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O papel da logística farmacêutica no combate à pandemia

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Mais do que comprar as vacinas e fármacos, é preciso desenvolver um plano estratégico e contar com uma infraestrutura adequada para que os insumos cheguem a todos.

Em tempos de pandemia, muito além da corrida científica em busca de medicamentos e vacinas eficazes contra a doença, há ainda um enorme desafio a ser encarado pelas instituições e governos atualmente: a disponibilidade e distribuição eficiente desses materiais pela logística farmacêutica.

Como temos acompanhado diariamente, diversos países – incluindo o Brasil – ainda têm um longo caminho a percorrer para garantir uma imunização suficiente e controlar a pandemia.

Afinal, muito mais do que comprar as vacinas e fármacos, é preciso, em primeiro lugar, desenvolver um plano estratégico e contar com uma infraestrutura adequada para que estes medicamentos cheguem a todos os cidadãos, em tempo e com a devida integridade.

E justamente para falar sobre esses desafios e compartilhar suas visões sobre a importância da logística farmacêutica nesses tempos de pandemia, nós convidamos o especialista Ricardo Agostinho Canteras, Diretor Comercial da Temp Log.

Quais as peculiaridades da logística neste segmento?

Para iniciar o tema sobre a logística farmacêutica, Ricardo nos detalha algumas das principais características que este setor reserva em específico, e que, notoriamente, o diferencia da logística convencional.

“Acredito que a principal peculiaridade é que a logística farmacêutica tem uma responsabilidade tão grande quanto a das indústrias que fabricam as vacinas ou medicamentos. Isso porque a cadeia de suprimentos é corresponsável para que todo o processo, desde a pesquisa clínica até a chegada desses produtos para a população, ocorra. 

As vacinas, por exemplo, muitas vezes, são produzidas com materiais biológicos, termolábeis (muito sensíveis à temperatura), isso quer dizer que são fabricadas dentro de condições específicas de temperatura e umidade e, depois, os demais elos da cadeia precisam cumprir todos os requisitos que são estabelecidos pelo detentor do registro do produto. 

Um medicamento ou vacina tem uma série de pesquisas envolvidas, muitas vezes alinhadas com o estudo de estabilidade do produto, que demonstra quanto tempo ele pode ficar em certa condição de temperatura e umidade sem ter qualquer prejuízo em sua eficácia. Então, as cadeias de suprimento nesse processo são vitais, tendo a mesma importância da indústria. Se os elos da cadeia não atuarem de acordo com todas as regras e exigências das fábricas, há o risco de o produto não ter o efeito desejado no paciente”, explica ele.

Como funciona a logística farmacêutica e que benefícios ela traz no combate à pandemia?

“O ponto chave, ou principal benefício, sem dúvidas tem a ver com a logística de cadeia fria, que é a responsável, como já falamos anteriormente, por garantir a integridade de vacinas e medicamentos. 

As empresas que hoje atuam na linha de frente logística do combate à pandemia são companhias com certificação da Anvisa para armazenamento, fracionamento e transporte desse tipo de produto, que passaram por uma série de adequações que envolvem câmaras frias, freezers, geradores e equipamentos de fracionamento que também preservam a temperatura”, ressalta Ricardo.

Dando continuidade à sua visão, o especialista ainda destaca a questão do transporte que, segundo ele, é o fator mais desafiador na logística farmacêutica atualmente e, portanto, ponto crucial para o planejamento e distribuição das vacinas e medicamentos pelas empresas.

“O transporte, ponto mais delicado, demanda duas maneiras de controlar o ambiente: ativamente e passivamente. O controle ativo é aquele em que o veículo tem um equipamento que faz a refrigeração automática. Já o controle passivo envolve embalagens formadas por elementos que bloqueiam a troca térmica e outros refrigerantes, como bolsas de gel. Normalmente para entregas maiores (para hospitais, por exemplo) se usa o controle ativo, e no transporte para regiões mais remotas, se usa o passivo. 

A distribuição de suprimentos também é uma etapa importante, tendo em vista a grande quantidade de luvas, seringas, ampolas, entre outros, que são necessários em todo o país. Porém, nesse caso, por se enquadrarem como “correlatos”, esses produtos têm uma pulverização muito mais simples, mesmo com a grande demanda. A legislação diminui o grau de ações necessárias para controle de qualidade deles, o que faz com que as adaptações das operadoras sejam muito menores.” 

O que saber para atuar na logística farmacêutica hospitalar? Quais os principais desafios do segmento?

Além dos pontos e desafios já citados sobre a logística farmacêutica, Ricardo Agostinho nos atenta sobre a amplitude do setor e das diferenças entre conceitos e tipos de operações existentes.

Para iniciar, ele destaca o que difere a logística farmacêutica da hospitalar, por exemplo:

“Existe uma diferença entre a logística farmacêutica, que engloba todas as ações e planejamentos para armazenamento, fracionamento e distribuição de medicamentos, vacinas e produtos de alto valor agregado para a saúde humana, e a hospitalar. Para atuar na farmacêutica, como já detalhamos anteriormente, o Operador Logístico precisa ter as certificações e equipamentos adequados para que nenhuma propriedade físico-química dos produtos seja afetada em nenhuma etapa da cadeia. 

