As obras da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) começaram a tomar forma em 2023. De acordo com um comunicado divulgado pelo Governo Federal em fevereiro, o primeiro trecho já foi aterrado e quase 8 mil toneladas de trilhos foram compradas.
A expectativa de investimento gira em torno de R$ 2,73 bilhões. A Fico terá, no total, 1.641 quilômetros de extensão divididos em três trechos:
- 383 quilômetros entre Mara Rosa, em Goiás, e Água Boa, no Mato Grosso;
- 505 quilômetros entre Água Boa e Lucas do Rio Verde, ambas cidades em Mato Grosso;
- 646 quilômetros entre Lucas do Rio Verde e Vilhena, em Rondônia.
Quando a Fico entrar em atividade, vai ser possível transportar as safras regionais para os portos de Santos, em São Paulo; Itaqui, no Maranhão; e Ilhéus, na Bahia. Ela vai conectar ainda o Vale do Araguaia e as ferrovias de Integração Norte-Sul e Oeste-Leste (Fiol).
Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a construção da ferrovia alcançou 29,78% de execução até outubro de 2024, com projeção de atingir 32% até o início de 2025. Esse é um avanço significativo em comparação aos 9,87% registrados no mesmo período do ano anterior.
Para entender mais, conversamos com o engenheiro civil José Manoel Ferreira Gonçalves, fundador da Frente Nacional Pela Volta das Ferrovias (FerroFrente).
Siga lendo para saber o que ele nos falou sobre este relevante projeto ferroviário!
A importância da integração da Ferrovia Centro-Oeste para o Brasil
O grande objetivo da construção da Ferrovia de Integração Centro-Oeste é promover o escoamento da produção dos estados situados na região Centro-Oeste do Brasil em direção aos grandes portos do País.
Dito isto, é possível afirmar que a Fico tem uma grande importância para todo o território brasileiro. Golçalves explica:
“Essa ferrovia Centro-Oeste ajudará na chamada multimodalidade, escoando produção agrícola e mineração para os portos do norte e nordeste, com isso aumentando nossa capacidade no mercado internacional com a redução dos preços dos produtos para o consumidor final.”
Principais investimentos da Ferrovia de Integração Centro-Oeste
O projeto da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) iniciou no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde então, obras vêm sendo realizadas em diferentes trechos. Em 2023, elas foram retomadas no mês de fevereiro com boas expectativas de término.
“Em fevereiro o primeiro trecho da Fico começou a tomar uma certa forma. Investimentos de cerca de R$ 2,80 bilhões, com expectativa de geração de mais de 4,6 mil postos de trabalho durante as obras e nos serviços relacionados ao empreendimento”, destacou Ferreira Gonçalves.
Expectativas para finalização das obras da FICO
Como explicado na abertura deste artigo, o projeto da Fico está dividido em três trechos diferentes que farão a ligação entre Goiás, Mato Grosso e Rondônia.
“O primeiro trecho, com 383 quilômetros de extensão, conectará Mara Rosa, em Goiás, a Água Boa, no Mato Grosso. Com isso a produção agrícola do Vale do Araguaia ficará conectada ao sistema ferroviário”, explica o engenheiro.
O segundo trecho, com cerca de 500 quilômetros, vai ligar Água Boa, no Mato Grosso a Lucas do Rio Verde, também no Mato Grosso. “Esse trecho fica exatamente na região norte do estado, que é uma das maiores produtoras de soja no Brasil”, informa o entrevistado.
Por fim, o terceiro trecho tem quase 650 quilômetros conectando Mato Grosso a Rondônia, mais exatamente de Lucas do Rio Verde (MT) a Vilhena (RO).
“Essa conexão vai juntar a região sul de Rondônia ao sistema para o transporte de combustíveis e produtos industriais”, ressalta o especialista da FerroFrente.
Integração da FICO com outras linhas ferroviárias
Na cidade goiana de Mara Rosa, a Ferrovia de Integração Centro-Oeste se conectará à Ferrovia de Integração Norte-Sul que vai de Anápolis até Açailândia, no Maranhão. Já na Bahia, a Fico encontrará a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol).
“A conexão do Vale do Araguaia com a Ferrovia Norte-Sul dará acesso ao escoamento da safra regional para o sudeste através do Porto de Santos, em São Paulo; para o Norte através de Itaqui, no Maranhão; e depois com a Bahia através de Ilhéus, ligando a Fico à Fiol”, comenta nosso entrevistado.
Ferreira Gonçalves também lembrou o projeto da construção da Ferrovia Transoceânica, uma ligação transcontinental que ligará a costa do Oceano Atlântico, no litoral do Brasil, ao Oceano Pacífico, no Peru.
“Vale destacar também que esse projeto da Ferrovia Transoceânica e a Fico deverá conectar o nosso litoral no Oceano Atlântico brasileiro ao litoral peruano no Oceano Pacífico favorecendo a conexão econômica com os países vizinhos aqui da América do Sul”, finaliza o convidado.
Avanços recentes e impactos
A FICO, que conecta o Centro-Oeste às principais ferrovias e portos do Brasil, promete transformar a região em um dos principais eixos logísticos do país.
Com um investimento previsto de R$ 2,73 bilhões, a ferrovia terá 1.641 quilômetros divididos em três trechos:
- 383 quilômetros entre Mara Rosa (GO) e Água Boa (MT): esse trecho inicial, que está em fase avançada de construção, será essencial para conectar o Vale do Araguaia ao sistema ferroviário nacional;
- 505 quilômetros entre Água Boa (MT) e Lucas do Rio Verde (MT): localizado em uma das regiões mais produtivas de soja do Brasil;
- 646 quilômetros entre Lucas do Rio Verde (MT) e Vilhena (RO): ligando a região sul de Rondônia ao sistema ferroviário para transporte de combustíveis e produtos industriais.
Até agora, mais de 244 quilômetros de terras foram desobstruídos, com outros 278 em processo de negociação.
Além disso, a obra mobiliza mais de 6 mil trabalhadores e realização de mutirões de conciliação para evitar judicializações e garantir o andamento do projeto.
Benefícios estratégicos da FICO
O diretor-geral da ANTT, Rafael Vitale, destacou que a ferrovia será um elo fundamental entre as regiões produtoras do Centro-Oeste e os portos de Santos (SP) e Itaqui (MA), promovendo uma revolução logística e aumentando a competitividade brasileira no mercado internacional.
Quando concluída, a FICO se integrará à Ferrovia Norte-Sul em Mara Rosa (GO) e à Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) na Bahia, criando um corredor logístico robusto que beneficiará tanto o mercado interno quanto as exportações.
Sustentabilidade e gestão ambiental
A FICO também tem se destacado pela gestão socioambiental responsável.
Foram implementados 23 programas socioambientais, além de rigorosos controles sobre 137 condicionantes ambientais.
Até o momento, 33 sítios arqueológicos foram identificados ao longo do traçado da ferrovia, dos quais 23 já foram resgatados, demonstrando compromisso com a preservação histórica.
Expectativas e próximos passos
O projeto segue com previsão de entrega para os próximos cinco anos.
Em 2025, espera-se atingir um marco fundamental com o avanço da superestrutura, incluindo a instalação de trilhos, dormentes e vagões.
Além disso, as obras de terraplenagem e construção de pontes estão sendo priorizadas para garantir a continuidade do cronograma.
Com uma infraestrutura moderna e de alta capacidade, a FICO não apenas promete abrir caminhos para o crescimento econômico, mas também representa um passo estratégico para colocar o Brasil em posição de destaque no comércio global, consolidando-se como um símbolo de integração nacional e progresso.
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