Com a chegada de um novo ano, as pessoas interessadas na área querem saber quais deverão ser os principais investimentos ferroviários em 2025.
Cumprindo o nosso papel de veículo que cobre as notícias do modal ferroviário, conversamos com Davi Barreto, diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF).
Em entrevista, Barreto detalhou os principais projetos previstos, os impactos econômicos e as metas de sustentabilidade que guiam os investimentos no setor. Acompanhe!
Investimentos para 2025 no setor ferroviário: previsão é de R$ 16,7 bilhões
Segundo Barreto, 2025 será um ano de expressivos investimentos no setor ferroviário, com foco na ampliação da infraestrutura e na modernização das operações.
“Os principais investimentos previstos estão vinculados às renovações dos contratos de concessão da Rumo Malha Paulista, Vale (EFC e EFVM) e MRS. Isso inclui aumentar a capacidade de transporte, reduzir os conflitos urbanos e superar gargalos logísticos,” afirmou Barreto.
Esses projetos beneficiarão principalmente São Paulo, Minas Gerais e Pará. Barreto destacou que, apenas para as concessões renovadas nesses estados, os investimentos somam R$ 10,4 bilhões.
“Além disso, há continuidade de obras estratégicas, como a construção da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), que conectará Goiás e Mato Grosso, com investimentos de R$ 2,5 bilhões para o próximo ano, e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), com previsão de R$ 835,5 milhões,” explicou o diretor.
Outras iniciativas incluem a extensão da Malha Norte, ligando Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, com investimentos de R$ 6 bilhões, e a construção da Transnordestina, que mobilizará R$ 7,9 bilhões.
Os impactos dos investimentos ferroviários na economia e na logística nacional
De acordo com o representante da ANTF, acredita-se que os investimentos a serem realizados impactaram de forma bastante positiva a infraestrutura logística do país.
“Os investimentos devem aumentar a malha ferroviária brasileira, garantindo um transporte mais barato, eficiente e de baixíssimo impacto ambiental — quando comparado com outros modos de transporte”, diz Barreto.
Além dos ganhos econômicos, o impacto nas comunidades locais também é relevante. “Os investimentos gerarão empregos, reduzirão conflitos urbanos e fortalecerão o desenvolvimento regional,” apontou o diretor-presidente.
Com o aumento da participação do transporte ferroviário na matriz logística, a expectativa é melhorar a competitividade do país.
“A modernização das ferrovias resultará em mais segurança e eficiência, ao mesmo tempo em que minimizamos os gargalos logísticos,” completou Barreto.
Parcerias público-privadas e avanços regulatórios no modal ferroviário
O setor ferroviário depende de uma colaboração efetiva entre os setores público e privado. Segundo Barreto, essa sinergia tem sido essencial para viabilizar os projetos em andamento.
“O Governo Federal tem dado suporte com a renovação antecipada de contratos de concessão e a criação da Secretaria Nacional do Transporte Ferroviário. A nova Lei das Ferrovias também foi um marco, promovendo avanços regulatórios importantes,” destacou o especialista.
O setor privado, por sua vez, responde com investimentos massivos. “Desde o início das concessões, já foram investidos R$ 173,2 bilhões, considerando a atualização pelo IPCA. Em 2023, tivemos o maior investimento nominal da história do setor, com mais de R$ 10 bilhões,” detalhou Barreto.
Metas de sustentabilidade e o futuro do setor ferroviário
Com uma matriz de transporte dominada pelo modal rodoviário, que representa 67,6% da logística nacional, o Brasil enfrenta desafios para reduzir emissões e promover a sustentabilidade.
Barreto acredita que o transporte ferroviário é essencial para superar esse cenário. Em suas palavras: “É fundamental aumentar a participação das ferrovias, que hoje representam apenas 21,5% do transporte de cargas. Isso contribui não só para a sustentabilidade, mas também para a eficiência logística,” argumentou.
Entre as estratégias discutidas, estão a inclusão de metas específicas para ferrovias nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Brasil e a priorização de investimentos no Fundo Clima.“Precisamos de um ambiente regulatório que incentive a inovação e a sustentabilidade no setor ferroviário. Isso inclui fomentar o uso de tecnologias limpas, como locomotivas híbridas, e o desenvolvimento de combustíveis alternativos, como o hidrogênio verde,” concluiu Barreto.
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