O modal rodoviário é o principal meio de transporte no Brasil, responsável por cerca de 65% das cargas movimentadas e quase 95% do transporte de passageiros, de acordo com a Pesquisa CNT de Rodovias (2024). Essa predominância reflete a abrangência do modal e sua importância para a economia e a sociedade.
Com uma malha rodoviária que ultrapassa 1,5 milhão de quilômetros, o país enfrenta desafios significativos relacionados à infraestrutura, já que apenas 12,4% das estradas são pavimentadas. Essa condição impacta diretamente a eficiência da gestão do transporte rodoviário, exigindo investimentos constantes para garantir o tráfego seguro e eficiente de pessoas e mercadorias.
O que é modal rodoviário?
O modal rodoviário é o transporte de mercadorias realizado por vias terrestres, utilizando veículos como caminhões, carretas e vans. É amplamente utilizado para atender demandas regionais, nacionais e até internacionais, devido à sua flexibilidade e abrangência.
Essa modalidade se destaca pela distribuição terrestre ágil e pela capacidade de alcançar áreas remotas, onde outros modais, como ferroviário ou aéreo, não chegam com facilidade. Por isso, o frete rodoviário é uma escolha frequente para diversas empresas.
História do transporte rodoviário no Brasil
A história do modal rodoviário no Brasil ganhou força nas décadas de 1950 e 1960, com o plano de desenvolvimento industrial que priorizou a construção de rodovias e o uso de veículos automotores. Desde então, o transporte terrestre se consolidou como a principal forma de logística no país.
Embora tenha impulsionado a economia, essa escolha deixou de lado o desenvolvimento de outros modais, como o ferroviário e o aquaviário. Hoje, o país enfrenta o desafio de modernizar sua infraestrutura viária para atender às crescentes demandas do setor.
Panorama do modal rodoviário no Brasil
O Brasil enfrenta desafios significativos em relação à infraestrutura do modal rodoviário, especialmente quando comparado a países vizinhos e nações de dimensões semelhantes. Com apenas 25,1 quilômetros de rodovias pavimentadas por mil quilômetros quadrados, o país está atrás de nações como Uruguai (43,9 km), Argentina (42,3 km) e Equador (31,4 km).
Além da baixa densidade rodoviária, a dependência do modal rodoviário no Brasil é elevada, sendo responsável por aproximadamente 65% do transporte de cargas no país.
Diferentemente de países como Austrália, onde o transporte rodoviário representa apenas 34% da matriz, ou os Estados Unidos, com 56%, o Brasil carece de um equilíbrio entre diferentes modais.
A expansão da malha pavimentada tem sido tímida ao longo dos anos, com um crescimento de apenas 2,2% entre 2013 e 2023, insuficiente para atender à crescente demanda logística e ao escoamento da produção nacional.
A região Sul do Brasil apresenta a maior densidade de rodovias pavimentadas, com 20,5 quilômetros por mil quilômetros quadrados, destacando-se como a área com a melhor infraestrutura rodoviária pavimentada do país.
Por outro lado, a região Norte, marcada por extensas áreas de conservação ambiental e baixa densidade populacional, possui apenas 2,7 quilômetros de rodovias pavimentadas por mil quilômetros quadrados, evidenciando a disparidade na oferta de infraestrutura entre as regiões brasileiras.
Por que o Brasil utiliza mais o transporte rodoviário?
A preferência pelo modal rodoviário no Brasil se deve à falta de investimento em outros modais, como ferrovias e hidrovias, e à flexibilidade que ele oferece para entregas em diferentes localidades, especialmente em áreas urbanas e rurais de difícil acesso.
Além disso, a ampla frota de caminhões e a facilidade de adaptação das rotas tornam o frete rodoviário uma solução prática para empresas que precisam de agilidade na entrega de mercadorias.
Quais são os meios de transporte rodoviário?
O modal rodoviário utiliza uma ampla variedade de veículos para transporte de cargas e pessoas. Os principais incluem:
- Semirreboque: É o veículo mais usado, responsável por 32% dos transportes rodoviários em 2020, segundo a Confederação Nacional do Transporte – CNT. Ele necessita de um caminhão trator para operar.
- Caminhão fixo: Com cabine e carroceria montadas no mesmo chassi, é ideal para diferentes cargas rodoviárias. Variantes incluem o VUC, caminhão toco, truck e carretas, que suportam maiores pesos.
- Bitrem: Combinação de dois semirreboques e um caminhão trator, com capacidade de até 42 toneladas.
- Cegonha: Usada para transportar veículos, é essencial para grandes volumes nesse segmento.
- Ônibus: Embora mais voltados ao transporte de passageiros, são indispensáveis no transporte público e intermunicipal.
Outros modelos específicos, como carretas baú, refrigeradas e porta-containers, ampliam a versatilidade do modal, atendendo a diversas necessidades logísticas.
Veja mais: Quais são os principais tipos de cargas no transporte rodoviário?
Comparação entre o modal rodoviário e outros modais de transporte
Comparado a modais como ferroviário, aéreo e marítimo, o modal rodoviário se destaca pela flexibilidade e acessibilidade. Ele permite entregas porta a porta com rapidez, mas apresenta custos mais altos e maior impacto ambiental em relação a opções como ferrovias.
Embora o transporte terrestre seja prático, sua dependência de uma infraestrutura viária eficiente é uma desvantagem em países como o Brasil, onde as condições das estradas podem ser um grande desafio logístico.