Já a logística hospitalar tem o objetivo de diminuir o desperdício dentro de hospitais, por meio de aquisições planejadas. A proposta é sempre reduzir custos e ter eficiência na gestão de estoque, justamente para que o hospital siga as boas práticas, com pouco desperdício e um custo dentro dos padrões de mercado.” 

Para mostrar como essas operações são distintas na prática, Ricardo complementar destacando algumas das principais especificidades de cada tipo. E assim prossegue:

“As peculiaridades principais são a quantidade muito grande de itens a serem controlados dentro do estoque, com um cadastro de produtos extenso, e a seleção enorme de fornecedores – justamente pela quantidade de produtos que um hospital precisa para funcionar. Além disso, os hospitais têm uma particularidade bastante complexa: eles geralmente compram os produtos em grandes quantidades, em lotes, e precisam fazer uma unitarização do medicamento para que ele seja aplicado no paciente sem que o controle de estoque se perca. 

Pensando na pandemia, com um número muito grande de procedimentos sendo realizados ao mesmo tempo, o que consequentemente faz com que o estoque “gire” mais rápido, os controles de entrada, saída e movimentação interna de produtos precisam ser feitos corretamente, para evitar a ruptura em um momento de necessidade”, complementa o especialista da TEMP LOG.

Como as novas tecnologias têm contribuído com a logística farmacêutica?

Indo além dos desafios e particularidades operacionais da logística farmacêutica, Ricardo também nos conta sobre algumas soluções e inovações inerentes ao setor em específico.

“A utilização de softwares e equipamentos que otimizem os processos de armazenagem, fracionamento e distribuição traz inúmeras vantagens para todos os elos da cadeia logística. Quando bem aplicada, a automação garante ao operador logístico muito mais controle de informações, integração entre os processos, um melhor acompanhamento de carga e um estoque mais eficiente e inteligente. 

Na Temp Log sempre buscamos automatizar todos os processos, justamente porque temos a ciência de que quando alguma das etapas não ocorre de forma automatizada, as chances de falha se tornam maiores. Queremos que as conferências não sejam dependentes do olho humano. Com o computador fazendo as integrações e processamentos, a chance de algo assim acontecer é praticamente zero.”

Para exemplificar, o especialista ressalta algumas das vantagens práticas que essas ferramentas e métodos podem proporcionar às empresas de logística farmacêutica na prática.

“Além disso, temos uma diminuição grande de custos. A automatização dos processos faz com que o tempo despendido para a realização de cada tarefa seja muito menor. A redução de perdas de produtos e a refação de trabalhos por erros manuais também diminuem drasticamente. Por fim, os atrasos no cumprimento dos prazos são praticamente eliminados. Isso garante, a médio e longo prazo, um melhor custo-benefício.”

O que ainda pode mudar na logística farmacêutica no futuro próximo?

Hoje, mais como nunca, a logística farmacêutica tem ganhado destaque no mercado e se tornou fator essencial no combate à pandemia e, consequentemente, no retorno à normalidade da vida.

E como já esperado, novos desafios, normas e tendências passam a surgir diariamente para as empresas e instituições dedicadas a este setor.

E, para isso, Ricardo comenta o que tem se destacado mais nesse cenário, assim como o que se pode esperar daqui para frente.

“Temos acompanhado uma atuação mais forte e presente da Anvisa com relação ao monitoramento da temperatura, seja no armazém ou no transporte de produtos médicos. A Agência tem disponibilizado novas resoluções que obrigam todos os elos da cadeia, desde o fabricante ao operador logístico, a se adequarem para garantir à população que todos os medicamentos e produtos utilizados na saúde foram armazenados e transportados corretamente, de acordo com as boas práticas internacionais. Essa é uma tendência e acredito que nos próximos anos mais normas e fiscalizações vão ocorrer, para garantir que o consumidor tenha cada vez mais segurança.

Um exemplo disso é o chamado Sistema Nacional de Controle de Medicamentos (SNCM), que passa a valer em abril de 2022. A proposta é atribuir um código exclusivo à embalagem de cada medicamento, como se fosse um RG ou CPF, com cada produto tendo um número único. O processo começa, então, na indústria farmacêutica, que tem que fazer uma adaptação na linha de produção para poder registrar o número no produto através de um código 2D (DataMatrix GS1). Onde hoje, geralmente, é colocada apenas a informação do código do produto e lote, será incluída essa numeração exclusiva e outras informações como, validade, número do registro do produto na Anvisa e o GTIN (Número Global de Item Comercial). 

A ideia é que todas as empresas que estejam com a carga em mãos sejam abastecidas com todas as informações e sejam obrigadas a atualizar o sistema sempre que algo novo acontecer com o produto durante a movimentação. Cada unidade é rastreada em todos os elos da cadeia logística. E é aí que a vantagem desse novo processo fica clara: você elimina os riscos de fraude por meio de uma rastreabilidade completa, da produção ao cliente”, finaliza o especialista.

Esses são apenas alguns dos pontos mais essenciais sobre a logística farmacêutica e o seu papel crucial no combate à pandemia. E, como bem vimos ao longo deste artigo, são inúmeros os desafios e especificidades deste setor, o que o torna ainda mais particular e com uma demanda de serviços e cuidados estritamente especializados.

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