As concessionárias ou empresas públicas que administram as estações metroviárias precisam ser criativas ao buscar meios para diversificar os lucros.
Isso é importante para que o valor das passagens não seja a única fonte de renda das organizações metroviárias. Dessa forma, além de se tornarem mais lucrativas, essas empresas também podem investir mais no segmento, que é tão pouco explorado no Brasil.
Mestre e doutor em Administração, Davi Lucas Arruda de Araújo é professor da área de Logística do Senac São Paulo e conversou conosco sobre o tema. Leia a seguir!
Os benefícios da monetização diversificada para a sustentabilidade financeira e operacional de terminais e estações de metrô
"A monetização para os terminais e estações de metrô se faz necessária, uma vez que o Brasil deveria realizar mais investimentos no modal metroviário," explica Araújo.
Segundo ele, o sistema metroferroviário, além de ser uma opção viável para o transporte de cargas e pessoas em distâncias maiores, carece de uma maior alavancagem financeira e operacional.
Para Araújo, a chave está na geração de receitas além da venda de passagens e tarifas.
"Uma das saídas consiste em gerar recursos por meio de outras fontes de receitas que não se limitem apenas na compra de passagens e tarifas", afirma.
Isso incluiria a exploração de novos modelos de negócio em diversos segmentos, que podem ser integrados aos ambientes das estações e terminais.
De acordo com o professor, a inserção de atividades comerciais diversificadas nas estações não apenas amplia o leque de receitas, mas também aumenta o consumo e a geração de receitas adicionais.
Além dos benefícios financeiros, Araújo ressalta a importância dessa estratégia para a melhoria das condições operacionais do transporte público.
Entre as melhorias esperadas estão "mais trens disponíveis, mais conforto ao usuário, mais pontualidade no atendimento e mais modernidade no âmbito tecnológico a esse tipo de serviço."
As estratégias comumente utilizadas para gerar receitas em terminais e estações de metrô
Uma das estratégias mais visíveis para gerar receita em estações de metrô é o uso intensivo de publicidade.
Araújo exemplifica “[...] quando algum filme, série ou novela está prestes a estrear, é muito comum observar diversas ações de marketing". Isso inclui desde o envelopamento de trens com publicidade até a instalação de painéis com anúncios nas estações e vagões.
"Outra estratégia comumente utilizada para gerar receitas consiste na nomeação de determinadas estações como o nome de empresas," explica o Araújo. Estações como Higienópolis Mackenzie e Paulista Pernambucanas são exemplos notáveis dessa abordagem, onde a identidade da estação se mescla com a marca corporativa, fortalecendo a presença da empresa na região.
Além disso, o aluguel de espaços comerciais dentro das estações é outra fonte de receita significativa. Esses espaços são frequentemente ocupados por lojas de diversos segmentos, como alimentação, vestuário, telefonia, perfumaria, farmácias e livrarias.
"É muito comum em boa parte das estações observar diversas lojas dos mais variados segmentos," observa o especialista. A preferência por franquias nesses espaços se deve tanto à alta circulação de pessoas quanto à possibilidade de negociação de contratos mais vantajosos para o sistema metroviário.
Finalmente, as estações de metrô também se tornaram locais para eventos culturais e campanhas de saúde pública. “Shows, exposições culturais e campanhas desenvolvidas pelo sistema de saúde são exemplos de como esses espaços podem ser usados de forma criativa e benéfica para a comunidade”, diz Araújo.
Os desafios enfrentados para a implementação das ações de monetização nesses espaços
A implementação de estratégias de monetização em terminais e estações de metrô não é isenta de desafios.
Embora a monetização ofereça um potencial significativo para gerar receitas adicionais, existem barreiras que precisam ser superadas para garantir o sucesso dessas iniciativas.
"Um dos principais desafios para implementar as estratégias de monetização nesses espaços é apresentar propostas atrativas às empresas para que utilizem esses espaços para divulgação e ações comerciais," explica Araújo.
"Outro desafio é o fato de estabelecer parcerias que sejam vantajosas para ambos, com contratos menos predatórios para que a empresa se estabilize no local e que as ações comerciais sejam recorrentes," salienta o professor.
Isso implica em encontrar um equilíbrio entre os interesses comerciais e a sustentabilidade a longo prazo dessas parcerias.
A regulamentação também representa um obstáculo significativo, conforme detalha nosso entrevistado.
"Por mais que exista a Lei de Zoneamento e a regulamentação das prefeituras, esses contratos devem ser flexibilizados para garantir que o comerciante consiga ampliar o seu negócio e que o consumidor tenha a possibilidade de garantir a compra do produto ou serviço com valores acessíveis," acrescenta o especialista.
Exemplos de ações e tendências para o futuro
Questionado sobre exemplos de ações de monetização em estações metroviárias, Araújo destacou as publicidades feitas por produtoras de cinema e plataformas de streaming.
"Podemos citar ações comerciais muito interessantes como a do filme Barbie que tematizou alguns vagões dos trens com a cor rosa, bem como de filmes e séries pelas empresas Netflix, HBO, Amazon Prime Video e Globoplay que já tematizaram várias estações de trens nas cidades”, disse o doutor em Administração.
Em relação às tendências futuras, espera-se que as empresas explorem cada vez mais os espaços de grande circulação para divulgação de produtos e serviços. "A migração para anúncios e ações digitais vem se consolidando não apenas no ambiente físico, mas na utilização dos apps deste serviço," indica Araújo.
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