Vantagens do modal rodoviário
O modal rodoviário é o mais utilizado no Brasil devido à sua versatilidade e abrangência. Ele conecta pequenos e grandes centros urbanos, oferecendo soluções logísticas práticas para o transporte de mercadorias em diferentes volumes e condições. Veja suas principais vantagens:
Acessibilidade
O modal rodoviário é amplamente reconhecido pela sua acessibilidade, permitindo o transporte de mercadorias até localidades remotas onde outros modais não chegam, como áreas rurais ou de difícil acesso. Essa característica o torna indispensável para a distribuição terrestre.
Com uma extensa rede de rodovias e caminhões de carga que podem acessar praticamente qualquer ponto, ele atende com eficiência tanto pequenos quanto grandes centros urbanos, garantindo maior capilaridade na logística rodoviária brasileira.
Flexibilidade
A flexibilidade do modal rodoviário é uma de suas maiores vantagens. Ele possibilita alterações nas rotas e no planejamento de entregas de forma rápida, adaptando-se a imprevistos como bloqueios ou mudanças no cronograma.
Essa adaptabilidade é essencial para setores que demandam agilidade e eficiência, como o e-commerce, e assegura a continuidade do transporte de mercadorias em diferentes condições.
Custo mais baixo
O modal rodoviário apresenta custos iniciais mais baixos em comparação a outros modais, como o aéreo ou ferroviário, especialmente em percursos curtos ou médios. A flexibilidade no uso de veículos e a menor dependência de infraestrutura específica ajudam a reduzir despesas.
Além disso, o modelo de frete rodoviário possibilita negociações personalizadas, atendendo tanto pequenas quanto grandes empresas com soluções de transporte acessíveis e economicamente viáveis.
Rapidez
Em distâncias curtas e médias, o modal rodoviário destaca-se pela rapidez na entrega. Como o transporte é realizado diretamente entre origem e destino, evita processos burocráticos e intermediários comuns em outros modais.
Essa agilidade é especialmente importante para setores que necessitam de entregas rápidas, como alimentos perecíveis, medicamentos ou bens de consumo em alta demanda.
Capacidade de carga
O modal rodoviário oferece uma variedade de veículos que se adaptam a diferentes tipos e volumes de mercadorias, desde cargas leves até equipamentos industriais. Essa versatilidade permite atender demandas específicas com eficiência.
Além disso, a capacidade de transporte é ampliada pelo uso de carretas e caminhões com configurações especiais, como baús refrigerados ou plataformas extensíveis, que garantem maior segurança e qualidade no transporte.
Leia também: O que é carga fracionada, vantagens e desafios do formato
Desvantagens do modal rodoviário
Apesar das diversas vantagens, o modal rodoviário enfrenta desafios que impactam sua eficiência e competitividade. Problemas estruturais, custos variáveis e questões ambientais destacam as limitações desse modal tão utilizado no Brasil.
Congestionamento
Um dos maiores problemas enfrentados pelo modal rodoviário é o congestionamento em grandes cidades e rotas estratégicas. Isso causa atrasos e aumenta os custos operacionais, impactando diretamente a eficiência da logística.
Além disso, o tráfego intenso em certas rodovias pode gerar desgaste adicional nos veículos, resultando em despesas inesperadas para transportadoras e clientes.
Custos de manutenção
A manutenção de veículos no modal rodoviário é uma despesa significativa. Caminhões e carretas precisam de revisões frequentes devido ao desgaste causado por longas jornadas e pela qualidade variável das estradas brasileiras.
Também há o custo de manutenção das rodovias, que muitas vezes é repassado ao consumidor final por meio de pedágios ou tarifas mais altas, afetando a competitividade desse modal.
Impacto ambiental
O modal rodoviário é um dos maiores emissores de gases poluentes no setor de transporte, devido ao uso de combustíveis fósseis por caminhões e outros veículos de carga. Esse impacto ambiental tem levado empresas a buscarem soluções mais sustentáveis no transporte rodoviário.
A dependência do transporte terrestre também contribui para a degradação de infraestruturas viárias e a perda de biodiversidade em áreas próximas a estradas.
Confira: Ferrovias como método de descarbonização do transporte de cargas
Segurança
O transporte no modal rodoviário está sujeito a diversos riscos de segurança, incluindo roubos de carga, acidentes e condições climáticas adversas. Esses fatores aumentam os custos e podem comprometer a integridade das mercadorias transportadas.
A falta de fiscalização adequada e a precariedade em trechos de rodovias agravam esses problemas, tornando necessário maior investimento em tecnologias de rastreamento e monitoramento.
Variação de preços
Os custos do frete rodoviário podem variar consideravelmente devido ao aumento no preço de combustíveis, pedágios e outros fatores econômicos. Essa instabilidade dificulta o planejamento financeiro para empresas que dependem desse modal.
Além disso, a flutuação nos custos operacionais torna o transporte rodoviário menos previsível em comparação a modais como o ferroviário ou marítimo, que apresentam tarifas mais estáveis.
Desafios para o desenvolvimento do transporte rodoviário no Brasil
O Brasil ocupou posições abaixo das expectativas no Índice de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial, especialmente no que diz respeito à qualidade de suas rodovias, ficando em 93º lugar entre 141 países avaliados em 2019.
Nos subíndices de Conectividade de Rodovias e Qualidade da Infraestrutura Rodoviária, o país obteve as posições 69ª e 116ª, respectivamente. Esses números refletem os desafios enfrentados pelo setor, como, por exemplo, o custo adicional de US$ 62,50 por tonelada para o transporte de soja do Brasil até a China, em comparação com os concorrentes de Illinois, nos Estados Unidos.
Este cenário destaca a urgente necessidade de melhorias na infraestrutura rodoviária brasileira, uma questão frequentemente ressaltada pela Confederação Nacional do Transporte.
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