos. Já no setor minerário, a gestão de risco precisa ser mais detalhada, com medidas de monitoramento intensificadas e planos de contingência mais abrangentes.

Para o setor de transporte, por sua vez, os riscos de interrupções mais frequentes de viagens precisam ser considerados, o que acabará por encarecer os produtos. Nesse aspecto, a intensificação do modal ferroviário traria mais segurança para a distribuição como um todo.

 

Gostou do artigo? Baixe também "Logística reversa: contribuição para os negócios e a sustentabilidade". Boa leitura!

 

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